As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Sunday, 20 January 2008

A Banda

Da esquina... antes de chegarem à esquina, já se ouviam lá ao longe... trompetas... a banda... os tambores marcando o ritmo da marcha e da música.
E dobraram a esquina! Confiantes e poderosos! Vestidos e orgulhosos, a Banda surgiu tocando a sua música imponente. As pessoas saiam das casas e vinham à janela, tamanha era a força da banda... Mas a Banda tocava em tempo de guerra. Tocava para que o povo não ouvisse o barulho das bombas que caiam do céu. E por isso a banda tocava mais alto, dando novas esperanças às pessoas.
Quando as bombas caiam, a banda parava. É nesse momento que as pessoas saiam às ruas, para ajudar os feridos e tentarem rapidamente limpar os destroços das estradas. Porque, afinal de contas, a vida tinha de seguir. Viam-se, assim as crianças voltarem para casa assustadas, outras que não voltavam, os velhos que apressadamente regressavam a casa, outros que saiam aproveitando o momento para comprar o que fosse necessário. E no céu só havia aviões do nosso país, vigiando e protegendo o nosso solo. Nisto, a banda aproveitava para afinar os instrumentos. Uns faziam solos para se animarem. Outros faziam solos e cantavam alto, para abafar os choros das mães. Mães que olham para o céu e não têm resposta. No meio dos destroços mais assustadores, dos destroços de prédios inteiros caídos, surgem gatos e cães caminhando lado a lado. Uns coxos, outros sangrando e outros apenas sujos. O fumo no céu nunca chega a ser suficiente para cobrir a cidade de cinzendo.
E a Banda volta a tocar. Depois de terem descansado retomam às posições e voltam a cobrir as ruas com a música, mas ainda baixinho, apenas para dar cor ao dia. Infelizmente, tanques começam a surgir da fronte da cidade, atirando aos primeiros prédios. Atrás dos prédios surgem os nossos soldados com bazucas e metralhadores, cercando o tanque. O tanque resiste, fugindo, recuando, atirando mais balas para impedir o alcance das nossas tropas de infantaria. Com gazes mostarda, e granadas de fumo, fogem desesperadamente. No entanto, são surpreendidos pelo flanco, com 3 granadas e explodem.
Enquanto o tanque explode e é destruido, do outro lado da cidade, começam a cair paraquedistas do céu. Tropas de especialistas que se atiraram de aviões que estavam de passagem. Olhando para o céu e vendo balões abertos em toda a parte, o céu foi coberto pelos paraquedistas. As pessoas notam e começam a gritar, a avisar as autoridades, a entrar em desespero. A Banda também os vê. E é aí que volta a soprar nos instrumentos com os pulmões, com a alma, com tudo o que têm. Sopram com força, com ânimo, limpando com honra as suas vestes cobertas de pó. No entanto, outra bomba cai, e esta mais poderosa. E deixa de se ouvir tiros, as pessoas, os carros, os aviões - só se ouvem os alarmes. Como, se de súbito os habitantes tivessem todos morrido. Será que morreram? Cinzas, nuvens de qualquer coisa... Sons estranhos começam agora a surgir. Sons de navios, mas como pode ser, se estão tão longe do mar? Pessoas de branco com tábuas correm de um lado para o outro; são enfermeiros recolhendo os feridos nas suas macas, para lugares mais seguros. A Banda deixou de se ouvir... O único som prepotente passou a ser o das sirenes e os veículos de saúde, tal como os megafones anunciando às pessoas os melhores sítios de abrido. De súbito, outra bomba cai... Mas lá ao fundo...
A cidade estava completamente dominada pelo inimigo, eles circulavam nas nossas ruas, nas nossas lojas, destruindo tudo. Matando toda a gente. Com os seus tanques, andavam pelas ruas atirando a tudo o que ainda estivesse intacto, massacrando os edifícios onde muita gente vivera. De súbito, no meio das labaredas dos prédios caídos, coxeando, mas fortes e confiantes, ido de frente contra os tanques, marchando vinha a Banda com os instrumentos em baixo. Ao caminhar, alinharam-se e limparam os instrumentos. Fitando os tanques e os soldados nos olhos, ergueram os instrumentos e voltaram a tocar!
Ao mesmo tempo, surgiram os nossos soldados explodindo com os tanques, os nossos cidadãos disparavam com as suas armas aos soldados, cercando os invasores no coração da nossa cidade. As ruas, que ainda há pouco pareciam derrotadas e inabitadas estavam agora cheias de gente dominando o inimigo. Tomámos os tanques e fizémos fogo cerrado contra os tanques da mesma estirpe. A Banda tinha dado esperança aos populares e aos tropas. Tinham agora se erguido todos para combater aqueles que invadiam e tomavam tudo. Com paz e amor, o Sol nasceu e foi na manhã daquele dia que a Banda tocou com mais força que alguma vez tinha tocado na história. Enquanto os soldados inimigos fugiam desesperados e derrotados para longe da cidade, nós comemorávamos cansados, mas com música, vencedores!

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