As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Sunday 30 November 2008

Faz das tuas pernas um colar 'a volta do meu pescoço e deixa-te levar.

Saturday 29 November 2008

Salário

A melhor coisa que uma pessoa pode receber é amor, sexo, carinho. É o saciar da fome que todos têm. Não é mau nem feio pagar com a carne do corpo por um serviço. Por uma pessoa receber a amizade de outra, o carinho e atenção, sente-se muitas vezes com vontade de pagar com algo que lhe é ouro, e que muito pouca gente - o corpo. O corpo é aquela raridade de tecido que a mulher sonha, fa-la sentir calor, desejo e carinho. Faz o seu útero dizer-lhe que é mulher e que quer ser mãe. A mulher quer ser mãe, quer dar Mundos ao Mundo - e só ela tem esse poder. Vive no seu negativismo atraindo tudo o que é positivo e gosta de se expandir - o homem.

Num acto artístico, uma mulher gorda lê uma história a um grupo de amigos. Os seus lábios transformam-se em sabor, as suas pernas carnudas em tecido suave, tal como o seu peito e ventre se transformam em cheiro. As hormonas desse grupo de rapazes que a ouvem fazem-nos deambular num transe de desejo e vagueamento. Antes de acabarem de ouvir a história - que para todos os efeitos está a ser consumida pelo ritmo da respiração de todos, que agora parece desesperá-los - sabem eles muito bem qual seria a melhor forma de retribuir tais sentimentos... libertar. As raparigas que ouvem a história notam o comportamento irregular dos rapazes, que só é ignorado por esta gorda que lê, concentrada em concentrar. As raparigas começam a sentir-se mulheres, deixando com que a respiração acelere também, deixando-se hipnotizar pelos corpos transpirados que olham fixamente para a gorda, fazendo-as sentir desprezadas e ateando ainda mais os desejos que agora começam a ter.

As raparigas começam a desapertar as blusas, enquanto que os seus úteros vão libertando pequenas gotas de vontade. Os rapazes, por sua vez, ficam com os lábios secos e sentem a zona pélvica a mudar a maneira como estão sentados. Como num quadro a altas temperaturas que começa a escorrer a tinta, este grupo de jovens começa a decompor-se, derretendo nas suas cadeiras, enquanto a mulher gorda vai lendo submersa de forma poética aquilo que tem à sua frente. Se o tempo não existisse, estes corpos teriam sido transformados em verdadeiros bonecos de plasticina para plasticina, para água, para matéria, para ar, para um gaz com reacções químicas com tendências a explodir.

A mulher acabou de ler e pousou o livro. A nuvem hipnótica desapareceu subitamente e as pessoas recomposeram-se. A mulher gorda recebe o seu salário em dinheiro. E os jovens não dizem nada do que sentiram, porque neste mundo não é assim que se paga.

O meu duplo

Ouço uma voz lá fora que me chama pelo primeiro nome. O meu primeiro nome não me pertence, nunca me pertenceu. Foi o nome que o meu pai regateou com a minha mãe em homenagem de alguém que lhe era muito especial. E foi assim que vim cá parar, cá dentro, para trazer de volta um grande homem que eu nunca conheci. Sou a sombra desse homem. Esse homem, também ele Carlos, não o odiei, nem nunca quis ser como ele: mas certamente invejei e invejo a sua unicidade. A sua voz deveria ter sido um apoio, um consolo em vida, mas nestes últimos poucos anos tornou-se em silêncio, num silêncio insurdecedor que me tormenta cada vez que alguém me chama.

Ouço uma voz lá fora que me chama pelo primeiro nome. Através da janela vejo nevoeiro, vejo nuvens que rastejam-se pelo solo e tentam penetrar em casa, nesta sala, neste espaço, dentro de mim, dentro do meu coração. No entanto, apenas nevoeiro e sombras vejo e nada mais. A voz continua a chamar-me. Chama-me como se eu fosse alguém muito especial, como se eu fosse adorado. Encantador é o significado que esta voz dá ao meu nome, a este nome que carrego como penitência, e que agora se mostra como dádiva.

Olho para a porta e antes de a olhar, sei que em breves momentos ela estará aberta pelas minhas próprias mãos, e estarei a olhar para ele, para a pessoa a quem este nome pertence. Não me restam alternativas senão abrir esta porta... esta porta que nunca abri e que vai ser aberta pela primeira vez de uma perspectiva que eu ainda não tinha experimentado - doutra percepção.

Arrasta-se o sofá e vira-se-lo de forma a ficar de frente para porta, ainda que a alguma distância. Sento-me no sofá e deixo o meu corpo ser devorado pelo sofá que me devora todo o peso do corpo. Pego no comando com a minha mão, aponto para a porta e carrego no botão que faz a porta abrir. Um silêncio até que a porta se abre.

Entraram nevoeiro, o espírito do meu nome, cães, amor e dor. Oh, quanta dor entrou. Despedaçado, voltei a carregar no botão que nas primeiras vezes não fez a porta fechar-se. Continuei a ser chicoteado pelo nome que de tanto me bater, acabou por me pertencer. Não por direito, mas por me ter agredido, ver chorar e implorar, conheceu-me enquanto ser selvagem - melhor do que ninguém - e a quem agora pertenço. Finalmente a porta fechou-se.

Apesar da porta ter fechado e todos terem saído, houve coisas que ficaram para trás. Para além do mais, fraco como sou, nada me impede de voltar a abrir a porta outra vez um destes dias... só para eu ter um pouco de companhia e, talvez, perceber porque é que me chamo Carlos.

Friday 28 November 2008

Porquê escrever?

Começas a escrever sempre de uma forma ou de outra pela vontade e nunca sabes como vais acabar o texto. Dizes que segues o teu instinto, pensas que isso te vai fazer bem, e metes aquilo que escreves em paredes que sabes que ninguém que realmente te conheça possa ler. Falas uma língua que não entendes, e exprimes-te nela, cometendo erros sobre ti e acabas por te descrever como algo que não querias que fosse - isso leva-te à ideia inicial de "porquê escrever?".

Dás contigo a beijar o teu próprio corpo, a perder o domínio do que dizes, a masturbares-te - não pelos outros, mas por ti - e gostas. Apresentas a tua intimidade a quem não te conhece e és julgado por teres os mesmos desejos que todos. Amas-te e odeias-te ao mesmo tempo. Amas-te quando te fazem lembrar o quão especial és para mim e odeias quando todos te dizem que eu para ti não sou nada - e eu que nunca contradigo. Deixas-te jogar neste jogo do seguir o teu instinto, quando o teu instinto sou eu e só eu é que tenho a resposta, só eu é que te posso fazer mudar. Usas o verbo "amar" e "odeiar" nestes teus textos como se fossem meras palavras. São meras palavras no teu insconsciente, eu sei, eles sabem, porque também são no nosso. Mas tu sabes demais para a tua reputação, não podes afirmar tais coisas com tal liberdade.

Voa um pássaro, que de uma árvore se liberta para o céu. O pássaro cai atingido por um caçador. Aquilo que para ti é crime, para outros é necessidade. Vives num Mundo aonde não podes vencer, por eles serem demasiados contra ti, contra os teus sentimentos, contra as tuas pernas húmidas pelos meus dedos nelas, contra a tua fraqueza que aqui se liberta.

Começas a escrever - dizes tu que é instinto - mas nunca sabes aonde vais parar. O tempo não é uma força maior para ti, nem para ninguém tanto ignoísta como tu, que prefere escrever sobre si primeiro, antes de escrever sobre os outros. E os outros não são para serem escritos, mas falados, mal-falados, mal-fadados. Os outros têm de ser odiados por te odeiarem também. Mas tu, sem saberes, és mais forte do que isso e segues em frente.

"Para quê escrever?" - hás-de continuar a perguntar. E quando te queres livrar de ti procuras-me. Procuras-me a mim ou outro alguém que te faça sentir bem. Não lhe chamas alma gémea, porque o teu orgulho é mais forte que a vontade que tu tens de agradecer, de dizer obrigado por tudo - de fazeres amor. Porque tens um espelho apontado para ti, quando fazes amor com essa pessoa. Não te preocupa essa pessoa, nem o espelho, mas tu sabes que há gente atrás desse espelho - e é dessa gente que tu tens medo. E quem são eles? São eles os teus pais? Aqueles que se dizem tem amigos? Ou aqueles que te invejam e te querem destruir? São todos eles e muito menos - és tu. És tu que te vês atrás do espelho. És tu que te vês atrás do espelho. Tu és o teu espelho. Tu és o teu duplo.

Porquê escrever?


Porque se não for em letras, em palavras, em frases que podem ser usadas por qualquer pessoa porque esta língua não é minha, mas de toda a gente, não será de outra maneira. A tua voz, ainda que seja na língua, idioma, dialecto que te apetecer, será sempre tua. O teu movimento, por mais que dances e te contorças, virá sempre desse corpo que te foi dado e que agora é a tua imagem, a tua cara. E lá estás tu, continuas sem responder.

Porquê em escrita, então?
Porque é a única maneira de te exprimires sem teres de assinar.

Eu

Quem é esta mulher com quem faço amor?
Como é que ela sabe o meu nome?
Que corpo é este e porque está ela a acariciá-lo?
Quem pôs o espelho aqui para nos vermos?

Fui eu, fui eu, fui eu. Fui sempre eu.

Wednesday 26 November 2008

Branagh nao gosta de mim

Estive la ontem outra vez, e mais uma vez, fiquei um lugar atras da ultima pessoa a ter bilhete. Ainda apareceu um fulano a vender bilhetes, mas como eu vim preparado para pagar em cartao, nao tinha o cash... As pessoas atras de mim ficaram com os bilhetes dele.


Sendo assim, sozinho desta vez, la fui eu outra vez a procura de uma sala de espectaculo. Resolvi por ir por outro caminho.


Resumindo e concluindo, acabei por ver os "Les Miserables". Oh, triste de mim, que miseravel sou.


Monday 24 November 2008

Auto-retrato de Deus

Na aula, as crianças fazem um desenho.
Um mais agitado, está agora calmo e concentrado.
A professora pergunta-lhe de onde vem tal empenho.
O menino responde sem ter sequer começado:
"Vou desenhar Deus no parque a brincar."
"Se ele nunca foi visto, como é que o podes desenhar?"
Perguntou a professora que curiosa queria perceber.
A criança respondeu: "Quando eu acabar, vão poder ver."

Sábado, 22 de Setembro 2008

Sábado à tarde, quero ir ao West End ver o Kenneth Branagh no Donmar, no espectáculo Ivanov (Tchekov) na nova versão do Tom Stoppard.
O Kenneth Branagh para mim é um ídolo, fez o Hamlet pela Royal Shakespeare Company com apenas 18 anos - eu não estava lá para ver, mas vi o filme "Hamlet" que ele dirigiu e protagonizou anos mais tarde. O Sir Tom Stoppard é checo, mas veio para Inglaterra nos seus vinte anos e agora é um dos dramaturgos mais conceituados no Mundo - a rainha gostou dele e nomeou-o cavaleiro da corte. O Tchekov é um bacano. O West End é uma zona do tamanho do Bairro Alto, Princípe Real e Rossio, só com teatros - os mais conceituados do Mundo com os espectáculos, dos mais comerciais aos mais recomendados pela qualidade artística. Nisto, há um (alguns) problema(s): os bilhetes estão esgotados há um mês, o espectáculo sai de cena no próximo fim-de-semana, os bilhetes andam à volta das 30 libras e os mais baratos são em pé por £10. Mas eu quero ver o Kenneth Branagh, na mesma, por isso mando uma mensagem ao Stuart que disse que queria ver também e, apesar das condições, ele aceita encontrar-se comigo às 17:30 - de acordo com o relógio da estação, ele chegou a correr, exactamente às 17:30:37, a pedir desculpas pelo atraso. Este é o típico inglês, pontual e bem-educado. E se acham que isto é que é pontualidade, que é feito do português que estava lá às 17:18? (risos) Ok, voltando à história.

Eu não sou propriamente um gajo rico, nunca fui, e agora que já me mentalizei dos meus limites, resta-me usar a astúcia para conseguir o que quero com os recursos que tenho. O metro ida e volta de Debden para Leicester Square é cerca de 11 libras. Pois, está bem - é nestas alturas que se vê quem é que é português. Tenho ainda a alternativa de comprar um bilhete de criança por 2 libras, se eu for apanhado, levo multa na mesma; mais vale ir "ao pica". Passo o portão das bicicletas para dentro da estação, sem passar qualquer título de transporte, e temos o Balbino a andar no metro de Londres à pala (é nestas alturas que tenho orgulho de mim).

Entramos no metro, eu e o Stuart, e começamos a conversar sobre teatro, espectáculos, de onde vimos, o que procuramos em Londres e o que sabemos sobre o Kenneth Branagh. Eu e o Stuart não nos conhecemos muito bem, mas andamos na mesma escola - apesar de ele ser BA Acting e eu BA Contemporary Theatre, numa escola onde não há competição; mas simbiose - e somos os dois gajos muita bacanos. Lá estou eu a dizer a falar de Descartes, Nietzsche, Stanislavski e Grotowski, e ele a falar da namorada que deixou em Cambrige e que quer levar a ver o Phantom of The Opera. Como eu já fui ver o Phantom com a minha, dou-lhe algumas dicas: "It's a very glamourous show, with a huge cast, however the theatre has 1200 seats and we got the very back ones, on the very last row, miles from the stage - you don't wanna do that. But it's a great concert, the performers are very good - she will love it, she won't forget it."

Em Holborn, trocamos da Central line para a Piccadilly line, para sairmos em Leicester Square, onde o Mr. Branagh está-se a maquiar para nós. Aos sairmos do metro, na mudança de linhas, o Stuart vira-se: "Fuck! I left my hat in the train. I've already lost it once and had to buy it again, a year ago. FUCK!". Pronto, lá estou eu a lembrar-me se o vi com o chapéu ou não. Ele tem a certeza que o trouxe, eu nem por isso. Entramos no segundo metro, e saímos na primeira paragem. Ele diz que tem de ir aos perdidos achados e eu estou preocupado em sair atrás de alguém, sem ser visto pelos seguranças que ficam plantados nas portas do metro. Vejo a polícia, que está a dar informações - óptimo! - e sem ela reparar, estou cá fora, a andar em direcção a ela para pedir informações. Ela manda-nos para outro sítio e o Stuart parte-se a rir: "You crazy, you've just hid from her, and on the very next moment you're asking her for help. Carlos, you're crazy!" Pois está bem, mas não sou eu que mete pulseiras flourescentes nos atacadores, para eles brilharem quando estou a dançar na disco. Lá vamos às informações, e a bacana dá um panfleto ao Stuart com os horários de funcionamento do serviço de perdidos e achados, que é de Segunda a Sexta - típico - e hoje é Sábado. Seguimos em direcção ao Teatro que é mesmo na saída do metro, e alinhamos na bicha das desistências, porque não há mesmo nenhum bilhete de sobra, nem os de 10 libras em pé. Nisto, a bicha vai aumentando, e temos duas americanas a tentarem meter conversa connosco com cenas do género "Have you got a lighter?" (com aquele sotaque americano...) e a juntarem-se a nós, porque têm medinho de um bêbado sem dentes, a falar um cockney brutal, a meter-se com todos os que passam. Pois está bem, não viemos para o engate, hoje sou do senhor Branagh.

Ficámos uma hora a fila, ao frio e vimos de tudo. Vimos uma mulher com um sotaque muito posh virar-se para o bêbado "Will you please stop? Stop! Go home! Leave people alone!", chamou a polícia - foi fazer queixinhas a senhora. Eu só pensava: "Quem é que ela se julga? O que é que ela ganha em fazer queixinhas e seguir à sua vida, enquanto o homem é que fica enrascado?". Partilho os meus pensamentos com o Stuart que diz: "The streets belong to the people, she has a right to be here." e eu: "And so does he.", e ele: "Yeah...". Nisto uma pessoa à nossa frente sai da fila e vai-se embora, e eu grito de felicidade: "Yeah! Who else? Anyone?" Risos tímidos de uma sociedade de tabus. A seguir, surgem 6 motas com luzinhas (polícia) que bloquiam a estrada. A seguir à rua bloqueada, vem uma carrinha que estende uma fita branca, como que a limitar algum tipo de percurso. Depois vêm cameras montadas em carros, e uma parada de mulheres reclamando os seus direitos, com cartazes e roupas berrantes, e alguns homens - das duas uma: ou eles estavam perdidos, ou sabiam muito bem o que estavam a fazer... Atrás uma carrinha com polícia. Nisto é 19:30 e o espectáculo está a começar, finalmente chega a nossa vez. Os "simpáticos" da bilheteira disseram que as duas pessoas à nossa frente levaram os últimos bilhetes. "I can't believe this..." Nisto surge um senhor que diz: "I've got a spare one, but only one." O Stuart sabe que eu gosto do Kenneth: "Go on, Carlos, you have it." Mas o meu sangue falou mais alto: "Fuck it, mate. Let's have a look around and see if we find any other show starting at 20:00." Viro-me para a fila de gente e digo: "Ladies, there is a spare ticket, you go and have it, we're bailing." E nisto vamos a correr em direcção a Leicester Square, deixando para trás duas velhas a discutir quem é que estava à frente de quem na fila, em outras palavras, quem é que vai ver o espectáculo e quem é que não vai, ou seja, quem é que vai quebrar as barreiras de uma sociedade bem-educada e fazer o maior chinfrim no foyer de um dos teatros mais conceituados de Londres. Eu riu-me.

E ali estamos nós, a 20 minutos do próximo possível espectáculo, que ainda nem sabemos aonde é. A corrida contra o tempo. A chegar a Leicester Square, dou as alternativas ao Stuart: "There's the Prince Charles Cinema for 1.50 a ticket, and the other famous ones like Odeon, in this Square." Ele: "Nah, man, fuck cinema. We can go to the cinema anytime we want, let's see some theatre." Eu: "Alright, let's go towards Piccadilly Circus, I know some theatres there" Chegamos ao Prince of Wales, digo: "Here is Mamma Mia, but I've seen it..." Olho para a rua de cima e vejo o Cartaz do Billy Eliot: "Stewie, do wanna try Billy Eliot?", ele com um granda sorriso: "Yeah, man, let's do it." Chegamos lá, a correr, e estava fechado, porque afinal era uma agência de venda de bilhetes. Olhamos para o fim da rua e vemos outro teatro: "Let's try that one!" Chegamos à esquina aonde estávamos, e antes de vermos o nome do espectáculo, do outro lado da rua saltam as palavras: "Josh Hartnett" no espectáculo "Rain Man". Siga!! Entramos e eu avanço para a bilheteira: "Do you have any spare tickets for tonight?" a bifa: "Sorry, but the show has already started". Eu: "Alright, do you know any theatre around here with a show starting at 8?" a bifa: "You have to ask them." Não faço mais nada: "Thank you very much, that's very kind." E mando-a para a Inquisição Espanhola com um olhar de Morte... MUAHAHAHA! Voltamos loucos às ruas. "Eddie Izzard" - o tempo parou. Eddie Izzard, atrás daquelas portas a dar um espectáculo. "Hey, Stuart, let's go for Eddie. I love the man." Stuart: "No, man, I'm not in a stand-up comedy mood. The guy is a bit full of himself, he annoys me.", e eu: "He is God, but never mind, you are right: we came to see some theatre and that is what we are going to do." E corremos pela rua fora. Mais luzes: "Piccadilly Theatre". Em sprint até ao final da rua, chegamos ao Piccadilly Theatre. "Grease". "No, nooooooooo! Fuck, noooooo! Not GREASE!!!! I know, man, let's go back the Piccadilly Circus Square." Dobramos a esquina e ao mesmo tempo dizemos: "There!".

Corremos para o Criterion Theatre, o espectáculo começava em 15 minutos, bilhetes a 15 libras para os estudantes (treat!), qual é o espectáculo em cena? " '39 steps", uma versão de palco do filme do Hitchcock. Eu digo: "Fuck!" O Stuart: "What? What is it?" Eu: "I bought this Hitchcock's collection and probably I have this film, although I haven't seen it though. Now, I could know what this is all about... But it's ok, 'cuz now I can focus on the show itself, and then I get to see the film in a different perspective." Lá estou a querer saber mais. Mas na entrada do teatro Criterion dizia: "Winner 2 Tony Awards 08, Best New Comedy Olivier Award 07" - o espectáculo tinha que ser bom. O gajo da bilheteira vendeu-nos dois bilhetes com "stlightly ristricted view".Eu ali estranhei logo... Começo logo a pensar noutras alternativas, porque depois daquela do Phantom of the Opera, onde da última fila só se vêm formigas e chinesas a rir o espectáculo todo, não e voltam a apanhar. Eu sabia que havia mais espectáculos no final da rua, o Phantom e isso. Mas aceitámos o desafio, porque eu tinha um plano em manga. Acabámos atrás de um poste, por sermos estudantes. "Bloody Bastard!" Eu tiro uma foto do lugar aonde estamos (senão ninguém acredita) e lá vem uma fulana mandar vir - eu já sabia que alguém vinha reclamar, mas carregar no botão é sempre mais rápido e eles não são gente para confiscar cameras. Vimos a primeira metade do espectáculo, eu inclinado para cima da mulher do meu lado esquerdo, o Stewie sentou-se nas escadas, porque nem inclinado ele via. Mal acaba a primeira parte, desce o pano de ferro de pano, lá vão os ingleses buscar o seu copinho de gelado, e era a altura perfeita para pôr o meu plano em prática. Eu já tinha andado a mirar os lugares vagos, porque apesar do teatro estar cheio, se nós conseguimos bilhetes 10 minutos antes daquilo começar, de certeza que é porque eles não estavam lotados nem poderiam ficar, nos últimos 8... Por isso, teria de existir outros lugares, lugares com melhor vista. Viémos parar aqui (e vai mais uma fotografia):



Muito mais agradavel...



Acabado o espectáculo, levo o Stewie ao Her Majesty's Theatre, logo ao virar da esquina, onde o Phantom of The Opera está em cena há mais de vinte anos. Estamos em passeio, já vimos Teatro, mas quero mostrar a plateia e os seis andares de balcões, para que ele possa comprar o melhor bilhete para a namorada. O espectáculo tinha acabado de acabar (risos... "acabado de acabar"), mas eu já conheço os ingleses: "Posso ver a platéia?" "Não". Mas eu não ia cair nesse erro... Por isso: "Sorry, I've lost my wallet. Is there any chance we can look for it." ela: "Yeh, where were you sat?" Eu já a pensar que me ia pedir o bilhete para ver o número e começo a pensar a pensar em dizer a verdade, e o desespero que é ver a platéia. Eu já fiz isto antes, e é aqui que os egoístas se dão ao privilégio de dizer que não, como já me foi feito antes. E, num instinto de "pensa que estás numa impro" e digo: "Can I show you my seat?" e entro no Her Majesty's Theatre à calão. A mulher segue-me logo, o Stewie hesita, mas em passos curtos vai entrando e começa olhar para o interior do teatro, o fosso de orchestra, o próscénio, etc... Nisto, estou a olhar para o chão, na primeira fila do segundo anel, arrastando a mulher comigo que também olhava para o chão. Com ela a olhar para o chão faço sinal ao Stewie que também já estava a entrar na minha brincadeira e a distrair-se com aquela situação fictícia e com os lábios mudos e apontando para cima digo: "Look up". Ainda ficámos uns dois minutos à procura da carteira que tinha no bolso. Depois saímos, e levámos os panfletos para ele ver os preços e lugares, para preparar a noite com a namorada.

Ainda fomos ao Trocadero jogar nas máquinas, ele experimentou o Black Jack e ganhou £1.50, e antes de ficar viciado arrastei-o dali para fora. Fomos comprar umas sandes e lá voltei eu à aventura do entrar no metro sem ser visto pelos seguranças. O metro estava a abarrotar, mas a viagem era longa e nós sabíamos que mais tarde ou mais cedo as pessoas iam saindo e já nos poderíamos sentar. Lá para Stratford, uma gótica começa-se a meter connosco, completamente besana mais os amigos, a comer a alface da minha sandes. Ela saiu e outras três sentam-se à volta do Stewie a comer o Twix que eu lhe dei e uma delas a atirar-se subtilmente... quando sairam ouvimos: "He was FIT!"... Pitas. Chegámos a Dedben, toca de saltar a porta das bicicletas, dizer adeus ao Stewie e andar para casa . Na rua de casa, ouço a voz da Chloe e decido fazer-lhe uma visita. Estava ela, o Ray, o Jonny, a Robyn e o nosso amigo dela Eddie a fumar erva, beber gin&tonic e a ver séries no computador. Nisto aparece a Marta - italiana - a descer as escadas e a dizer para fazermos menos barulho que queria dormir. Batem à porta, e é a Valéria, mexicana, que também já vinha acompanhada. Fico um pouco com eles, mas depois despeço-me e vou dormir.

Comprei um poster do espectáculo, a ver se começo a tapar esta papel de parede florido que cobre as paredes do meu quarto. Em relação ao Kenneth Branagh, isto não fica assim: a meio da semana vou baldar-me às aulas para ir para a fila mais cedo. A ver se não o vejo... Pois, está bem!

Friday 21 November 2008

Como e que eu posso gostar tanto do cheiro e frescura do vento, mas por nao gostar de sentir o frio nunca vou dar um passeio pelo parque?
Da mesma forma que gosto de alguem, mas por ter medo de perder (o que ainda nem sequer tenho) acabo por nunca ter.
Como e que eu posso saber o que quero sem nunca conquistar o que me repulsa ou assusta?

Tenho uma dor de cabeca que, pelo seu peso traz-me ideias novas, novos sentimentos - nao de egoismo, mas de individualismo.
Aprendo a mexer-me de forma diferente por causa deste peso. Descubro outra parte de humanidade e comeco a perceber melhor as pessoas obsecadas, furiosas, poderosas e com dor. Nao tenho pena delas, nem as contemplo, porque eu sei que isto e apenas uma dor de cabeca que acordou comigo por eu nao ter comido quase nada ontem, durante o dia inteiro. Se eu nao dei o que meu corpo pediu, ele hoje da-me algo que nao pedi. E tento nao tomar este sentimento por certo.

E e assim que o amor se torna em odio.

Paz e saber.

Se eu nao sei enfrentar-me, se eu tenho medo de mim, como me poderei agradar?

Hoje vou passear pelo frio fresco da noite. Talvez convide-a para vir comigo. E se ela nao vier... vou ter com ela.

Wednesday 19 November 2008

Vem ao Dono!

Chego cansado de mais um dia. Ao entrar em casa o calor e o cheiro fazem-me sentir aonde estou, e automaticamente relaxo. Deixo-me relaxar, neste sítio aonde ninguém me vê, aonde não preciso de fazer caras ou falar com ninguém. Deito-me na cama a ouvir uma música que me faz sentir numa pluma, dançando nas brisas que entram pela janela que deixei aberta. Nisto, um corpo frágil, quente e com pêlo perfumado e carinhoso vem molhar-me a cara com a sua língua.

O meu cão, sempre fiel, vem quando o chamo, vai quando o mando embora, sente quando eu sinto e nunca deixa de me ser fiel. É um escravo das minhas vontades. É o mesmo cão que me raspa na porta quando esta está trancada, é o mesmo que dorme aos meus pés se a porta ficou aberta. Lambe-me o nariz e os lábios, não num acto de vandalismo, mas com carinho e amor na sua maneira natural de ser.

Dou-lhe pancada quando me suja a casa, grito-lhe quando me rói os móveis e persigo-o quando se esconde. Talvez não o leve a passear as vezes que ele precisa, talvez não tem os brinquedos de que precisa, e talvez tem medo. Mas não tem consciência. Eu tenho consciência. Eu devia ter mais cuidado com a como me expresso àquele animal que só me entende através da minha respiração acelerada ou fraca.

Apesar de tudo, ele vem sempre ter comigo nos momentos de silêncio - e muitas vezes arrependido, para me pedir desculpas por aquilo que eu o obriguei a fazer.
Meu pequeno cão, que sacodes essa cauda quando ouves o meu nome, que me olhas com esse olhar de quem me ama realmente, vem! Vem ao dono! Vem ao dono que te ama e que só te quer fazer feliz!

Tuesday 18 November 2008

Quo Vadis (Onde Ides) ?

Ao sentir a respiração
Eleva-se o coração
P'la maneira como trata
E também como maltrata

Fuja de si e do pressentimento
Procure aquele monumento
Em lembranças pobres que matam
Simples toques de momentos que arrastam

Encontra-se no seu próprio bolso
Quem é feito de carne e osso
Sem destino e sem valor
Segue pela estrada ainda sem forma e incolor

Descobrindo no futuro o passado
Adivinhe-se o que foi encontrado
Uma criança que brinca e corre
Mas que agora é velha e morre.

Monday 17 November 2008

A Vitrine

Começas a vida vencendo milhares e choras de alegria, festejando, após 9 meses de pura solidão e desenvolvimento pessoal, o ar que os vencedores respiram, e que os vencidos respiraram, pela primeira vez. Insaciável esse desejo por mais vitórias, por competição, por mais, mais e mais. Cresces forte e rápido para indestructível em apenas 20 anos. E num planeta com quase mais tempo que o próprio tempo, pensas-te pronto e capaz de o conquistar com a idade que tens... 20 anos.

Inicias, então, a tua escalada na escada rolante da vida para chegar depressa àquele lugar de conforto. Esqueces-te que a escada não pára, e, que maior é o tempo que passas a lutar pelo que queres, do que aquele que tens para aproveitar esse tal lugar pelo qual tanto anseias. Corres porque os outros também correm, começas por lutar com os outros e acabas a lutar os outros. Serão verdadeiras as imagens que te cativam, serão sinceras e bem intencionadas as vozes que lá em cima te chamam? Enfeitiçado pelos beijos dos lábios que não podem amar, aprendes a fazer amor com a solidão de quem não tem tempo para estar só. E a escada rolante continua, continua, sempre sem parar, sempre sem abrandar, sempre.

Segues com esses bolsos cheios do dinheiro, que te faz sentir maior, em direcção ao fim da escada rolante que te tira tudo o que conquista à tua frente, sem respeito ou piedade, e atira àqueles que sedentos correm nas tuas costas. E num último desejo, pedes para ver a distância que percorreste, a altura que alcançaste, a quanto te elevaste, o quão superior és dos outros.

Deixas cair o corpo, as lágrimas e a razão, pois tu estás numa vitrine, e a escada rolante foi sempre uma coisa que só tu meteste na cabeça - só tu e mais ninguém.

Friday 14 November 2008

Momentos de Magia

Da escuridão da plateia, do silêncio da escuridão, surge um gemido. Um gemido de um pai mal-tratado pela vida. Um pai que pagou o bilhete secretamente para poder ver o filho em palco. Eles não se vêem há mais de 15 anos, após uma das grandes discussões durante a juventude do agora digno e sólido actor. O filho, embrutecido por dentro, nem imagina que está a ser visto pelos olhos que o viram nascer, aprender a andar, escrever, crescer, começar a pensar, revoltar-se e fugir de casa para nunca mais voltar. O pai, na escuridão, começa a chorar, pois aquele nome que vem no programa está tão diferente. Tão crescido, tão maduro, tão seguro. Tão distante, apesar de nunca tão perto durante os últimos anos.

A peça acaba, o público levanta-se para aplaudir o elenco - todos menos um. O pai fica sentado, sufocando espiritualmente nas lágrimas que lhe pingam daqueles olhos cansados e tristes. O elenco volta aos camarins, às suas casas, às suas vidas. O público também, incluindo o corpo do pai. Naquela sala só fica o espírito do pai.

E o pai, após aquele dia, nunca mais recuperou o seu espírito de volta. Ficou naquela sala, juntamente com outras almas, de outras gentes que lá choraram pelas mais diferentes razões, nos mais variados espectáculos - momentos de magia. Só assim é que o Teatro vai ficando mais nobre, roubando as almas às pessoas frágeis, vulneráveis. Por isso, cada vez que entramos numa sala de Teatro, se ouvirmos o vento que nela passeia, conseguimos ouvir Ópera, ballet, Teatro, Magia, Magia, Magia. Porque a arte não tem preço, nem tem tempo. Mas tem lugar: o Teatro.

Thursday 13 November 2008

Cresce, rapaz!

Estou cada vez mais crescido.

São as pequenas coisas do dia que me fazem perceber que estou feito um homem. Sou realmente um adulto. Um homem que beija mulheres e vai para a cama com elas. Um homem que fuma, que bebe, que conduz e usa dinheiro.

Ainda há pouco tempo me cresceram os primeiros pêlos no corpo, de baixo dos braços, na zona púbica e alguns na cara. Passado algum tempo, os pés começaram a mudar de número todos os anos, o mesmo com a roupa, com as calças e T-shirts. Os pêlos continuaram a surgir por todo o corpo, à volta do umbigo, alguns no centro do peito. Esses peitos agora, lastraram-se um pouco por todo o corpo, expandiram-se em todas as direcções, como um verdadeiro homem. O mesmo com os pêlos incolores das mãos e braços que escureceram.

Fora do meu corpo, há gente na minha família a morrer, como o meu bisavô por causa do qual me chamo Carlos Eugênio Freire. Tudo parece crescer, alguns até ao seu limite - morte. Isso faz de mim um homem. Um verdadeiro homem que aguenta as mudanças do tempo, que aguenta tudo por ser um homem. Eu sou um homem. Sou um homem forte.

E neste corpo que mal conheço por me ser tão recente, começo a redescobrir - por baixo de todos os pêlos de homem - uma pessoa que ainda há pouco tempo fui, mas que da qual já não me recordo. Para que serve este pêlo todo, esta barba, estas mulheres, estes vícios, esta liberdade se agora tenho menos do que antes tinha. Sinto-me, cada vez mais, prisioneiro do tempo, escravo de mim mesmo consequentemente.

Para que serve esta força toda, se eu ainda choro. E se, quando choro, ninguém me acude precisamente por pensarem que eu já sou um homem? De que me servem as mulheres e os seus lábios e peitos, se tudo o que quero é uma mulher, e uma só que possa substituir a minha mãe, que use os lábios da forma que ela usava, e me dar peito quando choro, tal como agora choro? Para quê o dinheiro, se isso não consegue parar as lágrimas que pingam salgadas nos meus lábios dando-me este sabor a comida feita por mim... mal temperada... porque já ninguém cozinha para mim, porque agora sou um homem. Nem preciso de mais camas do que a da mulher irá substituir a minha mãe.

Mataram a criança em mim! Alimentaram com desejos de crescer e, agora, tiram-me todas as liberdades, tiram-me tudo, incluindo a hipótese de voltar a ser criança, de brincar com carrinhos e imaginar que conduzir é bem melhor do que aquilo que sei hoje. Imaginar tudo em grande, querer ser tudo e poder ser tudo em grande, em brincadeiras, nas paredes do meu quarto, sozinho com os meus brinquedos, meus fiéis amigos que estão lá sempre no mesmo sítio aonde os deixei no dia anterior. E a minha mãe... aonde está a minha mãe? Aonde está ela agora que preciso...? Quem me acalma, agora? Quem me assoa o nariz entupido? Quem me diz que está tudo bem?


Ninguém...


... porque estou condenado a ser homem.

Wednesday 12 November 2008

Amor frio

Nunca pensei que a minha palavra fosse superada pelos meus sentimentos.

Nasci desiquilibrado, com um instinto de procurar uma mulher para me completar, para me salvar de mim mesmo.
Não me arrependo de nada do que fiz contigo, nem do estou a fazer-te agora, porque eu prometi. E a minha palavra é forte, é imortal.
Amo-te com todo o meu corpo. Entrego-me completamente a ti, à pessoa que me fez mudar, que me deu a mão, mas que agora ma tira.
Entrego-me a ti, porque foi a ti que eu amei toda a vida. Ninguém tem mais meu do que tu, que de mim tens tudo, sempre tiveste, o que havia para dar.

E, agora, que tu mudaste, alteraste de uma maneira que já nem eu acredito que irás regressar, aqui me tens.
Tens-me... como sempre, em cima do teu corpo. O teu corpo que outrora foi quente e agora é frio. Fazes-me pensar que nada se passou entre nós, que somos dois desconhecidos, e que insisto nisto... como se fosse um déjà vu. Um déjà vu... Acreditarias se eu te dissesse que vim de outra vida para te amar? Que o nosso amor foi feito para ser intemporal, que apesar das nossas várias vidas, inevitavelmente nos voltaríamos a encontrar?

É tarde demais para responderes, estás demasiadamente sólida, quieta, parada... e tremendamente fria.
Descansa, meu amor, descansa. Deixa que a tua morte seja uma luz guia para mim.
Até lá, continuarei aqui, em cima de ti, a fazer amor contigo, mesmo que eu não queira mais, mesmo que comeces a decompor-te, mesmo que me faças sentir frio - nú, em cima do teu túmulo - no teu silêncio. Porque o amor não tem voz, não tem cor, temperatura ou cheiro. É intemporal, como te disse.

E tu, que foste primeiro, eu nunca te menti: a minha palavra supera os meus sentimentos, o meu corpo. Porque amei-te um dia. E agora estou condenado a para sempre amar-te.