As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Monday, 30 March 2009

O Fantasma

Voltar aos amigos, às cores da nossa infância e aos mesmo cheiros do passado e descobrir que tudo mudou tirando aquilo que não mudou nada. Descobrir que as pessoas respiram como o Mundo, e como o Mundo envelhecem e se tornam pedras do chão, neste mundo de areia movediça. São os queixosos que lutam parados pela mesma coisa há anos, e há anos que são vencidos e sem saber porquê. São estas pessoas que abraçam o que lhes aparece, sem saber o que é, mas apenas porque nasceram para amar. "Apenas para amar"... Que glória poder reduzir isto a um "apenas".

Corro, e ando (mentira, eu nunca corro, eu cambaleio) por essas ruas que são tão minhas como as de qualquer estrangeiro. Passo pela praia que me marcou com esta - gosto de lhe chamar - "tatuagem branca" que trago no peito. Conduzo o carro da minha mãe, uma senhora que é cada vez mais senhora, uma mulher que é cada vez mais portuguesa. E o carro? O carro sou cada vez mais eu. Uma peça de maquinaria que nasceu para ser melhorada, para melhorar o bem estar do povo. É o palhaço que não ri.

Vêm os meus amigos, as minhas amigas, os que me ofereceram cama, as que se deitaram comigo, e abraçam-me ao de leve. Tanto tempo fora, e tanta leveza naqueles abraços. É falta de força? Não. É porque eu já morri. Eu sou um fantasma. Eles já só têm memórias de mim, cada vez que apareço estou mais diferente, eles lembram-se de um Carlitos que eu já me esqueci. Há uma falha no tempo.

Qualquer herói ter-se-ia revoltado, teria tentado ressuscitar este Messias que ainda não parou de sofrer. Mas eu tenho já o vôo de regresso marcado para daqui a uma semana. O vôo para continuar esta viagem de sofrimento.

E avó e mãe, mulheres de Portugal, que limpem essas lágrimas que sofrer já não dói e este caminho é uma descida para o submundo. "A descer todos os santos ajudam". E o Fantasma desce, solitário na sua rebeldia, mas apaixonado na sua caminhada.

1 comment:

Teresa Raquel said...

sublime.
Vais voltar????????????????? Let me know then please!