As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Tuesday 23 June 2009

Chaves que abrem caminhos

Ha coisa de tres anos, a passear nas ruas da minha Cascais, encontrei umas chaves de um carro no chao. Eu estava com um amigo. Nao demorou muito tempo ate eu encontrar a que carro aquelas chaves pertenciam, tentando todas as portas, e sempre com o olho sobre o ombro com medo que alguem nos visse a fazer algo de errado, nos que so queriamos ajudar. Encontramos o carro, claro. Um carro modesto, mas que por pecas ainda se fazia bom dinheiro, especialmente quando se e estudante. Eu so queria um bocado de papel para deixar na parte de dentro do para-brisas com o meu numero de telefone, ja que do lado de fora podia voar e o dono ficaria sem saber como encontrar a chave.

Nesse instante um senhor vinha a subir a rua a olhar para o chao, muito atentamente, em direccao a nos. Ele procurava as suas chaves, obviamente, ao que eu perguntei "Esta a procura disto" e ele respondeu "Sim". Por questoes diplomaticas, ele mostrou-me tudo o que tinha na carteira comprovando que era o dono. Mas pelo o olhar e entusiasmo dele, eu ja sabia que o carro era dele. Somos pessoas dificeis de enganar, mas faceis de convencer e confiar.

Ele levou-me para um cafe, aquele aonde existe a Carta de Foral de Cascais (uma pequena raridade historica que so alguns locais sabem) e pagou-me uma Coca-cola. A mim e ao meu amigo. Depois entramos numa conversa masculina, aonde ele me explicou que costumava parar o carro naquele sitio muitas vezes, pois trabalhava ali nas redondezas e costumava ir ao restaurante Indiano e frente. Aparentemente, o picante do caril da sede e se houver vinho verde, nao ha mulher que resista. E assim todos os homens ficam bonitos.

Isto tudo entre muitas outras coisas que aprendi, coisas que so se aprendem na escola da vida. Quando encontrei aquelas chaves, sabia que o meu dia estava ganho - nao porque eu o roubaria ou faria qualquer tipo de chantagem com o dono, mas porque sabia que haveria um sentimento de gratidao que precisava de ser saciado.

Ora, nos nao somos tolos, e sabemos perfeitamente que nem toda a gente se sente obrigada em retribuir, mas mesmo assim continuaremos a fazer pequenos gestos simpaticos como este. E, se tudo correr bem, havera alguem a dizer que nao somos tolos. Se calhar ate somos. Deixem-nos ser tolos e que o Mundo seja tolo connosco.

1 comment:

Tony said...

Deu-me a nostalgia, agora =) . Lembro-me muito bem disto.

Um abraço.