As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Tuesday 31 March 2009

Mares Que Só Se Sentem

Quantas vezes já me sentei a parei para sentir como estou. Saimos todos os dias de manhã cumprimentando todos que passam por nós. São raras as vezes que cumprimentamos o nosso ser, nós próprios, que sempre nos acompanhamos. Tantos heróis trágicos que têm um companheiro para a Viagem, mas até esses passam momentos sozinhos. E o que é estar sozinho, senão um encontro com nós mesmos? É uma missa religiosa que fazemos a nós próprios, muitas vezes para nos confessarmos, pedir conselho ou discutir algo que nos disseram e que nos marcou.

Na hora do jantar, só, pus-me a conversar comigo, a ouvir o que o meu corpo me dizia, o que o meu coração tinha visto que eu fingi não ver. Ouço água dentro de mim. Ouço corpos cá dentro a tomar banho de água quentes, relaxados, descansados e a brincar. Sinto os corpos a quererem sair para me abraçar, para dizer que me amam. Estou naquela parte da vida em que precisa mais de ouvir "amo-te" do que dizer. Para mim é demasiado fácil dizer que te amo, assumir o que quer que seja, porque afinal de contas, já não tenho nada a perder - ouço dizer de dentro de mim - porque preciso. Também ouço dizer que preciso, isso é verdade. Mas não sei o que é: se é amor, se é do passado, se é de avançar rápido para o futuro. Diz-me o mar que trago cá dentro que estou carente. E era disto que eu queria falar, era isto que eu queria dizer ao Mundo, era esta mensagem na garrafa que deu à costa que eu queria trazer à população.

Mas logo de seguida veio outra garrafa bater na areia da praia. Uma mensagem que não era para mim, mas que abri e li. Gostei do que li. Fez-me bem ler aquilo. E foi assim que o mar se voltou a agitar. Este mar de marés, que sobe e desce e, normalmente, por tão pouco. Haja piedade de nós seres que sentimos. Que ninguém domina este mar, que tantos já lá morreram, mas que pelo qual Portugal já deu novos Mundos ao Mundo. Que venha um onda e me leve com ela! Que apesar do meu signo, eu não sou peixe, eu sou um navegador e quero cair nas profundezas lutando por aquilo que defendo, como o Moby Dick.

O Homem é a Mulher. E a Mulher é a musa do Homem. Por isso, Mar, deixa as mulheres em Terra, não as leves, leva antes os homens, leva-me antes a mim!

More Than Medication

Monday 30 March 2009

Emily Bear

O Fantasma

Voltar aos amigos, às cores da nossa infância e aos mesmo cheiros do passado e descobrir que tudo mudou tirando aquilo que não mudou nada. Descobrir que as pessoas respiram como o Mundo, e como o Mundo envelhecem e se tornam pedras do chão, neste mundo de areia movediça. São os queixosos que lutam parados pela mesma coisa há anos, e há anos que são vencidos e sem saber porquê. São estas pessoas que abraçam o que lhes aparece, sem saber o que é, mas apenas porque nasceram para amar. "Apenas para amar"... Que glória poder reduzir isto a um "apenas".

Corro, e ando (mentira, eu nunca corro, eu cambaleio) por essas ruas que são tão minhas como as de qualquer estrangeiro. Passo pela praia que me marcou com esta - gosto de lhe chamar - "tatuagem branca" que trago no peito. Conduzo o carro da minha mãe, uma senhora que é cada vez mais senhora, uma mulher que é cada vez mais portuguesa. E o carro? O carro sou cada vez mais eu. Uma peça de maquinaria que nasceu para ser melhorada, para melhorar o bem estar do povo. É o palhaço que não ri.

Vêm os meus amigos, as minhas amigas, os que me ofereceram cama, as que se deitaram comigo, e abraçam-me ao de leve. Tanto tempo fora, e tanta leveza naqueles abraços. É falta de força? Não. É porque eu já morri. Eu sou um fantasma. Eles já só têm memórias de mim, cada vez que apareço estou mais diferente, eles lembram-se de um Carlitos que eu já me esqueci. Há uma falha no tempo.

Qualquer herói ter-se-ia revoltado, teria tentado ressuscitar este Messias que ainda não parou de sofrer. Mas eu tenho já o vôo de regresso marcado para daqui a uma semana. O vôo para continuar esta viagem de sofrimento.

E avó e mãe, mulheres de Portugal, que limpem essas lágrimas que sofrer já não dói e este caminho é uma descida para o submundo. "A descer todos os santos ajudam". E o Fantasma desce, solitário na sua rebeldia, mas apaixonado na sua caminhada.

Tejo

Mulheres que já vão viúvas para a Igreja.
Mulheres que se vistam de preto e de mágoa.
Mulheres que reguem os riachos e o Tejo.
E o Tejo que continue a desaguar no Atlântico,
Que nunca secará
Enquanto as nossas mulheres forem vivas.

Monday 9 March 2009

Parabéns


Mais um Nove de Marco, e o segundo sem cedilha.

Monday 2 March 2009

"Quando for grande quero voltar a ser criança."