As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Monday 28 January 2008

Alabama Song (Whiskey Bar)

Cover dos The Doors.

Shylock

Mais um dos trabalhinhos para a escola: decorar um solilóquio de Shakespeare e gravar num outdoor e no estúdio, com a turma. O da rua fica já cá canta. É possível que não percebam muito bem, porque eu consegui fazer com que o vento se enfurecesse (isto era mais à Lear - Blow, wind blow), tal não era a minha fúria. A outra razão das falhas é que eu não tenho o sotaque do Shakespeare em Itália. (ainda hás-de dar-me uma aula disso, oh Leanne - é assim que se escreve o nome dela) É sempre bom ver um português a assassinar a pronúncia das outras línguas!

"He hath disgraced me, and hindered me half a million, laughed at my losses, mocked at my gains, scorned my nation, thwarted my bargains, cooled my friends, heated mine enemies; and what's his reason? I am a Jew. Hath not a Jew eyes? hath not a Jew hands, organs, dimensions, senses, affections, passions? fed with the same food, hurt with the same weapons, subject to the same diseases, healed by the same means, warmed and cooled by the same winter and summer, as a Christian is? If you prick us, do we not bleed? if you tickle us, do we not laugh? if you poison us, do we not die? and if you wrong us, shall we not revenge? If we are like you in the rest, we will resemble you in that. If a Jew wrong a Christian, what is his humility? Revenge! If a Christian wrong a Jew, what should his sufferance be by Christian example? Why, revenge! The villainy you teach me I will execute, and it shall go hard but I will better the instruction."

Na minha pesquisa do monólogo, encontrei o mesmo prato servido de várias maneiras: Leanne-style (com sotaque, mas sem sabor), com paelha (adoro espanhóis), e a versão feita por um americano com sotaque americano da qual luto para um dia vir a ser. O Al Pacino é brutal.

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A lutar pelo número verdadeiro: o infinito

E como eu gosto é de espaços pequenos, porque não gosto de energias dispersas ou desperdiçadas, hoje acabei com a lotação do meu blog. Como o monólogo do "Ser ou Não Ser?" em técnica do actor fica mais intenso caso o Hamlet esteja numa caixa pequena, é assim que quero este espaço. Anti-comercial e anti-capitalista, com portas abertas a todos, incluindo aqueles de que gosto menos.
Porque é assim que as coisas devem ser; de todos.

E para não entrar em competições com outras pessoas, também. Fico assim eu com a memória - mais aqueles que se lembram - do último número que ficou suspirando por como seria, caso ainda lá estivesse. E, contrariando a sensação boa de que estou a ser visto, resolvi fazer isto. Porque quero continuar a escrever, como se estivesse numa pequena caixa, na minha intimidade, para os textos sairem meus e não aquilo que as massas podem querer ouvir.


Hoje matei o meu contador de passagens.

As mãos

Estas são as mãos com que escrevo. São as mãos do meu ofício, são o corpo que materializa aquilo que vou idealizando.
É com estas mãos que uso para acaraciar as mulheres bonitas, são as mãos com que dou um forte aperto de mão, são as mesmas com que uso para meter no bolso.
No bolso, sim... E dentro das calças, se for tempo disso. São as mãos que uso para me acariciar na minha intimidade e solidão rompidas pelo ideal de um momento melhor.
São as mãos que uso para cozinhar, para desembrulhar a pizza da embalagem, que uso para abrir a porta do forno.

São as mãos com que acaricio e faço festas na tua cara, enquanto me fazes sexo oral. São as mãos com que me masturbo - já disse -, mas que também te masturbam. São as mãos que percorrem o teu corpo, desde a massagem dos pés, passando pelos teus gémeos, pelas tuas nádegas, escorregando os dedos pelas tuas costas até ao teu cabelo. São as mãos que humidifico na tua boca, na tua vulva, na minha boca, nos teus peitos e que agarram as tuas nádegas com força. São as mãos que fazem tudo. Que querem fazer tudo. As mãos que fazes com que não consiga controlar. As mãos que se contorcem, quando tu mostras quem é o sexo mais forte. São as minhas mãos.

As mãos que tocam guitarra, com uma palheta, lápis e papel a compor para ti.

São a parte do meu corpo que uso para me lavar, enquanto estou no duche. Para te lavar, quando estás no duche comigo. Para te lavar, antes de voltar a mandar-te para o duche por questões de higiene. Uso as minhas mãos para tirar o cartão da carteira, para carregar o telemóvel, para escrever uma mensagem de Bom Dia, Boa Noite ou só Amo-te?.

São as mãos que te batem palmas, no silêncio e escuro da platéia por enquanto vazia.
São as mãos que podem escrever coisas destas para não te esqueceres o quanto sofres por seres feliz e comprometida. São as mãos que te obrigam a ser minha.

Olha para as mãos e vejo cicatrizes. Vejo que já tiveram três fracturas nos mindinhos. As cicatrizes são evidentes, principalmente as do pulso esquerdo - se é que o pulso é considerado mão (afinal aonde é que começam as mãos?). Manchinhas, marcas, tons de cor. E começo a ter pêlos, cada vez mais, nelas.

Se estas mãos fossem minhas, não conseguia fazer o que consigo hoje-em-dia. "Então - e perguntas tu muito bem - de quem são as mãos?"

São as minhas mãos, as tuas mãos, as nossas mãos, as vossas também! São todo o Mundo.

Próximo projecto - peça 60-90 minutos

Day 1

I am going to start writing right now, in this very moment. Today, my Writing For Performance lecturer, Maddie, talked to me and told me I did not show clearly the process of constructing/writing my 10-minutes play. Despite I took some weeks to get it done, and made a draft of half of it, when I felt it was already heading somewhere, I must admit I could develop a little bit more of how I came up with the inspiration and all that sort of things, in my portfolio. Therefore, I decided to write a diary of everyday write something new, explaining what I am going to write about and share my inspirations.

First of all, without going any further, I must say I created an online blog on the 24th of November 2007, and another one with ten more people two weeks after. In my blog, where I write weekly, I study the society I see, it’s phenomenons, and what shocks me in it – like mothers using leashes as security devices to protect/control their children. On the other blog, me and my friends from Portugal just fool around, telling stories, posting vídeos we create, etc. Both of these blogs are in portuguese and that is the only reason I am not giving the weblink, but if you still are interested to see them, I’ll write them down with all my pleasure.

Lately I have been inspired quite a lot by music. Not random music, obviously. I have been inspired they some of Rodgers & Hammerstein musicals for its topics. I use musics from The Doors to get in an emotional trip and get inspired. I do the same with the early Pink Floyd’s albuns, specially with the Syd Barrett’s ones and the Atom Heart Mother. Long-lengh musics, inspired by acids and strong emotions ending up in travels or musical pictures are very inspiring for me. Listening to an half an hour song can take to a transe where I do not need alcohol to create. Mike Oldfield’s Tubular Bells (I, II and III) are also very inspiring for the same reasons.

I am a very sensitive person and get really anoid by disturbing subjects, which can block all my other thoughts and focus. I haven’t played guitar yet, but while I am writing this diary, I have already stood up and collect the dirty clothes and put them in the washing machine. I get easily distracted and I am very unmethodic. You can see this from this very paragraph, which is literally a complete mess. But that is my way of thinking I work with it very well. I stick to what’s actually important and forget about the details. But that’s my way of creating, purely by the instinct. And that is the main reason I don’t write the today’s date down. Because, if someone reads this again will not be interested by the distance between the days I wrote this play. At least, they shouldn’t be. There are more important things in life.

My play does not have a tittle yet, but I know what I am going to write about. If you read The Ugly One by Marius von Mayenburg and Genet’s plays, you will know I am about to write something absurd, sexual, nasty, inspired by the homossexuality and the conflict between desire, needing, sin and penalty. However, I will try to go in depth like Jean Genet used to do. The reason I am doing this? There was too many people watching my 10-minute play, I almost felt like commercial playwright. And off I go writing, listening today to the Tubular Bells I by Mike Oldfield.

Textos Soltos - "Embriagada sem ponta de vinho"

Não imaginas o que despertas em mim cada vez que me tentas.
Ainda me esforço por ripostar, mas a tua resposta é sempre tão leve...
Não sentes o mesmo que eu.

Nem tu, nem ele, nem o outro!
Talvez o outro...
(Não vou apostar.)

Consegui?
Não, pois não?
É inútil.
Não te vais ressentir com nada do que diga.
Nunca te confessei, talvez o faça amanhã,
Era capaz de me prender a ti.
Apesar das tuas histórias, apesar de muito,
Chego a identificar-me contigo.
Chego a pensar que te posso fazer feliz.
Feliz... Se tu quiseres.

És-me apetecível!
Das-me vontade de te explorar,
De saber cada gesto teu,
Cada reflexo e sombra do teu ser.

Quero levar-te ao limite.
Testar os meus extremos.
Tocar o céu e o mar ao mesmo tempo.

Vem e torna-me possível!!

Águia Branca

Textos Soltos (Introdução)

Tenho vários amigos. É normal que os nossos amigos sejam, de uma forma ou de outra, parecidos connosco. No entanto, nós que não somos iguais a nós mesmos dois dias seguidos, é normal que também encontremos diferenças entre nós e eles. Este amigo de que falo também escreve, como eu, no entanto não publica os seus textos. Por terem uma carga de humanidade imensa, e por ser a favor da divulgação da Língua Portuguesa, comprometo-me aqui a publicar semanalmente textos que foram escritos pela pessoa do que vos falo. São textos soltos, mas que dá para serem colados em qualquer parte.
Vamos chamar o autor, que é do sexo feminino de Águia Branca. Aqui segue-se o primeiro.

E eu podia destruir esta sociedade capitalista (...)

A assobiar, cantar e a fazer passos de dança, saí por essas ruas frias e escuras desta pequena cidade, neste cantinho do Mundo. Particularmente feliz por estar a conseguir controlar a minha vida, sem baixar a guarda e surpreender pelas partidas que as pessoas gostam de nos fazer, saí. E sabe bem ir dar uma voltinha, mesmo que esteja frio, já que estar sempre em casa acaba por atrifiar o espírito crítico e criativo.

É impressionante como somos pessoas egoístas, que queremos que todos estejam felizes connosco ou tristes, quando as coisas nos correm menos bem. Mas não é por mal. Simplesmente, é vontade.

Foi, assim, feliz que olhei as pessoas nos olhos, ciente de que eles estavam a passar por momentos não tão alegres quanto eu, ou pelo menos não sabiam a letra das músicas que eu estava a cantar. Tentei animá-los desafiando-os com os olhos, mudando de passeio, chamando a atenção com a presença de um protagonista que se sente no palco, a ser visto por uma platéia imensa. Olhava nos olhos. Porque é nos olhos que se vê. É com os olhos que se comunica, é com os olhos que se seduz, para se ter um sorriso, e para se ter, quem sabe, uma conversa? Mas as pessoas baixavam a cabeça.

Seguia, menos feliz do que estava, mas ainda feliz e motivado. Num rua escura, sem caras para seduzir, nem sombras para pisar, distraia-me a olhar para as montras das lojas já fechadas - mas que abririam dentro de horas novamente, num outro dia. Via cores e procurava anúncios de trabalho. Deparei-me com algo que me cativou e despertou a atenção: "Há leitão à barrada". Foi o Oásis no meio do deserto. Olhei para dentro da loja de luzes apagada para tentar ver, mas estava demasiado escuro. Será que aqueles que passam naquela rua de dia, sabem o que há ali? Será que eles algum dia vão saborear o verdadeiro sabor da comida?

Continuei a olhar as montras, novamente no topo da minha felicidade - ainda que com fome, frio e sozinho, porque há outras coisas que também nos alimentam e dão força - cantando mais alto para acordar aqueles que cedo se deitaram. Fui para a High Street e partiu-me o coração ver o centro da cidade completamente deserto. Aí, abrandei o passo e olhei à volta, devagar, para perceber o que é que tinha acontecido. Porque eu tenho a certeza que, naquela mesma rua, já tinha visto imensa gente, a comprar, a falar, a passar. Tanta gente que me tinha de desviar, para não irmos uns contra os outros, naqueles dias em que andar aos zigue-zagues é mais rápido do que andar em frente com tímidos "excuse me"s. Mas estava deserta. Tentei perceber porquê, porque é que não só ninguém estava feliz, como nem se manifestavam. Será que há algo que eu não sei? Será que eu não tenho razões para estar feliz? FALEM COMIGO!! ALGUÉM??
Olhei para o lado e vi numa montra "It's on the 14th of Feb!". Na solidão da noite fria de Inglaterra, só as montras é que falam connosco, só elas é que falam as mensagens que lá foram postas por alguém que também fugiu. Foi aí que eu percebi... tínha-me esquecido completamente! O Natal já tinha acabado, os produtos voltaram aos preços normais. Por isso é que não havia ninguém na rua.

Friday 25 January 2008

O meu single

Já que estamos numa de brincar ao toca-e-foge no que toca a direitos de autor, deixo aqui a minha versão da música que EU compus, o primeiro single da minha carreira a solo na minha banda Xutos & Pontapés. (Àqueles que me poderão chamar hipócrita pelo que estou a fazer, não façam isso. Não façam isso porque eu não faço isto com fins lucrativos e é só nesses termos que a lei dos direitos de autor se aplicam)
A música chama-se "A minha casinha". A letra vai também, que é para poderem plagiá-la! Isto, como vêem, já vai em Inglaterra. Começou no Japão. A ver quanto tempo demora a dar a volta ao Mundo. (risos)



Não temos nada para dar
Não há nada para criar
Vê onde viemos nós parar

Andamos todos atrás do osso
Mas sou muita preguiçoso
Devia atirar-me a um poço

Isso de inventar
Nem quero tentar
Siga plagiar, p’ra

Que é que eu me vou esforçar
Eu nasci foi para desfilar
Isso é menos tramado!

Deixa-me mostrar quem sou
Sou do tipo robot
Sou mais um pau mandado

Não me venhas mais com porquês
Isto até está em português
Será que ainda não chega?

Ninguém vai levar a mal
Se copiarmos a original
Este fica o nosso segredo

A vida devia ser um Musical

E como nem tudo na vida é mau, os nossos colegas Rodgers & Hammerstein fizeram o favor de nos mostrar alguns picos de felicidade que se podem vir a ter na vida, em algumas das suas obras. Directamente dos Estados Unidos, da geração pós-guerra, esta gente que veio originar o Baby Boom, entre muitos outros, compôs o Carousel.

Esta peça Musical trata da história de um jovem operário de um Carrossel, e que fugiu com uma jovem para se casarem. No entanto, ele não tendo habilidade em mais nenhum ofício, acaba por cair numa vida de mandrião. Ao receber a notícia de que vai ser pai, promete ser um pai companheiro ao seu filho. Promete que lhe fará forte, independente para se deixar maltratar pelos outros garotos, que será bonito como o Pai e que a mãe tratará da sua formação ética e cultural, já que ele reconhece não ser um exemplo de pessoa. E diz que se vai chamar Bill, tal como o Pai. Mas... e se for uma menina?

Os rapazes precisam de companhia, mas uma menina precisa de um Pai. "You can have fun with a son, but you gotta be a father to a girl." Precisa de uma pessoa que lhe dê as coisas que as meninas precisam tais como vestidos, bonecas e lacinhos. Ele, já prevendo que isto pode acontecer, promete mudar para estar à altura de ser um bom pai. Promete ir trabalhar, roubar, tirar - ou até mesmo morrer - para a filha ter o pão na mesa. Num dos maiores solilóquios musicais de sempre, a personagem Billy Bigelow dá o verdadeiro exemplo de como os jovens se devem sentir quando recebem a notícia que vão ser pais.
No final da história, ele acaba mesmo por morrer ao tentar assaltar um homem, pois é descoberto e cai sobre a sua própria faca ao fugir da polícia. Mas, a história não acaba aqui, com a morte dele. Afinal de contas ainda não vi nenhum Musical com um final infeliz.

Vamos começar a limpar o lixo da TV.

A navegar nisto a que chamamos internet (ou google) encontrei a banda de rapazes (boys band) de onde vem a famosíssima música que faz sucesso nos ouvidos e no coração de muitas adolescentes deste nosso país, que é Portugal. Cantando nos concertos que dos 4Taste não sonham as meninas que aqueles lindos actores-músicos - enfim, artistas - foram criativos ao ponto de escolher uma música que a maior parte do nosso povo desconhecia e alterar a letra. Como o vocalista em questão não deve saber tocar piano - agora já estou a divagar - alteraram a música base para aquilo que os músicas chamam tablaturas para guitarra ritmo. A música em questão, na minha opinião, é tão boa em Português como na versão Original. Para ser sincero, vou até quebrar algumas barreiras do bom senso, confessando que até prefiro a versão dos Quatro Testas, pois a guitarra continua a ser o meu instrumento predilecto (e o único que ainda vou conseguindo tocando - eheheh).
Mas os meios não justificam os fins! Isso é plágio. E afirmo isto seguramente, quer digam que na capa do CD a pequenino digam que a adaptação foi do Pedro Vaz. Plágio, como poderão ver aqui é "não é a mesma coisa que paródia. Na paródia, há uma intenção clara de homenagem, crítica ou de sátira, não existe a intenção de enganar o leitor ou o espectador quanto à identidade do autor da obra." É interessante, porque também estou a estudar isto na escola e descobri que não se pode copiar nada, nem mesmo uma parte da música, sem ter pago os direitos de autor. Ou seja, podem haver dois ratos, mas um deles terá de ser indiscutivelmente o Mickey, caso contrário o segundo rato terá de entrar en negociações com a Disney.
Ou pensam que a Hang Up da Madonna não teve de negociar com os Abba por causa do som de fundo inspirado na Gimme, gimme, gimme (a man after midnight)? Neste caso, de acordo com o nosso sempre companheiro wikipedia "Madonna is only the second artist the Swedish band has allowed to sample its music, as ABBA songwriters Benny Andersson and Bjorn Ulvaeus have a strict "no sample" policy."
A TVI volta a marcar pontos. Já os DZRT tinham plagiado a Para mim tanto me faz da música High School Queen, composta pela cantora Tamaki Nami.
O pior é que isto já é sabido a algum tempo, mas ainda ninguém disse nada. E, apesar de saberem, podem deliciar-se com os comentários de apoio, oriundos do/as fãs, às duas bandas atrás mencionadas.
Para aqueles que não sabiam, não pensem que eu fui o primeiro a saber disto - longe disso! Apenas volto a falar nisto, porque pode ser que algum de vós, leitores, saiba falar japonês ou francês para denunciar estes jovens talentos.

Vamos começar a limpar o lixo da TV.

(caso as bandas tenham tido um acordo legal com os autores que os permitisse fazer o que fizeram e ainda fazem, retiro tudo o que disse. Mas nã' me parece...)

Coisas em que penso quando estou na cozinha.

Há uma hora despertou-se em mim uma enorme vontade de comer. Sendo hora do pequeno-almoço e não querer ir à rua comer um pequeno-almoço a pagantes, deixei o album Atom Heart Mother a tocar e fui para a cozinhar fazer uns belos bifes com uma massa penne envolvida com um molho cor-de-rosa (de tomate cortado, natas e orégãos). Voltei, com o prato na mão, para o computador para fazer este post. (Já estou a comer e devo dizer que está daqui oh)

Quando estava a cozinhar, no meio dos três bicos acesos no fogão, duas frigideiras e uma panela, no "pôr molho aqui, pôr água ali, trocar de picos porque aquele está mais forte" ia causando um acidente. Por muito pouco não derrubei os bifes (uma vez, quando ainda estavam crus, outra acabadinhos de fritar) para o chão. Quase que ia virando a frigideira com aquele belo molho de vinagre para o chão. Como reflexo de qualquer pessoa, na altura fiz um malabarismo e salvei o meu manjar. Pergunto-me "o que teria acontecido, caso o malabarismo não tivesse resultado?". A resposta, como devem calcular é muito simples: "Ia ter que começar do início, tendo desperdiçado os bifes e o molho."

Quero agora chamar a atenção do leitor, enquanto faço aqui um parêntesis. Não vou começar a falar da pobreza que há no Mundo, na fome, nem nos mendigos. Se bem que podia! Mas hoje não quero ir por aí. Vejam então como é que eu vou dar a volta ao assunto/tema. (é nestes momentos que eu gosto de escrever! Quando escrevo o que me apetece e não o que é previsível ou melhor. Agarro nos olhinhos do caro leitor - como diria o meu compincha Almeida Garrett - e traria-lo em viagem comigo, para os sítios que eu quero ir, por onde quero ir)

Mas pensei o que teria acontecido, caso eu fosse uma criança. As crianças, por inexperiência e hiperactividade, têm tendência para causarem mais acidentes do que os adultos. Se eu fosse uma criança, o meu pai (ou a minha mãe) estaria por perto, encarregar-se-ia de me "alimentar" com duas ou três palmadas (do género: "isto é para o teu bem") que até podiam ser de chinelo [já que cinto foi só uma vez. Estou a lembrar-me agora da vez em que a minha avó veio atrás de mim com uma vassoura; já tinha 15 anos, agarrei na vassoura e partia-a ao meio na perna... (risos)]. Ficaria com medo, não do fogão (ou talvez sim, quem sabem?), mas de certeza da ameaça de mais "toma que isto é para o teu bem, um dia vais-me agradecer" ou castigos que vieram em anexo à mensagem de paz anteriormente dada pelo mesmo (pai, mãe ou ambos). Voltei a lembrar-me da palestra de um senhor em que dizia que as crianças são castradas de criatividade no seu processo de crescimento e aprendizagem pelos professores e pais. Que nós (sociedade) provemos o erro, dizendo "isto está mal", em vez das correcções do género "isto está bom, mas consegues fazer melhor se alterares isto". E é verdade!

Uma criança hiperactiva, um dia na aula ficou calma e atenta, já que estavam a fazer um desenho livre. A professora estranhou e perguntou à menina o que é que ela está a fazer (claramente com intenções de querer saber o que é que ela estava a planear - "Quando a esmola é demais, o pobre desconfia." - o que mostra desde já uma atitude de desaprovo) ao que a menina respondeu: "Estou a desenhar Deus.". A Professora incrédula disse: "Mas como?! Ninguém sabe como ele é!" a menina olha para cima e diz: "Mas vão saber agora." e continuou a desenhar.

Pergunto-me todos os dias se metade das palmadas que levei me viriam a fazer tanta falta. Porque, afinal de contas, eu continuo a fazer desastres. Hoje não! Mas quantas vezes já meti sal a mais, entornei ou queimei algo que depois tive de acabar por comer? Quanto mais uma criança que nada sabe da vida! Isto podia ter sido tudo evitado, porque afinal de contas eu não virei os bifes para o chão, mas gosto de desafios e fazer e reflectir sobre os diferentes rumos que a vida podia ter levado caso tivesse acontecido isto ou aquilo.

Eu não sei, mas quando o meu irmão não queria comer ou fazia birra, foi às galhetas que entrou na linha. A bela da galheta. Um nome bem português e uma coisa típica que mais assusta, pela forma subtil como são dadas, do que propriamente pela dor que causam.

"Perder o fio à meada"

Todos nós, pelo menos uma vez, já perdemos o fio à meada. Todos nós já experienciámos a sensação de ter de fazer algo e não saber por onde começar, ou perder a motivação necessária que nos atira mãos à obra.
Ultimamente tenho-me sentido à deriva. É provavelmente aquilo que acontece àqueles que se deixam consumir pelas suas manias. Deitar e levantar às horas que querem, sem grandes obrigações, cozinhar apenas quando nos apetece, ainda que tenhamos fome. E se entrarmos a sério nesta brincadeira começaremos a ver o Mundo avançar, os teus conhecidos a vencederem ou a serem derrotados, os dias de chuva a transformarem-se em dias de Sol e o contador do teu blog continuar a subir. No entanto, a tua cabeça transformou-se num tijolo tão frágil que jamais poderás construir seja o que for com ela; ou pelo menos é assim que te sentes.
São estes momentos de angústia que te fazem parar para pensar na efemeridade de tudo isto e a importância que nós temos vindo a dar à vida. Penso porque é que estou a ouvir a porta do quarto do lado a bater atrás da passagem de uma pessoa, se ainda são só 6:30 da manhã. Penso em coisas simples como estas que me fazem sentir pequeno e inútil, com as quais me vou defendendo acusando os outros de se terem entregue à engrenagem da sociedade e ovelhas. Mas eu sei que também não estou a ser feliz, entregue à engrenagem que eu criei e que é forte demais para mim também.
E nestes momentos, antes de me motivar a escrever sobre pessoas como Cole Porter, Hal Prince e Kurt Weill - estes senhores que já morreram, mas que, fazendo parte daquilo que ambiciono ser, serei uns dos tais que os tornará imortal -, fico meditando numa maneira de encontrar a minha própria imortalidade sem ter de passar pelas dos outros. Nisto, penso naquilo que me atirou tão baixo, e não no que me poderá atirar para cima. Penso em coisas como esta:
Como poderei eu vir a ser imortal, quando memórias tão arrasadoras do passado me perseguem? Quando virei eu a ser o que quero, como poderei lutar eu contra essa engrenagem, se nem eu tenho as condições emocionais? E sei que a resposta... a resposta está na Natureza. À minha volta, em todo o lado... eu é que não estou a levantar a cabeça para a receber.

Thursday 24 January 2008

Cisnes e as Mince Pies

Um documentário interessantíssimo sobre cisnes eufóricos celebrando as cheias do rio em Worcester.

Sunday 20 January 2008

Putos Acorrentados vs Mães Envergonhadas

Saí hoje à rua com o intuito de fazer o filme do post seguinte. Estes dias em que os horários andam todos trocados, passadas duas semanas, voltas ao início do ciclo e acabas por acordar, sem sono às 7 da manhã. Sabe que Quinta-feira é aquele dia em que só tens uma aula das 13:15 às 14:45 (e em Inglaterra, acreditem que são mesmo estas horas - especialmente quando é para acabar a aula... venham dizer-te que teatro é com paixão!). Tocas um bocado de guitarra e quando o sol começa a bater forte na tua janela, resolves sair à rua numa de fazer qualquer coisinha engraçada para quebrares o tédio. Assim foi: saí, fiz o video e fui às compras.

Nas compras, como na Iceland não tinham o gel de banho que eu queria (aquele que é barato), resolvi guardar para o comprar no Savers, que até ficava a caminho de casa. Chego à loja atrás referenciada e meto-me a olhar para as prateleiras, a tentar procurar no meio de tanto colorido, aquilo que realmente interessa. Nisto, passa por mim um miúdo a comer uma daquelas bolachas que nunca tinha visto em Portugal. A mãe chama-o, mas ele não vem. Como tal, vai atrás dele e domina-o puxando a tal trela de que já tínhamos aqui falado, que estava camuflada na cor do casaco do muidinho. Como tinha a camera fotográfica comigo lembrei-me da promessa que tinha feito: tirar uma foto com um desses miúdos para personalizar o post que já tínhamos aqui falado.
Comecei a tremer de nervoso (aliás, ainda estou), mas pensei "Se eles andam assim na rua, naturalmente é porque consideram normal, logo eles não precisam de saber que para ti é anormal. Vais ter com a mãe, pedes permissão com o pretexto de ser um estudo sobre os métodos de segurança para crianças - já que é aquilo que eles defendem."
A tremer, mas com fé, fui ter com a mãe. Dei umas voltas pela loja, à espera do momento perfeito e como já tinham passados dois minutos e eu ainda estava a arranjar coragem (para além de nunca haver momentos perfeitos, no que toca a coisas como estas) atirei-me ao que me tinha proposto. Dirigindo-me à senhora: "Hi! Do you mind if I take a picture with your son? I am doing a research..." (aqui o olhar dela derrotou-me) e disse-me "No." e eu "No? Ok...". Ali perdi a tentativa de o fazer acontecer! Mais nervoso, mas agora também envergonhado, fui lá escolher o gel de banho.
Ao andar para a caixa - imaginem um corredor longo e claro de supermecado, onde eu estou a andar desde lá do fundo - com o meu produto, vejo a senhora a pagar e a olhar para trás. Quando eu surjo no seu campo de visão, foge com o seu olhar para a frente fazendo um sinal com a cabeça para a senhora da caixa. Nisto, a fila toda indiscretamente e em cánone, olha para trás. Olham para mim e voltam-se para a frente desviando os olhos. A senhora com a trela e o menino saem dizendo adeus e a senhora da caixa responde-lhes de volta, ficando responsável por tomar conta do ambiente pesado que ali ficou. As senhoras que queriam pagar, mas tinham o pedófilo estrangeiro atrás delas, e a senhora da caixa que ao atendê-las, devia estar a magicar algo para me dizer/repreender. Paguei, saí. Nem uma palavra.
Hoje falhei, mas pode ser que amanhã acerte. Não sei é se tenho coragem... Afinal, não é assim tão normal tirar fotos com meninos atrelados nas ruas...
Hoje voltou a passar-me pela cabeça a ideia de escrever um livro. (risos) Há coisas mesmo loucas...
“A vida é maravilhosa quando não se tem medo dela.” Charles Chaplin

A Banda

Da esquina... antes de chegarem à esquina, já se ouviam lá ao longe... trompetas... a banda... os tambores marcando o ritmo da marcha e da música.
E dobraram a esquina! Confiantes e poderosos! Vestidos e orgulhosos, a Banda surgiu tocando a sua música imponente. As pessoas saiam das casas e vinham à janela, tamanha era a força da banda... Mas a Banda tocava em tempo de guerra. Tocava para que o povo não ouvisse o barulho das bombas que caiam do céu. E por isso a banda tocava mais alto, dando novas esperanças às pessoas.
Quando as bombas caiam, a banda parava. É nesse momento que as pessoas saiam às ruas, para ajudar os feridos e tentarem rapidamente limpar os destroços das estradas. Porque, afinal de contas, a vida tinha de seguir. Viam-se, assim as crianças voltarem para casa assustadas, outras que não voltavam, os velhos que apressadamente regressavam a casa, outros que saiam aproveitando o momento para comprar o que fosse necessário. E no céu só havia aviões do nosso país, vigiando e protegendo o nosso solo. Nisto, a banda aproveitava para afinar os instrumentos. Uns faziam solos para se animarem. Outros faziam solos e cantavam alto, para abafar os choros das mães. Mães que olham para o céu e não têm resposta. No meio dos destroços mais assustadores, dos destroços de prédios inteiros caídos, surgem gatos e cães caminhando lado a lado. Uns coxos, outros sangrando e outros apenas sujos. O fumo no céu nunca chega a ser suficiente para cobrir a cidade de cinzendo.
E a Banda volta a tocar. Depois de terem descansado retomam às posições e voltam a cobrir as ruas com a música, mas ainda baixinho, apenas para dar cor ao dia. Infelizmente, tanques começam a surgir da fronte da cidade, atirando aos primeiros prédios. Atrás dos prédios surgem os nossos soldados com bazucas e metralhadores, cercando o tanque. O tanque resiste, fugindo, recuando, atirando mais balas para impedir o alcance das nossas tropas de infantaria. Com gazes mostarda, e granadas de fumo, fogem desesperadamente. No entanto, são surpreendidos pelo flanco, com 3 granadas e explodem.
Enquanto o tanque explode e é destruido, do outro lado da cidade, começam a cair paraquedistas do céu. Tropas de especialistas que se atiraram de aviões que estavam de passagem. Olhando para o céu e vendo balões abertos em toda a parte, o céu foi coberto pelos paraquedistas. As pessoas notam e começam a gritar, a avisar as autoridades, a entrar em desespero. A Banda também os vê. E é aí que volta a soprar nos instrumentos com os pulmões, com a alma, com tudo o que têm. Sopram com força, com ânimo, limpando com honra as suas vestes cobertas de pó. No entanto, outra bomba cai, e esta mais poderosa. E deixa de se ouvir tiros, as pessoas, os carros, os aviões - só se ouvem os alarmes. Como, se de súbito os habitantes tivessem todos morrido. Será que morreram? Cinzas, nuvens de qualquer coisa... Sons estranhos começam agora a surgir. Sons de navios, mas como pode ser, se estão tão longe do mar? Pessoas de branco com tábuas correm de um lado para o outro; são enfermeiros recolhendo os feridos nas suas macas, para lugares mais seguros. A Banda deixou de se ouvir... O único som prepotente passou a ser o das sirenes e os veículos de saúde, tal como os megafones anunciando às pessoas os melhores sítios de abrido. De súbito, outra bomba cai... Mas lá ao fundo...
A cidade estava completamente dominada pelo inimigo, eles circulavam nas nossas ruas, nas nossas lojas, destruindo tudo. Matando toda a gente. Com os seus tanques, andavam pelas ruas atirando a tudo o que ainda estivesse intacto, massacrando os edifícios onde muita gente vivera. De súbito, no meio das labaredas dos prédios caídos, coxeando, mas fortes e confiantes, ido de frente contra os tanques, marchando vinha a Banda com os instrumentos em baixo. Ao caminhar, alinharam-se e limparam os instrumentos. Fitando os tanques e os soldados nos olhos, ergueram os instrumentos e voltaram a tocar!
Ao mesmo tempo, surgiram os nossos soldados explodindo com os tanques, os nossos cidadãos disparavam com as suas armas aos soldados, cercando os invasores no coração da nossa cidade. As ruas, que ainda há pouco pareciam derrotadas e inabitadas estavam agora cheias de gente dominando o inimigo. Tomámos os tanques e fizémos fogo cerrado contra os tanques da mesma estirpe. A Banda tinha dado esperança aos populares e aos tropas. Tinham agora se erguido todos para combater aqueles que invadiam e tomavam tudo. Com paz e amor, o Sol nasceu e foi na manhã daquele dia que a Banda tocou com mais força que alguma vez tinha tocado na história. Enquanto os soldados inimigos fugiam desesperados e derrotados para longe da cidade, nós comemorávamos cansados, mas com música, vencedores!

Para os Perfeccionistas

Fique o senhor Perfeccionista sabendo que eu sou Perfeccionista. Se não fosse, não estaria a escrever sobre isto. Mas sabe de uma coisa? As outras pessoas não têm de ser perfeccionistas como o senhor! Não têm de ser sempre perfeitos, até porque a maioria deles até gosta de errar. Ignorantes ou não isso é um problema deles! Não é de certeza nosso. Por isso, deixe de corrigir, criticar ou orientar as escolhas menos certas! As pessoas não são feitas do mesmo material, não têm todas de querer o mesmo! Veja lá se deixa de querer ficar por cima em tudo o que os outros fazem, pare de querer saber mais, de mostrar os seus dotes, de se provar a si mesmo. Deixe-os errar... Se o seu interesse é mesmo ajudar, porque não deixá-lo errar para aprenderem? Não mostre a sua baixa auto-estima pegando no que os outros têm de menos bom.
Aprenda a respeitar o espaço dos outros e tudo se torna mais fácil. Para si e para os errantes, senhor perfeccionista. E já que se acha tão perfeito, que tal mostrar um comentário humilde a isto que acabou de ler?

"Ser perfeccionista não é fazer alguma coisa mais ou melhor, ou buscar sempre a excelência; Mais sim ter a convicção emocional errônea de que a perfeição é o único caminho para a aceitação pessoal. É a convicção de que somente seremos aceites como pessoas se formos perfeitos."

Filho da Lua

Contorcia-se na cama... gemia baixinho para não acordar os pássaros... as pobres criaturas que cantam o dia todo para dar alegria ao Mundo... a mulher abafava o choro na sua caminha de palhas... na sua cabana pequenina de palha... deitava lágrimas que já caiam secas ao tocar nas bochechas do rosto. A sua solidão, aparentemente inexplicável, era uma coisa que lhe abraçava todas as noites sem ninguém saber. O que poderia uma mulher pobre querer? Um filho... era tudo o que ela queria...

Nas correntes de vento veio uma lenda. A lenda assobiava que a Lua de Prata poderia concretizar os desejos das mulheres de bom coração, de intensões puras. A mulher levantou-se a correr em direcção ao monte mais alto. E ali estava ela, descalça, pobre, com um vestido usado e rasgado de tecido branco, num monte que a aproximava do Céu a afastava da Terra. Virando os olhos e a alma à nobre Lua de Prata deixou-se ali ficar, no vento da noite. A Lua de Prata desceu de entre as nuvens e abraçou a pobre mulher pobre e só. Abraçou-a. O abraço que não tem medida, nem razão; o abraço que todo ele é paz e amor. Assim, a mulher ficou grávida. Ele percebeu que estava grávida. A Lua de Prata olhou para ela e sorriu, afastando-se, deixando a mulher acompanhada com o pequeno bebé.

Passaram-se os nove meses. A criança nasceu naquela cabana de palha... o vento envolvia e protegia aquele lar de qualquer invasor. Protegida pela Mãe Natureza e vigiada pela Lua de Prata, a criança nasceu. A mãe alegre e exausta, abraçou a criança que tinha no peito. Tinha agora o que sempre ansiara. Já não havia motivo para infelicidade, já não estava só.

A criança não chorou, não gemeu, não se mexeu. E a mãe também não.

Friday 18 January 2008

Café Português

Pude ver o meu irmão e o meu pai através da vidraça do café. Entrei, eles levantaram-se para me darem dois beijinhos cada um, o Caio estava a comer um gelado Maltesers e o meu pai a beber uma bica com uma macieira. Sentei-me na mesa.
Mandei vir um pastel de nata e um Sumol de Maracujá. Na televisão estava a dar um programa qualquer na SIC - acho que era o "Hip Hop'arque" - e lá estava o Carlos Cunha vestido de colegial, com as suas palhaçadas. As pessoas nas outras mesas, olhavam para cima, para a TV e sorriam. O empregado de mesa, filho do dono, abria umas Sagres a olhar para cima, também... e rindo. Desajeitados e lentos, mais umas 4 crianças a correr, a brincar com carrinhos e uma mãe fisicamente atraente, mas bruta como a tradicional portuguesa. Observava aquilo tudo e dizia "o meu povo é assim? É este caos?"...
Posso não me identificar com aquela gente e achar que aquilo é a miséria do nosso país. Posso achá-los tão inferiores comparativamente àquilo que temos para dar e mostrar ao Mundo. Mas... mas todos nós nos calámos para ver o casal de ingleses de entrar... as quatro mesas activas, incluindo a nossa, se calaram... Olhei para os senhores ingleses, enquanto comia o pastel de nata e pensei para comigo: "Não... estes é que são a miséria." E de facto eram... A miséria do Mundo, onde se tratam com muito cuidado com medo de serem processados ou ofenderem alguém, porque não é polite, my dear. Sem aquelas cores berrantes e xícaras de chá tradicionais inglesas, engoliram o seu café numa caneca vulgar. Olharam para a prateleira dos bolos e não pediram nada. Mesmo que o meu pastel de nata ainda estivesse lá, sei perfeitamente que lá continuaria.
Já não comia um pastel de nata há mais de 6 meses... e fui descobri-lo no mesmo lugar aonde me redescobri.

Eu sou Português!

Thursday 17 January 2008

Oração Destruição

Incendeia o Município
Quebra a corrente
Homem

Comete o homicídio
Esfaqueia essa gente
No abdómen

Como era do princípio
E agora é sempre
Amén

Monday 14 January 2008

1000 PASSAGENS!!! =)

Mille Punti!
Abbiamo Vinto!
Mille Punti!

(adoro arranjar todo o tipo de argumentos para fazer mais um post. Só mais um... só mais um)

Um sítio para dormir

A porta estava aberta. A casa? Era assim escura, com janelas penduradas, trepadeiras a engoli-la para a Terra, vidros partidos, estava claramente (claramente, como quem diz, porque, para além de ser de noite a casa é mesmo escura) abandonada. Entrei, claro, tinha de entrar. Não fosse isto um texto meu!
Entrei devagar. Não foi devagar pelo medo. Foi devagar para apreciar a adrenalina... para deixar que os ruídos me incitassem a gritar, no entanto conter-me e transparecer serenidade e até segurança. Ao pisar vidros partidos no chão, com os ténis, fazia questão de pisá-los devagarinho, mas com força, mudando todo o meu equilíbrio e centrar o peso precisamente acima dos cacos. O ruído... Que prazer! E a adrenalina? hmm.... escura, muito escura era a casa. Escura demais, tive de ligar a lanterna (se ainda não te riste, neste texto, é porque ou estás sóbrio, ou estás demasiado crítico. isto é para ser lido com uma mão dentro das calças, enquanto de excitas). Que corredor enorme, logo à entrada. Não há portas até lá ao fundo. Como é que uma casa pode ser feita com um só corredor? De súbido, apareceu-me um mendigo. Apontou-me uma faca ao pescoço. Mas, coitado dele... a cara dele foi ao encontro dos meus nós dos dedos... três vezes.
Ficou anestesiado, o Irmão! Dei-lhe umas chapadinhas, porque precisa dele. Pedi-lhe para ele me penetrar analmente. Ele parecia não ter percebido, então baixei-lhe as calças, aquelas calças emundas... E aquelas cuecas com um cheiro tão intenso... baixei-lhe as calças e disse-lhe para se endireitar. Ele parecia fazer obstáculo aos meus comandos. Coitado, deixou que a cara fosse novamente ao encontro de uma parte sólida do meu corpo... desta vez foi o meu joelho. Remédio santo. O podre mendigo endireitou-se. Que remédio tinha ele? Na vida é a lei do mais forte!
Ele endireiou-se. Vi que ele não me podia penetrar, porque estava fisica e espiritualmente despreparado. Comecei por lamber o pénis dele... ele, aí, agarrou na minha cabeça com a mão e pareceu puxar-me o cabelo para eu parar. Pobre coitado, foi com quase a mesma força que dominei ali manualmente o seu ponto fraco. Percebeu o que eu queria dizer e largou os meus cabelos... Voltei a lamber carinhosamente o seu pénis... E que odor, meu Deus... e que sabor... a minha primeira vez devia ser mais nobre, com alguém mais limpo, mais respeitável... E ali estava eu a fazer uma mamada a um mendigo. Lambi o pénis dele com cuidado... puxei a pele para trás, para poder saborear melhor a cabecinha... que sabor nojento... tive de chupar aquilo tudo, pô-lo todo na boca e misturá-lo com a minha saliva. Não precisei de muito para lavar e purificar o seu membro. Levantei-me e baixei as calças. Olhei de frente para ele, os dois em espelho, num corredor, com as calças para baixo. Ele tinha prazer e medo nos olhos. Virei-me de costas e dobrei-me. Silêncio. "Penetra-me", disse-lhe.... assim ele o fez.
Quando estava a vir-se, tirei o seu pénis do meu anús relaxado e literalmente aberto e pu-lo na minha boca. Regou-me a língua com aquele líquido. Puxei as minhas calças para cima, ele as dele e dei-lhe a mão. Segui em frente, no corredor, guiando-o comigo, pela mão. Encontrei uma porta naquele corredor. Tinha de haver, aquilo não podia ser só um corredor, tem sempre de haver mais qualquer coisa numa casa. Entrámos nessa porta e era a sala, devia ser a sala...
Um colchão no chão com umas mantas... naturalmente seria a cama dele. Disse-lhe para ele se deitar... Ele perguntou o que é que eu lhe ia fazer. Olhei-o nos olhos. Aproximei-me da cara selvagemente. Olhei-o fixamente. Olhei naqueles olhinhos brilhantes e medrosos e vi uma pessoa. Foi aí que me passei. No entanto, com a respiração constante e controlada, foquei-o e bloquei os seus movimentos com o olhar. Hipnotizei-o. Olhei com tanto ódio, tanta raiva, com tanto desprezo que ele percebeu... e deitou-se. Esbocei um sorriso e sentei-me num cadeirão que lá havia.
Olhei para ele deitado, coberto, escondido com medo. Ele olhava para mim, desviando o olhar esporadicamente. O confronto era demasiado forte para ele. Reparei numa televisão que ali estava. Peguei no comando e liguei-a. Pus-me a ver TV. Ele continuava assustado...
Na TV estavam a dar as novelas daqueles canais estranhos que nunca sabemos os nomes. Eu deixava-me ser comido por aqueles programas... depois do que aconteceu, quem é que ainda teria honra? O mendigo adormeceu. Ele ia adormecendo, devo dizer. Levantei-me a correr e dei-lhe um pontapé na barriga. Contorceu-se de dor e deixou-se ficar na cama a gemer. Voltei a sentar-me...
Horas mais tarde, já de dia, tentou levantar-se. Obviamente que eu não iria tolerar aquele tipo de comportamento. Desfiz os meus nós dos dedos na cara dele. A cara vermelha e húmida de sangue. Deixou-se ficar na cama, à espera de algo. Depois é que percebi que queria que eu me fosse embora. Mas eu não... Já era de dia, já podia ver os programas de realmente gostava. Reparei que a cara dele tinha ficado inchada. Ao limpar-se às mantas, pude ver as nódoas negras. Senti-me mal por ele, terei sido demasiado violento? Não... se também me doiam as mãos, ele também podia aguentar com um pouco de dor. Pediu para eu o deixar sair. Pedir é pouco - ele implorou! Pôs-se de joelhos no colchão, - ou devo dizer - tentou pôr-se, mas de súbito uma garrafa de vidro atingiu-o na cabeça. Uma garrafa vinda do nada. Completamente desprevenidos. Desprevenidos? Só se for ele, porque a garrafa não veio do nada, fui eu que a atirei.
Voltou a atirar-se para o colchão em dor, contorcendo-se. Implorava que não lhe fizesse mais daquelas coisas - enquanto eu pensava "Eu? Um ser tão criativo, com tanta coisa para fazer, achas que me ia tornar repetitivo fazendo mais daquelas coisas? Tu terás outras, meu amigo." - que o deixasse em paz. Até aí, tudo bem. Porque estava a dar os Teletubbies e o Sol, o menino que se ri, ia animando-me. Só me passei mesmo quando a Lala não comeu a torrada Tubbie e o aspirador Nonô teve de ir lá e limpar. É que eles fazem sempre o mesmo, todos os programas, se consideração nenhuma pelo pessoal das limpezas. Para piorar o outro, deitado no colchão lembrou-se de, chorando, perguntar "porquê?". Já não bastava estar a interromper-me, num dos meus programas favoritos, ainda me fez a pergunta cliché de quem está a sofrer. Fez-me sentir mal, ele fez com que eu me sentisse um criminoso, ou torturador, um sádico. Eu não admiti. Desapertei os meus atacadores da cara dele....
Voltei a sentar-me. Muito gemeu ele... Pobre rato...
Os Teletubbies tinham acabado, tinha começado o Art Attack. O que me revolta no Art Attack é que aquilo não é difícil de fazer, caso tivéssemos um estúdio como o deles, em que todos os dias há material novo para fazermos coisas novas... Nisto, o mendigo lembra-se de se levantar. Olhei para ele com o olhar "o que é que pensas que estás a fazer?". Ele começou a chorar compulsivamente, a dizer que se queria ir embora. Eu calmamente expliquei-lhe: "não hás-de comer, não hás-de sair desta porta. Eu se fosse a ti, voltava a deitar-me antes que me magoasse mais. Tu daqui não sais." Ele foi a corre a porta. Pobre tolo! Eu estava mais perto dela do que ele e, naturalmente alcancei-a bem primeiro, bloqueando-lhe o caminho... Quando percebeu que tinha tentado e - pior do que isso - falhado sair dali, deu comigo a caminhar na direcção dele. Agarrei na televisão e atirei-a à cabeça! Ele desviou-a, mas ainda foi atingido. Fugiu para um canto da sala. Voltei a agarrar na televisão, ainda com ela ligada à corrente, mas já com os vidros partidos! Atirei ao pobre rato... Atingiu-o, esmagando-lhe as pernas. Disse-lhe desesperado: "Então, foi bom vires-te na minha boca? Que tal me comeres o cú? Agora não dormes! Hás-de ficar a pensar no que me fizeste." Ele desesperado, correu em direcção à única janela que havia e atirou-se. Cortou-se todo. A esvair em sangue, encontrei-o deitado no chão cá fora... Vidros por toda a parte. Tinha um corte profundo na barriga. Sentei-me e vi-o ficar pálido... Cuspia sangue, estendia-me a mão. Mas eu ali sentado naqueles três degraus da entrada, vi-o morrer... lentamente... vi o sangue cobrir as ervas daninhas, vi, vi! Não tive pena nenhuma, porque as pessoas não se podem dar ao luxo de deixar a porta de casa aberta e violar aqueles que por ela entram. Foi isso que ele fez. Não está correcto. Eu posso ter gostado, mas ele não tinha o direito. E eu era virgem... ainda por cima era virgem... Ele penetrou-me violentamente no anús e ainda gozou na minha boca!
Devo confessar que gostei de ter sido comido por ele. Mas quando aquilo acabou, percebi que não sou gay, que aquilo não era para mim e especialmente que ele me metia um enorme nojo. Como não podia deixá-lo viver com aquelas memórias, depois de me ter deflorado, tive de fazer que o tempo passasse até ele se suicidar. Isto é daquelas coisas que não sei ao certo se ele soube serem as causas daquela tortura. Acredito que se tenha sentido culpado no meio de tantos "porquês" e isso bastava-me.
Outra coisa que ele não sabe é que eu, na verdade também tinha sono, tal como ele. Simplesmente não consigo dormir na mesma cama com a mesma pessoa da foda colorida.
Levantei-me, fechei a porta de casa e fui deitar-me no colchão.

Finalmente em paz.
Finalmente descanço.

Descalço no chão frio

Sai a andar, em plena noite serrada, naquele frio. Não procurava nada. Às vezes, quando vamos para um sítio, é só para fugir do sítio onde estavamos. Apesar do frio, a noite estava agradável. Vi alguns carros ainda a passar, decerto que seriam pessoas a regressar a casa. Cansados do dia de trabalho, voltarem para as suas casas quentinhas - nem toda a gente tem de sair à rua como eu.

Reparei nas flores dos campos em que ia passando. Sentei-me ao lado de uma delas. Achei-a bonita, e não quis arrancar. Eu sabia que este sentimento é hipocritamente efémero, caso contrário, teria me sentado mais vezes ao lado dessa flor; afinal de contas estou na rua de casa. Aprendi aos poucos a respeitar tudo aquilo que não se pode defender.

Levantei-me e segui. Passei pelos edificios da escola, passei pelo meu edifício, onde tenho as aulas. Tudo escuro, luzes apagadas, portas fechadas, sem pessoas, sem ninguém. E daqui a umas horas vai estar impossível entrar sem dizer "excuse me". É bom olhar para algo e ver o outro lado... Porque os edifícios também têm de descansar. Posso ter ficado a olhar para a entrada do St. Andrews Building uns dois minutos, mas passou-me tanto dos olhos cá para dentro. Foi uma fotografia que tirei com os olhos. É estranho olhar para uma fotografia de um sítio em que nunca estivémos, acabamos por ficar a olhar para a foto e não ver nada, senão uma paisagem. Ou então, começas a imaginar andar por aqueles campos, encostares-te àquelas árvores e imaginas o que está à volta da imagem. Tal como se a fotografia fosse uma coisa 360º, como aquele que tirou fotografias da praia onde estava sob o seu eixo, dando uma volta completa. Depois esse indivíduo, colaria as fotos nas paredes da cela aonde estava preso, para quebrar o gelo das paredes brancas. Eu pensei nisso tudo naqueles dois minutos.

É olhar para o sítio que vou deixar daqui a uns seis meses e provavelmente nunca mais voltar. É assim que se devem olhar as coisas.

Continuei a andar, em direcção à ponte. A caminho vejo que o nível das águas subiu e que os cisnes estão todos no passeio, mesmo à borda da água agora castanha, mas ainda há dias límpidas. É inevitável vir para sítios destes e não se lembrar da Dama do Lago. Ainda mais para quando se vive sozinho e não se tem amigos, afastado de tudo e de todos. Apenas próximo daquilo que será daqui a uns anos imagens na minha cabeça cansada e uma linha no meu curriculum.

São riscos que gosto de tomar, mas que muitas vezes me arrependo. Mas como não há volta atrás, sou empurrado para a frente. Enfim...

Mas é com um sorriso na cara que vou andando por estas ruas que sinto que não são minhas, mas que, no entanto, estão completamente entregues a mim, vazias. Sento-me num banco solitário. Sento-me por dez minutos, porque o frio é demasiado para se aguentar com apenas estas roupas. O cisne vem ter comigo. Falo com ele, mas ele não parece perceber-me. Mas ele parece sentir-me. E vem ter comigo. É nestas alturas, quando não há fisicamente mais ninguém, quando um homem pensa que trás o peso e a tradição de uma nação, quando aos 16 anos abdica do Mundo por uma vida na arte que percebemos que há coisas mais importantes que tudo o resto. Acima de nós existe a Natureza, existe o verde das plantas. Digo verde, porque é assim a cor das plantas. O rio que corre, os prédios com luzes acesas e apagadas, as pessoas que não passam por ser de noite. E é nesta escuridão e no gelo que é este lugar que eu vejo, imagino, sinto... sinto os mortos a andar à minha volta. espíritos amigos, espíritos de pessoas que já viveram e que tiveram a sua hora.

Espíritos de pessoas que se sentam ao meu lado para me aquecer e meter conversa. E, quando dou por mim, volto ao banco aonde estou sentado, volto desta trip, volto a sentir o frio e vejo à minha volta... silêncio... luzes... o rio... a ponte... vejo prédios... e os cisnes no rio, misturados com a minoria dos patos bravos e outros pássaros. E o cisne que veio ter comigo para me dizer boa noite, voltou para ao pé dos outros.

Eu não vim trazer a minha solidão às ruas, simplesmente vim juntar-lhes a minha para lhes fazer companhia.

Saturday 12 January 2008

O chá que não tomo às cinco

A minha criatividade é burrice! É um penso para tapar a ferida da minha ignorância. Tal como aqueles que riem quando estão nervosos. Gosto de aprender, de abrir horizontes. Gosto de ficar a pensar naquilo que aprendi e perceber as portas que aquilo que me abriu, a maneira diferente de ver o Mundo. Não há nada como descobrir algo novo de maravilhoso, que me muda. No entanto, sou como os outros, sou como o resto do rebanho: eu sou um ignorante. E o que me dói é saber que a minha ignorância não advém de uma pequenez mental, das minhas capacidades de raciocínio, mas sim de uma enorme preguiça.
A preguiça que me destrói, porque evita que eu me vá construindo mais um pouco.
Não é preguiça de estar lá e aprender. É a preguiça de ir até lá. E às vezes chega a ser a preguiça de repetir para fazer bem. Eu sou daqueles que “sabe como se faz”, mas não “sabe fazer”. Cuidei que isto era um tipo de arte. Esta coisa de ficar o dia sem fazer nada, a pensar, a reflectir sobre o Mundo, as pessoas, a dar juízos a coisas que nunca serão eternas.
Pensei que era arte. Mas eu sou artista por outro motivo.
Eu sou artista precisamente por não fazer nada! Por pensar, vadiar mental e filosoficamente, tirar prazer das minhas músicas sempre repetidas, dos mesmos acordes que vou tocando na guitarra. Esse tempo de, aparentemente, não fazer nada deu-me para me conhecer melhor. Acho que faz parte da vida de uma pessoa ela ter de parar para pensar o que é e o que vem isto tudo a ser. Já tive conversas com as “engrenagens” da sociedade, com a morte, e agora estou a ter conversas com as drogas. No entanto, já me sinto perdido, completamente desfeito mentalmente. Sabem o que é ser derrotado aos 19 anos? Olhar para dentro de nós e ver resposta a todas as perguntas, mas não ver acções?
Eu sou muito criativo, e isso faz-me artista. Sou um artista que se senta, ou deita enquanto faz arte. Faço a arte para mim. De vez em quando partilho com os meus próximos, mas não vai mais além do que isso. E sabem porquê? Por causa da minha preguiça.
A minha criatividade… será que é burrice? Será que posso aproveitar melhor o tempo? Sem dúvida que sim. Mas, de momento, estou de férias… E se algum dia voltar de férias… antes de eu morrer fisicamente… talvez te surpreendas com o que vires, tal como eu me surpreendo todos os dias… porque me conheço muito bem. Não é charme, por favor, não me interpretes mal. Isto é um bocado de texto, daquele que pode fazer muito mais, mas escolhe por não fazer… por ser feliz assim.
"Não existe caminho para a felicidade... A felicidade é o caminho!" - Gandhi

Mexe-te!

Tuesday 8 January 2008

Passar o Ano Novo

As opções desta vez eram:
"Na discoteca/bar com o resto da cidade"
"Ambiente íntimo com os amigos"
"Sozinho"
"Família até à meia-noite e depois rua"
"Família a noite inteira"

É evidente que o pessoal que votou prefere uma coisa íntima. Nós somos os nossos amigos, os nossos semelhantes, e é com a nossa malta que gostamos de estar nos tempos de festa. Aqueles que não têm ou não querem ter semelhantes, geralmente passam sozinhos ou andam aí no meio do povo a rir com a cara, mas infelizes por dentro - oh almas penadas! (lol) Fora de brincadeiras, quem tem se mete no meio do barulho todo da noite numa ocasião destas, das duas uma: ou não tem amigos, ou é amigo de toda a gente (que é como aqueles que não têm amigos nenhuns, são realmente). Quanto à família, é aquela coisa... Não foste tu que os escolheste, por isso moralmente tens de os gramar. Se não estás feliz, break on through, se estás, anda deixa-te estar que a família pode ser o teu verdadeiro grupo de amigos! =)

Bom ano a Todos!

Ao meu filho

Foi como muito amor que eu a tua mãe te tivemos. Muito amor, mesmo! Foram longas as noites quentes que passámos debaixo dos lençõis, cobertores ou completamente descobertos - dependendo das estações do ano - para te virmos a ter um dia. E todas essas noites, manhãs e tardes... acredita, meu filho, foram muito intensas. Tudo para te ter um dia. Para te poder ter nos nossos braços. Nos meus e nos desta senhora que eu amo e com quem quero passar a vida - a tua mãe.

Mas tu não nasceste como nós queríamos.

Não é que fosses feio, gordo, ou com alguma deficiência. Entre todos os bebés, até és bonito e os teus avós chegam mesmo a dizer que és o mais bonito deles todos. No entanto, para nós não és aquilo que queríamos.

O teu problema é que és um bebé!

Nós queriamos que fosses mais crescido, um adulto! Mas olha-me para ti... Ris-te da mesma maneira que berras! Tudo para ti é motivo de alarido - menos quando estás a dormir...
Mas nem mesmo quando estás a dormir! Porque tu não tens horários de sono! Tu dormes e acordas quando te apetece! Será que não percebes que a tua mãe e eu temos de descansar para estarmos frescos para o trabalho? Se a noite não nos corre bem, não vamos trazer tanto dinheiro para casa! Não há bonos, elogios nem promoções para ninguém! E tudo por causa do menino! Quantas vezes já te dissemos para não correres? Podes acabar de baixo da roda de um carro, meu Deus! Podes matar-te! Mas nem a tua saúde tu prezas? Mas se não prezas a tua saúde, ao menos ouve o que te temos a dizer! NÃO FAÇAS ISSO!!! (não estejas sempre a sorrir, tu não tens o direito - EU não tive o direito, tu também não terás!) Raios partam a criança que nunca mais cresce! (pouco me interessa que és bebé - eu também fui, mas agora estou grande ou não, tive ou não de crescer? por isso também hás-de crescer à força) Não cuspas a comida! (nem sequer dá ao trabalho de a provar - e tantas vezes tive eu de engolir contrariado essa mesma sopa) Não te borres todo! (sempre a gastar fraldas... não és tu quem as pagas!) Já te disse para não correres na rua! VOLTA PARA AQUI!!!! (eu avisei-te mais que uma vez! e porque eu te amo, vais levar com esta trela em cima, para fazeres o que EU quero!)
Vês?... Eu não te disse que era tudo mais fácil se tivesses nascido adulto?