Tuesday, 26 February 2008
Curtas - A Alma do Negócio
Como parei de publicar os Textos Soltos da Águia Branca, comprometo-me agora a publicar curta-metragens todas as Segundas-feiras. (para animar também o espírito do blog com um pouco de 7ª arte)
"Impossível" é uma palavra
Ele caminhava confiante, fazendo o Mundo girar por baixo de si, ao ritmo dos seus passos.
Os enormes edifícios coloridos ficaram pequenos e transparentes. Os verdes campos desse país ficaram cada vez mais extensos. De tal forma infinitos se tornaram esses campos que seriam capazes de dissipar toda aquela energia. Toda aquela felicidade podia perder-se, mas em vez disso, espalhavam-se pelos verdes abraçando os campos, o país, a ilha, o mar e o Mundo.
Deixava sementes de plantas de cor rara, para compensar os edifícios - agora incolores e derrotados - que ainda insistiam em erguer-se. Esses edifícios que representam as ruínas do Passado, a queda de um Império forte que trabalhou até ao limite das suas peças, que forçosamente e um pouco contrariadas continuavam a mexer-se.
Era o início de uma nova Era. O começo de uma época onde as pessoas ficariam mais humanas e sensíveis, voltando a caminhar para o Horizonte felicidade há muito tempo esquecido. E ele caminha confiante, com a bandeira erguida, guiando um povo que seguia nas suas costas. Com um batalhão de gente desempregada, caminhava atraindo também os ainda empregados. E foi primeira vez, em muito tempo, que a Mãe-Natureza voltou a confiar o Mundo a uma pessoa da raça Humana.
As pétalas do meu jardim indicam-me o caminho
E se Jesus fosse revisor de comboio?
Hoje vi O Escolhido a picar bilhetes e a vendê-los a quem ainda não os tinha comprado. Era uma pessoa simpática, sorridente e bem-disposta. Interrompia a conversa com os viajantes para abrir as portas do comboio nas paragens que ia fazendo pelo caminho. Depois voltava ao tema em que estava, rodeando-se de desconhecidos, e, transformando-os magicamente em amigos efémeros. Não há nada de hipócrita em animar gente estranha e criar um laço - por mais pequeno que seja - com eles. Para quê deixar a solidão falar, quanta há tanta gente com quem comunicar?
Esta é a solidão de um Messias, nos tempos modernos, cuja Maquinaria o impede de criar raízes sólidas, encontrando a sua Terra nas paisagens que as vidraças do comboio alcançam. Vive, assim, em viagem constante, a trocar o buraco nas almas das pessoas por um furo pequenino num bocado de cartão. E tudo o que precisa é de um sorriso e um obliterador.
Não falemos dos pais do Messias que sempre o verão como o filho rebelde mal-sucedido. Falemos antes nas duzentas pessoas que estão neste comboio - que pode descarrilar a qualquer momento -, agora também preparadas espiritualmente para o Escuro e Desconhecido. E tudo por causa de uma pessoa que faz laços pequenos. Pequenos, mas bem feitos!
Eterno Amargo
Todos os ares emanados pelas nuvens do céu, juntamente com a transpiração das plantas e as exalações do mar, concentram-se na vidraça da janela no primeiro dia do eterno infinito. Assim, ela abriu a janela para que esse ar entrasse. Ao abrir a janela, as cortinas dançaram para na passagem desse ar que procurava qualquer coisa indeterminada. O ar entrou batendo em todas as paredes do seu quarto, num ziguezague louco de felicidade, atingiu os móveis, as roupas, os livros e tudo o mais que lá havia. Momentos antes de entrar nas narinas da velha senhora, já não estava mais em forma de eternidade, mas numa eternidade inconfundivelmente pessoal – na sua eternidade, individual e intransmissível. Com beijos de tudo o que há de bom do Mundo, mais de tudo o que era seu, entrou nos seus pulmões, activando a circulação sanguínea, o coração e a vontade. Foi tomar banho.
Pouco tempo depois, já estava à porta de casa, nas suas humildes roupas. Carregada de futuro no coração, atirou-se às ruas com o seu carrinho de compras e papéis para ir ao banco. Quis ir primeiro ao banco, para poder levantar o dinheiro necessário para ir às compras. Também estava interessada em ver se essa reforma – o que pagam como recompensa por se ser uma peça da Grande Maquinaria durante anos – pela qual lutou toda a vida já tinha caído na sua conta, ou se teria de usar as poupanças que fez ao longo dos anos. As poupanças que ganhou perdendo momentos de vida mais feliz, momentos que os outros tiveram por ser de outra condição. Mas a culpa não é dos outros; ela é que é de outra condição. No entanto, o banco estava fechado e teve de usar o dinheiro que obteve através de todas as coisas que teve de abdicar durante a vida. E apesar do sentimento de pobreza e de irrealização pessoal, foi contar as moedas e viu que tinha pouco, mas que pelo menos ainda tinha.
As lojas estavam fechadas. Fechadas para ela, de propósito, até parecia. Nunca percebemos bem os horários destas lojas, que funcionam todas de acordo com os movimentos da batuta do maestro. Lojas que dependem de alguém. E lojas de quem todos os alguéns dependem. A velhinha olhou para as montras à procura de algo para comprar. Assim, poderia saber até melhor quanto tinha de levantar no banco quando ele abrisse, e até poupava um pouco da sua eternidade escolhendo previamente aquilo que pensava comprar. Mas as lojas não vendem nada do que ela precise, e nem sequer vendem os produtos que ela procura. Porque as lojas não se podem dobrar aos caprichos dessa pequena minoria que insiste estar na margem da resistência.
A velha, então, parou para olhar à volta. Parou para ter resposta. Parou para receber o ar que tinha recebido em casa. E só havia silêncio. Não havia pessoas, nem animais, nem abandonados, nem mendigos, nem oxigénio. Um silêncio que não era paz. Um silêncio que ninguém poderá quebrar. Porque não podemos ser mais papistas que o Papa e correr contra a direcção que essa Máquina - para fazer vento e tempestades - está apontada.
Fiquei preocupado com a senhora e pousei o livro da história que estou a escrever para lhe dizer, porque é que a ocasião se relaciona com ela deste modo:
Tu és cor-de-laranja. Não és como as pessoas normais. E eu, no início da tua história, jamais disse que era de dia, que estava bom tempo, ou que o Mundo queria pedir perdão pelo que te fez a vida toda. Porque, na verdade, aquele vento que sentiste ao abrires a janela do teu quarto, só aí é que o sentes. Só... e aí. Está de noite, está frio, e nem por isso serás aceite.
Pouco tempo depois, já estava à porta de casa, nas suas humildes roupas. Carregada de futuro no coração, atirou-se às ruas com o seu carrinho de compras e papéis para ir ao banco. Quis ir primeiro ao banco, para poder levantar o dinheiro necessário para ir às compras. Também estava interessada em ver se essa reforma – o que pagam como recompensa por se ser uma peça da Grande Maquinaria durante anos – pela qual lutou toda a vida já tinha caído na sua conta, ou se teria de usar as poupanças que fez ao longo dos anos. As poupanças que ganhou perdendo momentos de vida mais feliz, momentos que os outros tiveram por ser de outra condição. Mas a culpa não é dos outros; ela é que é de outra condição. No entanto, o banco estava fechado e teve de usar o dinheiro que obteve através de todas as coisas que teve de abdicar durante a vida. E apesar do sentimento de pobreza e de irrealização pessoal, foi contar as moedas e viu que tinha pouco, mas que pelo menos ainda tinha.
As lojas estavam fechadas. Fechadas para ela, de propósito, até parecia. Nunca percebemos bem os horários destas lojas, que funcionam todas de acordo com os movimentos da batuta do maestro. Lojas que dependem de alguém. E lojas de quem todos os alguéns dependem. A velhinha olhou para as montras à procura de algo para comprar. Assim, poderia saber até melhor quanto tinha de levantar no banco quando ele abrisse, e até poupava um pouco da sua eternidade escolhendo previamente aquilo que pensava comprar. Mas as lojas não vendem nada do que ela precise, e nem sequer vendem os produtos que ela procura. Porque as lojas não se podem dobrar aos caprichos dessa pequena minoria que insiste estar na margem da resistência.
A velha, então, parou para olhar à volta. Parou para ter resposta. Parou para receber o ar que tinha recebido em casa. E só havia silêncio. Não havia pessoas, nem animais, nem abandonados, nem mendigos, nem oxigénio. Um silêncio que não era paz. Um silêncio que ninguém poderá quebrar. Porque não podemos ser mais papistas que o Papa e correr contra a direcção que essa Máquina - para fazer vento e tempestades - está apontada.
Fiquei preocupado com a senhora e pousei o livro da história que estou a escrever para lhe dizer, porque é que a ocasião se relaciona com ela deste modo:
Tu és cor-de-laranja. Não és como as pessoas normais. E eu, no início da tua história, jamais disse que era de dia, que estava bom tempo, ou que o Mundo queria pedir perdão pelo que te fez a vida toda. Porque, na verdade, aquele vento que sentiste ao abrires a janela do teu quarto, só aí é que o sentes. Só... e aí. Está de noite, está frio, e nem por isso serás aceite.
E como me disse o meu avô quando lhe disse que não aguentava mais viver em Inglaterra a passar fome, isolado, com sentimentos auto-destrutivos e de auto-consumo disse à velha: “Tu hás-de conseguir. Eu fiz mais do que tu e também consegui. Não serás a primeira, nem a última a passar por isso”. Ninguém disse que com a tua reforma viria a bonança da vida. Por isso, entrega-te à tua eternidade... já que é tudo o que conquistaste... e tudo o que te resta.
A todos os meus leitores
A todos os meus leitores, quero fazer falar aqui, fora da língua em que geralmente comunico. Vou ser breve e pragmático.
Antes de mais, quero agradecer a todos os comentários de apoio. Se não agradeci, foi porque, como muita gente que não comenta os meus textos - por não saber o que dizer -, também eu não comento os vossos comentários. Continuem a ser livres - até para não comentar -, porque a vossa liberdade inspira a minha. Obrigado a todos.
A Águia Branca acabou no meu blog. Como já afirmei no post anterior, vou substituir as Segundas-feira de poemas dela, por curtas. No entanto, ela não acabou. Felizmente, e graças aos vossos comentários que a motivaram, ela formou o seu próprio blog. Mais um cantinho para ser visitado, especialmente por aqueles que gostaram de a ler. http://livredemim.blogspot.com/
Quero também falar-vos, especialmente para aqueles que gostam de me ler, de uma das minhas inspirações. É o blog de uma jovem actriz em ascenção, onde escreve os seus textos com cores fortes no quadro que quer pintar. Aparentemente sem significados, os seus textos transbordam de símbolos e mensagens que muito poucos percebem. Eu também não alcanço tudo o que ela escreve. No entanto, acho fascinante, inspirador e motivo para ser promovido. A quem quiser pensar um pouco, fica aqui mais uma receita: http://semimaginacaonenhumaparaumendereco.blogspot.com/
E lembrem-se: quebrem a corrente do silêncio... Break On Through (to the other side). Não se fiquem por ler... Leiam alto para os pobres que não sabem ler!
Saturday, 16 February 2008
Espectáculo de rua
Já todos lhe tinham perguntado quando seria a sua próxima proeza. E o que seria desta vez? A última vez foi com fogo, a anterior tinha sido com facas, que poderá ser mais difícil, mais desafiante do que isso?
Ela, na verdade, sentia que não merecia aquela gente toda. Aquela multidão que a cercava e fazia pressão. Que batia palmas para continuar, para continuar a avançar, para arriscar e brincar com coisas ainda mais perigosas. E ela não queria mais. Mas as pessoas batiam palmas, e motivavam cada vez mais alto, cada vez mais alto estavam os cartazes, e ela leu-os logo que os puseram no ar. E eles sabiam disso.
Mas o povo precisa de alguém que seja forte por ele, alguém que consiga carregar o seu bom nome às costas e erguê-lo bem alto, onde todos no estrangeiro possam ver quem são. E de forma a que todos possam descobrir quem são.
A pobre criatura foi embalada por aquele vento que saía da boca das pessoas. Pousou as suas coisas e começou a pensar no próximo número. Queria agradar a todos. Queria ser o símbolo nacional, tornar-se imortal, realizar o sonho que muita gente gostava de ser, mas - e mais que tudo - não queria desapontar tanta gente, já que lhe tinha depositado tamanha confiança.
Assim, foi buscar o livrinho de truques e procurou o truque mais complicado. Silêncio da parte de todos.
Era o malabarismo com fogo e facas. Este tinha a particularidade de ser mais difícil, porque as facas afiadas e os bastões em chamas não pesam a mesma coisa, sendo o equilíbrio mais difícil. As pessoas na fila da frente conseguiram ver a imagem da página que ela estava a ler e começaram a gritar de felicidade. As pessoas atrás perguntaram o que se passava e eles passaram a mensagem. De súbito, o público já estava todo em pé a bater palmas, outra vez, e ela ainda nem tinha decidido se ia fazer. Mas o público já...
Com nevoeiro nos olhos, agarrou nos objectos e atirou-os ao ar.
As pessoas sairam andando, em silêncio, caladas. Chegou a ambulância, puseram-na na maca e levaram-na para o Hospital. Quando foi atendida, 20 minutos depois, a médica assustou-se ao vê-la. Respirou fundo e, depois de ter ganho coragem, perguntou-lhe o que é lhe deu na cabeça para assumir tal risco, se pensava que era o Messias. A jovem malabarista, entregando as suas últimas palavras, respondeu: "Não sei...".
E a médica tinha estado lá, na primeira fila.
Depois da chuva vem o Arco-Íris
No campo de batalha não éramos os únicos derrotados. Longe disso! Havia outras pessoas que aos nos verem cairem, perdiam a esperança, deixando o corpo abraçar a Terra. Foi aí que descobrimos que somos demasiado importantes e fortes para cair. Levantámo-nos sem armadura, despidos, apenas com a nossa pele, o nosso corpo. E, quando nos levantámos, voou uma flecha na nossa direcção que se espetou bem no nosso peito, no coração, no nosso ponto mais fraco.
Tirámos a flecha e continuámos andando. Porque o nosso corpo é a nossa armadura. Porque já nascemos guerreiros. E para a frente caminhámos. Para a frente!
Tirámos a flecha e continuámos andando. Porque o nosso corpo é a nossa armadura. Porque já nascemos guerreiros. E para a frente caminhámos. Para a frente!
O que é ser PURO?
Aqueles que viram o meu video no meu post Puro e leram o Tempo de Chuva ouviram este novo conceito que eu tenho vindo a explorar a partir do dia em que (mais tarde vim a descobrir) me assumi como artista. Nós nascemos todos artistas e a sociedade, a começar pelos nossos queridos pais - na sua maioria infelizes por terem sido castrados também há já muitos anos - que nos vendam as cores que o Mundo tem. No dia em que chorei de saudades do meu irmão e por ser filho de quem sou, gravando ao som de uma música que me limpou a alma, assumi-me inscientemente como artista, com uma missão a cumprir.
Muitos dos meus amigos e colegas de turma vieram perguntar-me o que se tinha passado comigo, agressivamente perguntando "o que é que te deu na cabeça?". Atingindo-me com flechas num coração ainda fraco e pouco confiante nisto que é de ser sincero, verdadeiro e guerreiro apaixonado - um artista. Muitos gozaram, riram ou acharam impróprio ou sem nexo. Eu sabia que aquilo ia ser útil mais tarde e continuei a defender o Puro. No processo de auto-conhecimento afirmava que "o Puro é o início de um projecto", mas jamais desconfiei que esse projecto se fosse tornar a minha vida. Os mais sensíveis disseram que gostaram do video, alguns até que choraram comigo.
Passados 2 anos e 2 meses, o Puro continua lá e o seu significado solidificou-se. Eu percebi, em todas as vezes que chorava, que encolhia de tamanho, que voltava aos meus segundos de nascido. Chorar é o momento em que se pode fazer o que quiser à nossa volta, que jamais parará o nosso choro. É o momento em que nos entregamos àquelas partículas de água, e que acabamos por fazer com que caiam pesadas e densas. Chorar é o maior acto de katharsis, a maior libertação do espírito. Se registarem todas as coisas que pensarem enquanto choram, encontrarão coisas como Paz no Mundo, a pobreza, a fome, a injustiça, a falta de amor, entre muitas outras - e por tudo isso chorarás. Chorarás pelo que falta e pelo que é certo. Chorarás também por tudo o que fizeste de mal aos outros. É o momento mais sensível e mais forte do ser humano, quando não há razão, nem segundas intenções.
O meu ideal é o ser Puro que caminha sem chorar.
Muitos dos meus amigos e colegas de turma vieram perguntar-me o que se tinha passado comigo, agressivamente perguntando "o que é que te deu na cabeça?". Atingindo-me com flechas num coração ainda fraco e pouco confiante nisto que é de ser sincero, verdadeiro e guerreiro apaixonado - um artista. Muitos gozaram, riram ou acharam impróprio ou sem nexo. Eu sabia que aquilo ia ser útil mais tarde e continuei a defender o Puro. No processo de auto-conhecimento afirmava que "o Puro é o início de um projecto", mas jamais desconfiei que esse projecto se fosse tornar a minha vida. Os mais sensíveis disseram que gostaram do video, alguns até que choraram comigo.
Passados 2 anos e 2 meses, o Puro continua lá e o seu significado solidificou-se. Eu percebi, em todas as vezes que chorava, que encolhia de tamanho, que voltava aos meus segundos de nascido. Chorar é o momento em que se pode fazer o que quiser à nossa volta, que jamais parará o nosso choro. É o momento em que nos entregamos àquelas partículas de água, e que acabamos por fazer com que caiam pesadas e densas. Chorar é o maior acto de katharsis, a maior libertação do espírito. Se registarem todas as coisas que pensarem enquanto choram, encontrarão coisas como Paz no Mundo, a pobreza, a fome, a injustiça, a falta de amor, entre muitas outras - e por tudo isso chorarás. Chorarás pelo que falta e pelo que é certo. Chorarás também por tudo o que fizeste de mal aos outros. É o momento mais sensível e mais forte do ser humano, quando não há razão, nem segundas intenções.
O meu ideal é o ser Puro que caminha sem chorar.
Início do meu fim
Comecei sem saber bem o que beber naquele dia. A boca estava seca de qualquer coisa que ainda não tinha provado. É possível nós querermos algo que não sabemos o que é? Pensam que é demasiado poético? E se eu vos falar de todas as coisas que vos aborrecem, todas as coisas que põem entrave à vossa liberdade? E se vocês conseguirem ver que não é possível viver sem essas pessoas, que são peças importantes de uma forma ou de outra na vossa vida, se vocês por outro lado confessarem a impossibilidade de essas pessoas não existirem… se isso acontecer, sabem que sede é essa que se tem, mas que não se procura. A única diferença é que, apesar de eu estar com sede naquele dia, eu nunca tinha bebido nada.
E nunca saberei se o leite do peito da minha mãe era o que eu realmente procurava.
E nunca saberei se o leite do peito da minha mãe era o que eu realmente procurava.
Tempos de chuva
Há alturas em que o corpo está demasiado cansado para continuar. Fartos de nos deitarmos na cama, que descansar é um penar que nunca mais acaba. Ficamos, assim, entregues à nossa doença de sentir num mundo sem sensações.
Cada vez que tossimos perdemos mais um pouco de energia que ainda tínhamos guardado. A pele que recebe agora sinais de tempo frio vai ficando cada vez mais clarinha até à cor em que as nossas mães e avós chamariam de "pálida". O friozinho dos dedos dos pés vai acabando por dominando os pés no seu todo. O corpo passa a ser mais um peso, a armadura passa a ser mais um peso, o elmo passa a ser mais um peso, assim como todas as armas e tudo o mais que trouxémos para conquistar. É nestas alturas que o corpo fica mais pesado e tudo o que temos vira-se contra nós, afogando-nos no amor-próprio de uma juventude quase vencida... quase...
Deixamos cair as armas no chão, despimos a armadura e tudo mais no meio do campo de batalha. Caimos de joelhos e mãos no chão, enquanto respiramos para recuperar. Queremos recuperar, mas demoramos o tempo que for necessário, enquanto no céu acima de nós flutuam lanças e espadas em todas as direcções. Tentamos recuperar. Mas será que é isso que queremos, recuperar? Já nem isso sabemos... Sabia tão bem podermos descansar, podermos descansar finalmente. Entregamos o nosso corpo à mala outrora suja e agora tão macia e relaxante.
Depois de algum tempo, levantamo-nos e seguimos em frente sem armas, em paz, à procura de sermos encontrados. Seguimos em frente desarmado na batalha. E se nos cairem lágrimas no nosso caminho, haverá sempre alguém mais forte a dizer que as lágrimas não são razão nem solução. Queremos abraçar todas as cores do Mundo, mas o Mundo é incolor. O único povo que tem cores somos nós, nós é que podemos mudar o Mundo. Mas este povo está tão cansado, tão velho. Jamais vencido, mas muito fraco.
E a maior solidão do Mundo é não ter ninguém e só encontrar a Paz e o conforto num texto escrito na primeira pessoa do plural. São coisas que fazemos para nos sentirmos menos sozinhos. Cada vez menos sozinhos. Sozinhos... sós... tristes... vencidos... eu.
Amo quem quer seja que leu isto. Amo com toda a minha alma, porque pode ser que tenha sentido a solidão que me assombra e que... e que... não consigo... desculpem-me... estou demasiado... PURO........................ amo-vos! Entrego-vos o meu coração... é tudo o que me resta.
Que lavo primeiro?
Que lavo primeiro; o corpo ou o cabelo?
Elogios feitos de ar e de linhas.
De que me vale os exemplos do Mundo, de que me vale o Mundo, de que me vale a vida, a força, o amor, a esperança, os objectivos, se eu não estou feliz?
De que valem as palmadas nas costas, se eu as vejo mas não as sinto?
Nos duches longos e quentes, posso observar as gotas de água no meu ombro. O vapor domina a casa-de-banho e assim fico entregue à minha intimidade, ao meu mundo.
E é nestas alturas em que se faz uma das perguntas mais difíceis: Que lavo primeiro; o corpo ou o cabelo? Hoje, mais uma vez, decidi lavar primeiro o cabelo - já que assim dá tempo para actuar, enquanto lavo o corpo calmamente.
Lavo bem o meu pénis mais que sujo de solidão, a minha barriga cada vez mais peluda. Os meus ombros com gotas únicas que têm uma missão apenas na sua vida: pousarem uma vez no meu ombro. Olho para os meus ombros, e peito da perspectiva dos meus olhos... Vejo as gotas. E sinto o calor, sensações... Quente... conforto... e uma certa paz. Uma paz que me pode trazer de volta em pé. Sei que essa paz é única. Olho para a casa-de-banho que não é minha e vejo que sou fraco e pequeno, que há pessoas em melhores situações que a minha. Mas quando olho para as gotas, penso naqueles que nem isto têm... Que são muito mais do que aqueles que têm tanto ou mais do que eu. Mas tantos... um número que nunca mais acaba e que jamais parece estabilizar ou diminuir. Tanta pobresa no Mundo! Tanta, tanta! Tantas caras tristes, tantas crianças que jamais chegarão a adultos, tantos bebés que jamais chegarão a crianças... e eu ali, a desperdiçar água, gotas e mais gotas que podiam ser o ombro dessa gente.
E a pergunta, neste momento, complica-se:
Que lavo primeiro: o corpo, o cabelo ou as lágrimas?
E como sou impotente e sinto-me fraco, mergulho a cara apontada para o céu, de baixo do chuveiro, lavando tudo ao mesmo tempo. Tudo e ao mesmo tempo nada.
Elogios feitos de ar e de linhas.
De que me vale os exemplos do Mundo, de que me vale o Mundo, de que me vale a vida, a força, o amor, a esperança, os objectivos, se eu não estou feliz?
De que valem as palmadas nas costas, se eu as vejo mas não as sinto?
Nos duches longos e quentes, posso observar as gotas de água no meu ombro. O vapor domina a casa-de-banho e assim fico entregue à minha intimidade, ao meu mundo.
E é nestas alturas em que se faz uma das perguntas mais difíceis: Que lavo primeiro; o corpo ou o cabelo? Hoje, mais uma vez, decidi lavar primeiro o cabelo - já que assim dá tempo para actuar, enquanto lavo o corpo calmamente.
Lavo bem o meu pénis mais que sujo de solidão, a minha barriga cada vez mais peluda. Os meus ombros com gotas únicas que têm uma missão apenas na sua vida: pousarem uma vez no meu ombro. Olho para os meus ombros, e peito da perspectiva dos meus olhos... Vejo as gotas. E sinto o calor, sensações... Quente... conforto... e uma certa paz. Uma paz que me pode trazer de volta em pé. Sei que essa paz é única. Olho para a casa-de-banho que não é minha e vejo que sou fraco e pequeno, que há pessoas em melhores situações que a minha. Mas quando olho para as gotas, penso naqueles que nem isto têm... Que são muito mais do que aqueles que têm tanto ou mais do que eu. Mas tantos... um número que nunca mais acaba e que jamais parece estabilizar ou diminuir. Tanta pobresa no Mundo! Tanta, tanta! Tantas caras tristes, tantas crianças que jamais chegarão a adultos, tantos bebés que jamais chegarão a crianças... e eu ali, a desperdiçar água, gotas e mais gotas que podiam ser o ombro dessa gente.
E a pergunta, neste momento, complica-se:
Que lavo primeiro: o corpo, o cabelo ou as lágrimas?
E como sou impotente e sinto-me fraco, mergulho a cara apontada para o céu, de baixo do chuveiro, lavando tudo ao mesmo tempo. Tudo e ao mesmo tempo nada.
O silêncio da Noite
(recomenda-se ouvir a música ao lado em simultâneo com a leitura - Fly Me Away)
Sete da tarde, chegou do trabalho. O dia está a começar. Comer qualquer coisita, para disfarçar, dar comida ao gato. Dança ao deslocar-se de divisão em divisão em casa. Mete a música, porque uma grande noite vem aí. Por volta das oito vai tomar o seu duche longo, ainda com a sua música disco alta. Deixa-se derreter debaixo do chuveiro, enquanto se sacode toda na batida desta música louca que a inspira e motiva. É Sexta-feira e para derrubar tudo!
Sai do banho na sua toalha cor-de-rosa. Outra toalha - azul turquesa - no cabelo. Sai da casa-de-banho e vai para sala, para ouvir melhor a música. O gato observa tudo sem perceber muito bem o que se está a passar. Ela sobe para cima da mesa e dança. Às nove está em frente ao espelho a começar a sua maquilhagem. Abre a revista e vê qual vai ser a maquilhagem de hoje. Tem de ser algo exuberante, porque ela sente-se uma diva. Curva-se toda ao apoiar-se na pia. Que verdadeira escultura, que beleza de mulher.... Com o seu fio dental sexy e sutien vermelho vermelhão. Louca noite, a dela. Depois de feita a maquilhagem, vai para o guarda-fato e escolhe o que vai vestir: jeans - tem de ser - e uma camisola moderna com o ombro descaído. Confortável e sexy, está quase pronta. Só falta o mais difícil: os sapatos. All Stars, tamancos, B&Ws, high heels, sandálias, havaianas... High heels! Calça os saltos altos e vê-se no seu espelho de corpo inteiro. Que bela! O telefone toca, são as miúdas. "Vou já descer." e sai, desligando a música, mas deixando a TV ligada e o gato a olhar, sentado.
Silêncio... silêncio... espera... mais um bocado de silêncio, tem calma... silêncio... está quase! Entra no carro, beijinho às amigas... espera... e... MÚSICA! "Mete isso mais alto. Adoro isto!" Ai, querida, estás linda! Olha para ti! "Achas?" Claro!! Wooooooooooo E seguem. Vão ainda buscar outra amiga, que ainda não estava pronta.
Chegam à porta dela, toque no telemóvel. Luzes do prédio acendem por dentro... 13... 14... 15... 16 segundos... ali está ela! Entra. "Pronto, já estamos todas. Próxima paragem: DISCO!!"
Param o carro longe, porque não há vagas. Vão para a fila as 4 bonecas, elegantes e confiantes. Vejam só aqueles... a pensar que iam entrar! e vão dando passinhos, enquanto a fila vai avançando. Boa noite, meninas. "Boa noite, Ricardo!" - e entram.
E entraram. Cá para fora só passa a música abafada, com os sons distorcidos e mal definidos. Ouvem-se as pessoas, mas não se percebe o que estão a fazer. Luzes de muitas cores, muitas cores. O porteiro mete a corrente, olha à volta a ver se há mais alguém e fecha a porta. A discoteca está agora isolada. Cá fora fica só o barulho de fundo e o parque de estacionamento repleto de carros, mas vazio de pessoas.
Elas entraram, mas nunca mais sairam... E se tu viste o que se passou lá dentro, mantém a boca fechada. A noite é para divertir. E se não queres que te aconteça o mesmo, no teu lugar, eu manteria o silêncio. Achas que vais conseguir mudar alguma coisa? Dança! Dança para esquecer!
Sete da tarde, chegou do trabalho. O dia está a começar. Comer qualquer coisita, para disfarçar, dar comida ao gato. Dança ao deslocar-se de divisão em divisão em casa. Mete a música, porque uma grande noite vem aí. Por volta das oito vai tomar o seu duche longo, ainda com a sua música disco alta. Deixa-se derreter debaixo do chuveiro, enquanto se sacode toda na batida desta música louca que a inspira e motiva. É Sexta-feira e para derrubar tudo!
Sai do banho na sua toalha cor-de-rosa. Outra toalha - azul turquesa - no cabelo. Sai da casa-de-banho e vai para sala, para ouvir melhor a música. O gato observa tudo sem perceber muito bem o que se está a passar. Ela sobe para cima da mesa e dança. Às nove está em frente ao espelho a começar a sua maquilhagem. Abre a revista e vê qual vai ser a maquilhagem de hoje. Tem de ser algo exuberante, porque ela sente-se uma diva. Curva-se toda ao apoiar-se na pia. Que verdadeira escultura, que beleza de mulher.... Com o seu fio dental sexy e sutien vermelho vermelhão. Louca noite, a dela. Depois de feita a maquilhagem, vai para o guarda-fato e escolhe o que vai vestir: jeans - tem de ser - e uma camisola moderna com o ombro descaído. Confortável e sexy, está quase pronta. Só falta o mais difícil: os sapatos. All Stars, tamancos, B&Ws, high heels, sandálias, havaianas... High heels! Calça os saltos altos e vê-se no seu espelho de corpo inteiro. Que bela! O telefone toca, são as miúdas. "Vou já descer." e sai, desligando a música, mas deixando a TV ligada e o gato a olhar, sentado.
Silêncio... silêncio... espera... mais um bocado de silêncio, tem calma... silêncio... está quase! Entra no carro, beijinho às amigas... espera... e... MÚSICA! "Mete isso mais alto. Adoro isto!" Ai, querida, estás linda! Olha para ti! "Achas?" Claro!! Wooooooooooo E seguem. Vão ainda buscar outra amiga, que ainda não estava pronta.
Chegam à porta dela, toque no telemóvel. Luzes do prédio acendem por dentro... 13... 14... 15... 16 segundos... ali está ela! Entra. "Pronto, já estamos todas. Próxima paragem: DISCO!!"
Param o carro longe, porque não há vagas. Vão para a fila as 4 bonecas, elegantes e confiantes. Vejam só aqueles... a pensar que iam entrar! e vão dando passinhos, enquanto a fila vai avançando. Boa noite, meninas. "Boa noite, Ricardo!" - e entram.
E entraram. Cá para fora só passa a música abafada, com os sons distorcidos e mal definidos. Ouvem-se as pessoas, mas não se percebe o que estão a fazer. Luzes de muitas cores, muitas cores. O porteiro mete a corrente, olha à volta a ver se há mais alguém e fecha a porta. A discoteca está agora isolada. Cá fora fica só o barulho de fundo e o parque de estacionamento repleto de carros, mas vazio de pessoas.
Elas entraram, mas nunca mais sairam... E se tu viste o que se passou lá dentro, mantém a boca fechada. A noite é para divertir. E se não queres que te aconteça o mesmo, no teu lugar, eu manteria o silêncio. Achas que vais conseguir mudar alguma coisa? Dança! Dança para esquecer!
"Ali"
"Ali!" - gritaste tu.
Estava ali, naquele buraco. Mas quem teria posto uma camera ali? O importante era tapar aquilo, esconder-te. Como será possível que uma pessoa tenha de lutar pela sua privacidade na própria casa-de-banho? Tens é de tapar o buraco. E tapas! Mas, quando entras no duche, encontras uma lâmpada fundida, e que estranho... Antes do rapaz que se mudou a semana passada para o quarto do lado, antes de ele chegar ela funcionava perfeitamente. Sais do banho e tiras a lâmpada. Comparas com uma lâmpada que funciona... A lâmpada avariada é de outra qualidade... E, ali, com a toalha enrolada no corpo, descobres mais uma camera. Partes a lâmpada e enfias no caixote do lixo, enrolada em muito papel higiénico, para o caso de ainda estar a funcionar.
Voltas para o duche, e ouves um barulho. Está gente a espreitar por detrás da porta. Apagas a luz... No entanto, ninguém parece sair dali, continuam atrás da porta... Cobres a porta com a toalha, para ninguém ver através das frechas. Tomas o teu banho rápido no escuro, secas-te... E quando abres a porta, para surpreender o rapaz que vive no quarto do lado, ele não está lá. Não está lá. Esperto... conseguiu escapar-se. Mais uma vez escapou!
Isto é assim todos os dias, todos! Quer no duche, quer na cozinha, quer no teu próprio. Tentam entrar no teu computador, ver os teus dados, põem cameras em todo o lado, cameras ocultas, cameras de ponta, cameras ultra-modernas. Mas não sabem que és mais inteligente. Tu és muito melhor do que eles...
Uma noite acordas com sussurros que entram por debaixo da porta do teu quarto. Agora estão a tentar persuadir-te durante o sono. Que jogo baixo! Querem entrar no teu subconsciente, na tua cabeça. NÃO!!! NÃO DEIXES!! E abres a porta em desespero, mas o corredor está vazio. Eles escaparam-se, mas estiveram lá, tu sabes! Eles acordaram-te! Não és insensível para não perceber quando é que os sussurros estão lá. E tu sabes. Sabes muito bem... que atrás daquela porta... onde se esconde aquele que a semana passada se mudou para cá... para te espiar... tu sabes que ele está lá. Vais à porta dele e bates com força. Gritas para ele te confrontar, para te dizer as coisas na cara. Gritas, bates com força! Ele fala do outro lado e faz-se de desentendido. Mais uma vez quer inferiorizar-te. Quer contrariar-te! Mas tu sabes muito bem quais são as intensões. E bates com força na porta dele. Mais força. Ele recusa-se a abrir e diz que vai chamar a polícia. Vais buscar uma tesoura e tentas abrir a porta dele... Ele dá mais uma volta com a chave. Espetas a tesoura com força na porta, para que ele a abra! Espetas com mais força. Com as mãos feridas espetas, espetas! Ele tem que abrir, tem que pedir desculpas pelo que fez. Tem que parar de te perseguir.
Agora estás num cubículo escuro, pequeno. Uma porta de ferro. Paredes brancas, mas cubículo escuro. Olhas pela janela gradeada e vês um campo comprido com homens a colher trigo. Estás em segurança, agora. Podes, pelo menos assim, descansar. Deitas-te na pequena cama que lá está. Viras-te para cima e olhas para o tecto. Finalmente descanso. No canto... há qualquer coisa... qualquer coisa estranha. Bates à porta com força, em desespero. As tuas investidas fortes na porta de metal despertam o som de outras portas de metal... Ouves passos de gente a correr a na tua direcção e sabes que vêm para te socorrer, mas isso não te acalma. Bates com mais força, queres que venham mais depressa. Abrem a porta e perguntam: "Então, o que é que se passa?"
Apontas para o tecto com as tuas mãos ensaguentadas e dizes: "Ali! Está ali."
Estava ali, naquele buraco. Mas quem teria posto uma camera ali? O importante era tapar aquilo, esconder-te. Como será possível que uma pessoa tenha de lutar pela sua privacidade na própria casa-de-banho? Tens é de tapar o buraco. E tapas! Mas, quando entras no duche, encontras uma lâmpada fundida, e que estranho... Antes do rapaz que se mudou a semana passada para o quarto do lado, antes de ele chegar ela funcionava perfeitamente. Sais do banho e tiras a lâmpada. Comparas com uma lâmpada que funciona... A lâmpada avariada é de outra qualidade... E, ali, com a toalha enrolada no corpo, descobres mais uma camera. Partes a lâmpada e enfias no caixote do lixo, enrolada em muito papel higiénico, para o caso de ainda estar a funcionar.
Voltas para o duche, e ouves um barulho. Está gente a espreitar por detrás da porta. Apagas a luz... No entanto, ninguém parece sair dali, continuam atrás da porta... Cobres a porta com a toalha, para ninguém ver através das frechas. Tomas o teu banho rápido no escuro, secas-te... E quando abres a porta, para surpreender o rapaz que vive no quarto do lado, ele não está lá. Não está lá. Esperto... conseguiu escapar-se. Mais uma vez escapou!
Isto é assim todos os dias, todos! Quer no duche, quer na cozinha, quer no teu próprio. Tentam entrar no teu computador, ver os teus dados, põem cameras em todo o lado, cameras ocultas, cameras de ponta, cameras ultra-modernas. Mas não sabem que és mais inteligente. Tu és muito melhor do que eles...
Uma noite acordas com sussurros que entram por debaixo da porta do teu quarto. Agora estão a tentar persuadir-te durante o sono. Que jogo baixo! Querem entrar no teu subconsciente, na tua cabeça. NÃO!!! NÃO DEIXES!! E abres a porta em desespero, mas o corredor está vazio. Eles escaparam-se, mas estiveram lá, tu sabes! Eles acordaram-te! Não és insensível para não perceber quando é que os sussurros estão lá. E tu sabes. Sabes muito bem... que atrás daquela porta... onde se esconde aquele que a semana passada se mudou para cá... para te espiar... tu sabes que ele está lá. Vais à porta dele e bates com força. Gritas para ele te confrontar, para te dizer as coisas na cara. Gritas, bates com força! Ele fala do outro lado e faz-se de desentendido. Mais uma vez quer inferiorizar-te. Quer contrariar-te! Mas tu sabes muito bem quais são as intensões. E bates com força na porta dele. Mais força. Ele recusa-se a abrir e diz que vai chamar a polícia. Vais buscar uma tesoura e tentas abrir a porta dele... Ele dá mais uma volta com a chave. Espetas a tesoura com força na porta, para que ele a abra! Espetas com mais força. Com as mãos feridas espetas, espetas! Ele tem que abrir, tem que pedir desculpas pelo que fez. Tem que parar de te perseguir.
Agora estás num cubículo escuro, pequeno. Uma porta de ferro. Paredes brancas, mas cubículo escuro. Olhas pela janela gradeada e vês um campo comprido com homens a colher trigo. Estás em segurança, agora. Podes, pelo menos assim, descansar. Deitas-te na pequena cama que lá está. Viras-te para cima e olhas para o tecto. Finalmente descanso. No canto... há qualquer coisa... qualquer coisa estranha. Bates à porta com força, em desespero. As tuas investidas fortes na porta de metal despertam o som de outras portas de metal... Ouves passos de gente a correr a na tua direcção e sabes que vêm para te socorrer, mas isso não te acalma. Bates com mais força, queres que venham mais depressa. Abrem a porta e perguntam: "Então, o que é que se passa?"
Apontas para o tecto com as tuas mãos ensaguentadas e dizes: "Ali! Está ali."
As palavras que fazem os corpos mexer
Essa tal coisa que muitos emanam está cada vez mais escassa. A fonte aonde muita gente ia beber deita agora novos líquidos. Ou será que são as nossas sensações que mudaram?
Existem pessoas normais. Pessoas que recebem o mesmo salário que nós, que pisam as mesmas ruas, fazem as mesmas compras e pagam com o mesmo dinheiro. Vivem em casas como as nossas, mas de maneira diferente. Fazem tudo de maneira diferente. Vão às compras a cantar ou assobiar uma música, metem-se com os produtos nas prateleiras brincando com a selecção do que gostam e do que podem comprar, levam só aquilo que precisam e saem felizes por aí. Vão para a escola com um sorriso, cumprimentando aqueles que sabe que vão responder - porque cada vez mais há gente que não cumprimenta de volta. São as pessoas que, apesar da dor emocional e intelectual, sobrevivem neste mundo cheio de indiferenças e competições. São as pessoas que passam por cima dos momentos de pânico e os catalogam como "menos bons" ou "uma fase natural".
As pessoas felizes e confiantes inspiram as outras que estão menos felizes e menos confiantes. Respeitam todos os seres humanos, apesar das suas diferenças, e mais importante que tudo: apesar de não os conhecerem. Não temos culpa que não sejamos apresentados a todo o Mundo. Mas todo o Mundo tem amigos, amigos esses a quem devem fazer bem, e só por isso já são pessoas de bem. Não há pessoas más, há apenas pessoas com momentos menos bons. Muitas vezes as pessoas deixam-se afectar demasiado pelos momentos menos bons e vão mudando a expressão da cara, até ela ficar definida daquela certa forma. São geralmente as pessoas mais sensíveis. Pessoas sensíveis sem um grande apoio, sem inteligência ou força interior para superarem essas fases. E é no confronto entre essas pessoas e as pessoas felizes que se dão os maiores choques.
A pessoa feliz vai trazer inspiração e força àqueles que estão à sua volta. Sem fazer grandes espectáculos ou pressões, os outros vão-se sentir atraídos, seduzidos pelas suas palavras. Pelas palavras que fazem os corpos mexer. Pela sua simples, directa e sensível maneira de ver e tratar o Mundo. As outras pessoas vão sentir-se guiadas e inspiradas por esses talentos da Natureza e vão querer ser como eles, vão querer mudar. Mas são poucos aqueles que conseguem mudar, pois no dia seguinte voltam a fazer caras feias aos que cumprimentam todos. Voltam à sua rotina de personalidade vincada e são menos felizes do que aquilo que podiam ser. E nesses momentos tristes e de solidão pergunta-se porque é que não são como os outros, que são felizes.
E a resposta é tão simples, mas isto está longe de ser uma resposta fácil.É porque os outros sabem que ninguém é imortal e que tudo o está à volta não merece competição alguma. A missão que nos é imposta é bem distante da missão que percebemos que é, quando recebemos algo de alguém que morreu. Tudo é efémero e só o ser Humano pode tornar algo eterno, porque caso contrário a Natureza tranformará tudo - - pois tu próprio também és resultado da transformação de algo que já não está lá.
Nascemos com o compromisso de nos divertirmos, sermos felizes e amar aqueles que nos amam. A morte é apenas um fenómeno como o nascimento.
Textos Soltos - "Desabafo"
‘Tudo bem?’
‘Tudo, e contigo?’
‘Também.’
Mas não, não está tudo bem!
Tu não estás comigo!..
Sinto-me perdida no meio de não-sei-muito-bem-o-quê.
Sinto-me vazia.
Incompleta... Sabes como é?
Talvez não saibas... Talvez nunca tenhas ligado a isso... Talvez não queiras saber. Talvez não saibas, simplesmente, porque nunca passaste por isto...
Não precisas, não é?
Nunca precisaste.
Quando te fecham uma porta (ou quando pensas que está fechada) tens sempre muitas outras portas abertas à tua volta... Parece que não ligas à porta fechada que realmente querias abrir e preferes o caminho mais fácil. Suponho que sejas assim. Nunca me provaste que realmente te dedicaste somente a uma entrada, a um caminho, pelo que às vezes percebo apenas foste andando por onde era mais fácil. Recusaste o sofrimento de uma luta. E se assim foi, o pior é que com isso recusaste também o prazer de uma vitória.
E não me refiro à vida.
Julgo-me diferente de ti. Eu procuro lutar - mesmo não parecendo. Eu sofro. Posso não ter uma grande estratégia de batalha, mas não me rendo.
Não me arrases.
Ou nada mais me resta se não lembrar como foram bons os nossos dias antes deste confronto que parece que me dá prazer.
Sinto-te tão aluado de mim... Sinto que não queres nem saber como me sinto... Mas chamas-me amiga, e os amigos não agem assim... Ou agem?Eu quero saber como estás!... Penso em ti - estás sempre na minha cabeça -, nos momentos que já pasamos juntos, sonho com os momentos que podemos vir a passar, tento imaginar se estás bem e se por ventura pensas em mim... Mas acabo por nunca conseguir chegar a uma conclusão. Tu és uma caixinha de surpresas.
Surpreendes-me pelo que fizeste e fazes de mim, supreendes-me pelo que me dizes, surpreendes-me com um toque já meio de fugida, e surpreendes-me, acima de tudo, pela forma como me fazes sentir...
Mas também me surpreendes com palavras frias, que me magoam como nenhumas outras poderiam... Fico sempre sem perceber porque as dizes. Nunca chego a entender porque é que me dizes coisas tão boas de se ouvir e ler, e depois me atiras palavras que me ferem como já feriram...
Vou dar-te uma coisa.
Tu já sabes o que é.
Uma noite de sons, luzes e loucura pela qual já anseio há quase dois anos...
Tu vais estar lá comigo, no meio de centenas. Os dois, sozinhos, talvez.
Águia Branca
‘Tudo, e contigo?’
‘Também.’
Mas não, não está tudo bem!
Tu não estás comigo!..
Sinto-me perdida no meio de não-sei-muito-bem-o-quê.
Sinto-me vazia.
Incompleta... Sabes como é?
Talvez não saibas... Talvez nunca tenhas ligado a isso... Talvez não queiras saber. Talvez não saibas, simplesmente, porque nunca passaste por isto...
Não precisas, não é?
Nunca precisaste.
Quando te fecham uma porta (ou quando pensas que está fechada) tens sempre muitas outras portas abertas à tua volta... Parece que não ligas à porta fechada que realmente querias abrir e preferes o caminho mais fácil. Suponho que sejas assim. Nunca me provaste que realmente te dedicaste somente a uma entrada, a um caminho, pelo que às vezes percebo apenas foste andando por onde era mais fácil. Recusaste o sofrimento de uma luta. E se assim foi, o pior é que com isso recusaste também o prazer de uma vitória.
E não me refiro à vida.
Julgo-me diferente de ti. Eu procuro lutar - mesmo não parecendo. Eu sofro. Posso não ter uma grande estratégia de batalha, mas não me rendo.
Não me arrases.
Ou nada mais me resta se não lembrar como foram bons os nossos dias antes deste confronto que parece que me dá prazer.
Sinto-te tão aluado de mim... Sinto que não queres nem saber como me sinto... Mas chamas-me amiga, e os amigos não agem assim... Ou agem?Eu quero saber como estás!... Penso em ti - estás sempre na minha cabeça -, nos momentos que já pasamos juntos, sonho com os momentos que podemos vir a passar, tento imaginar se estás bem e se por ventura pensas em mim... Mas acabo por nunca conseguir chegar a uma conclusão. Tu és uma caixinha de surpresas.
Surpreendes-me pelo que fizeste e fazes de mim, supreendes-me pelo que me dizes, surpreendes-me com um toque já meio de fugida, e surpreendes-me, acima de tudo, pela forma como me fazes sentir...
Mas também me surpreendes com palavras frias, que me magoam como nenhumas outras poderiam... Fico sempre sem perceber porque as dizes. Nunca chego a entender porque é que me dizes coisas tão boas de se ouvir e ler, e depois me atiras palavras que me ferem como já feriram...
Vou dar-te uma coisa.
Tu já sabes o que é.
Uma noite de sons, luzes e loucura pela qual já anseio há quase dois anos...
Tu vais estar lá comigo, no meio de centenas. Os dois, sozinhos, talvez.
Águia Branca
Uakti
O Rio Negro é um afluente do Maior Rio do Mundo - o Amazonas. O Rio Negro fica no coração do Brasil, numa zona aonde há muito tempo houve uma tribo de índios Tukano. Nessa tribo, havia um ser mitológico chamado Uakti cujo corpo estava repleto de furos, aberto em buracos.
A lenda conta-nos que com o passar do Vento, o corpo de Uakti imitia sons magníficos que encantava todas as mulheres da tribo, atraindo-as.
Os outros índios, encolarizados pelo ciúme, perseguiram-no e mataram-no, acabando por enterrar o seu corpo musical na floresta. Aonde ele foi enterrado cresceram altas palmeiras lutando por chegar ao céu.
Fizeram-se instrumentos musicais dos caules dessas palmeiras, que voltaram a dar ao Mundo som suave e melancólico ao que o vento soava ao passar pelo corpo de Uakti. Reza a lenda ainda hoje que as mulheres ao ouvirem esse som estarão impuras e serão tentadas.
O próximo texto, tal como a música desta semana, é em memória de Uakti.
Descalço e com pouca roupa passeio a minha pele vermelha à beira do rio, no calor da única Estação do ano. Molho os pezinhos e deixo que o vento me abrace, envolva, penetre, perfure. Vejo as mulheres de pele pintada no outro lado do rio. Elas pararam de lavar a roupa e de colher os frutos das árvores. Pararam e olham para mim. Olham e chamam-me para a outra margem. Querem tocar-me, querem ouvir-me mais de perto. Querem que as leve para o momento espiritual que poucas vezes na vida alcançam.
O rio, largo e profundo, molha-me os pés com a sua água morna. As árvores dançam ao som da minha música. Fazem-me vénias, mesmo antes de eu acabar o meu passeio. O Sol olha-me de cima e vai beijando-me a pele morena, sempre morena graças aos seus beijos. Estou apaixonado pela Natureza e o meu grande amor é o Vento. Oh, Vento, não pares de soprar.
Os homens, do outro lado do rio, vêm deslizando nas suas canoas feitas de canas, na minha direcção. Essas canas irão dar flautas, e essas flautas sons magníficos. Mas, por mais que esses homens queiram calar o meu canto, jamais calarão as flautas que de mim nascerão, das canas que ainda não fizeram canoas. Venham, amigos, venham.
Venham e dancemos e cantemos juntos. Cantemos mais uma vez antes de nos calarmos para sempre. E tu, Vento, não pares de soprar.
Sopra para sempre!
A lenda conta-nos que com o passar do Vento, o corpo de Uakti imitia sons magníficos que encantava todas as mulheres da tribo, atraindo-as.
Os outros índios, encolarizados pelo ciúme, perseguiram-no e mataram-no, acabando por enterrar o seu corpo musical na floresta. Aonde ele foi enterrado cresceram altas palmeiras lutando por chegar ao céu.
Fizeram-se instrumentos musicais dos caules dessas palmeiras, que voltaram a dar ao Mundo som suave e melancólico ao que o vento soava ao passar pelo corpo de Uakti. Reza a lenda ainda hoje que as mulheres ao ouvirem esse som estarão impuras e serão tentadas.
O próximo texto, tal como a música desta semana, é em memória de Uakti.
Descalço e com pouca roupa passeio a minha pele vermelha à beira do rio, no calor da única Estação do ano. Molho os pezinhos e deixo que o vento me abrace, envolva, penetre, perfure. Vejo as mulheres de pele pintada no outro lado do rio. Elas pararam de lavar a roupa e de colher os frutos das árvores. Pararam e olham para mim. Olham e chamam-me para a outra margem. Querem tocar-me, querem ouvir-me mais de perto. Querem que as leve para o momento espiritual que poucas vezes na vida alcançam.
O rio, largo e profundo, molha-me os pés com a sua água morna. As árvores dançam ao som da minha música. Fazem-me vénias, mesmo antes de eu acabar o meu passeio. O Sol olha-me de cima e vai beijando-me a pele morena, sempre morena graças aos seus beijos. Estou apaixonado pela Natureza e o meu grande amor é o Vento. Oh, Vento, não pares de soprar.
Os homens, do outro lado do rio, vêm deslizando nas suas canoas feitas de canas, na minha direcção. Essas canas irão dar flautas, e essas flautas sons magníficos. Mas, por mais que esses homens queiram calar o meu canto, jamais calarão as flautas que de mim nascerão, das canas que ainda não fizeram canoas. Venham, amigos, venham.
Venham e dancemos e cantemos juntos. Cantemos mais uma vez antes de nos calarmos para sempre. E tu, Vento, não pares de soprar.
Sopra para sempre!
Wednesday, 13 February 2008
Pequeno Pedro
Pequeno Pedro que levantas os olhos para as nuvens e sonhas com o inatingível.
Pequeno Pedro, és tão pequeno.
Pedro que nasceste do Mundo para o alimentares, Pedro que jamais te libertarás por teres um passado, mesmo que a ti ele não te pertença. Serás o eterno beijo de boa noite nos lábios da Mãe Lua e a eterna penitência do Pai Sol.
Ergueste-te um dia da tua solidão para conquistar o Mundo. Respiraste ares que não vêm no vento, andaste caminhos que ninguém devia pisar, procuraste as coisas que ninguém mais procura.
Trocaste o teu passado pelo teu destino.
Só, confiante e supremo encontraste uma sombra negra que te deu o Conhecimento e Razão. Purificaste-te segundo o proíbido e rejuvenesceste um sonho. Rejuvenesceste o teu sonho e o de toda a gente.
Estás agora rodeado de pessoas. Muitas pessoas, todas as pessoas. E muito distantes de ti, tu estás em evidência. Estás na Luz. As massas mexem-se em fazem barulho às tuas batidas cardíacas. Todos te veneram e vêem em ti o Messias salvador. Riem-se e festejam de alegria. Tu, modesto e sensível, sorris. Sorris de uma humilde felicidade de quem não pede mais nada que um reconhecimento por um ser individual e livre. E quando te sorris, mais festeja e mais feliz fica a multidão. Multidão que se mexe de forma frenética caótica. Multidão que nunca te pertenceu e que te faz emocionar por pensares que agora faz parte de ti.
Um silêncio pálido assombra as vozes do povo. Tu não percebes e continuas a sorrir. Mas não por muito tempo. Páras para perceber o que se passa à tua volta. Aonde terá ido a tua glória que a tantos inspirava, que fizeste tu para os fazer calar.
Abrem-se os portões. Soltam-se as bestas. Animais selvagens e violentos carregados de ódio que se atiram às paredes da arena aonde estão, aonde estás. O povo continua calado. As bestas que se devoram, mordendo e despedaçando membros do corpo umas às outras. Bestas que se sujam de sangue e de raiva feliz. As bestas que, personificações do ódio, reparam que não estão a sós. Miram a platéia deste enorme Coliseu em silêncio. Tentam perceber se há vida, investindo contra as tábuas da parede, mas ninguém se mexe, ninguém respira. Frustradas, as bestas param com aquele espectáculo ridículo, virando o seu ódio para outras paisagens. Virando os seus azimutes para ti. Mirando-te de alto a baixo, na tua modéstia, as bestas ficam estupefactas e piedosas. Neste momento a multidão volta a respirar, num caos maior que o anterior com os seus cânticos de vitória, glória, festa e divertimento. As bestas começam a caminhar na tua direcção. Já não há nada que as faça parar. O público e os gritos das pessoas são mudos e influentes - nem motivam, nem desconcentram os bichos - aos ouvidos das bestas que, saltando umas por cima das outras num tornado de ódio caminham na tua direcção. Com passos confiantes, curtos, curtos, curtos, menos curtos, menos curtos, menos curtos, menos curtos, menos curtos, menos curtos, menos curtos, largos, largos, largos, largos, largos, largos, largos, largos, a correr, correr, a correr, a correr, a correr, a correr, a correr, a correr, correr cada vez mais rápido, mais rápido, mais rápido, mais rápido, mais rápido, mais rápido, mais rápido para ti, para ti, para ti, para ti, para ti, para ti, PARA TI, PARA TI, PARA TI PARA TI, PARA TI, PARA TIIIIIII!
Pequeno Pedro, és tão pequeno.
Tuesday, 12 February 2008
Textos Soltos - "Poema de meia-noite"
Sempre que sonho, sonho por ti.
Sonho acordada, coordenada pelas vontades.
Tenho vontade de ti, e,
Quando fecho os olhos,
Tu tens vontade de mim.
Sempre foi assim.
Só de olhos fechados.
Sabes que estou aqui,
Por isso me afastas como podes.
Nem que para isso te finjas.
Nem que para isso não sejas.
Conheces o meu ódio.
Águia Branca
Sonho acordada, coordenada pelas vontades.
Tenho vontade de ti, e,
Quando fecho os olhos,
Tu tens vontade de mim.
Sempre foi assim.
Só de olhos fechados.
Sabes que estou aqui,
Por isso me afastas como podes.
Nem que para isso te finjas.
Nem que para isso não sejas.
Conheces o meu ódio.
Águia Branca
Monday, 4 February 2008
Prenda de Desaniversário
Porque continuas ser a mulher mais bonita do Mundo. E sei que o mais difícil não é chegar lá, mas sim manter.
Já pensaste em escrever um livro?
Desta vez as opções eram:
"Não. Mas já que falas nisso..."
"Sim, já estou a escrever."
"Sim, mas não estou a ver isso realizar-se."
"Não, não seria capaz."
Esta questão surgiu basicamente quando comecei a ver que alguns dos maiores escritores de sempre começaram a escrever por esta altura, pelos 19 anos. Não me considero um grande escritor, mas considero gente como Almada de Negreiros - escreveu o "Manifesto Anti-Dantas" com esta idade - uma grande fonte de inspiração. Resolvi fazer a pergunta para saber o que se passa com as pessoas à minha volta - pelo menos as pessoas que se dispõem a votar.
Antes de avançar com a habitual análise, fico contente por ter 25 votantes, um número consideravelmente sólido que não me dá margem para uma conclusão precipitada. (devo confessar que votei três vezes!)
Vamos começar pelos derrotados, os que "Não, não seria capaz.". A pior barreira/censura é a que nós próprios nos impomos. Se não conseguem, mas têm um pingo de motivação, teriam votado no "Sim, mas não estou a ver isso realizar-se.", como a maioria - e eu (3 vezes). No entanto, têm todo o direito de não ser do vosso interesse. Nem toda a gente tem de fazer o mesmo, nem toda a gente vive para os aplausos que vêm de uma escuridão de cadeiras. Tal como eu, que não atino com a matemática aplicada, nem quero atinar. Criei essa barreira e só a derrubo, se for uma questão de vida ou morte. Ninguém disse que escrever um livro era obrigatório.
Muito resumidamente, somos uma cambada de preguiçosos ou medrosos. Apenas duas pessoas deram resposta positiva "Sim, já estou a escrever.". Temos pessoal como eu e certamente a Águia Branca que já pensámos, mas que não anda para a frente, nem para trás. Aqueles que nunca pensaram nisso, se não pensaram, de certeza que não é por causa da pergunta nem deste post que vão começar a escrever. Mas deviam... Tal como eu devia. Escrever um livro não é uma grande empresa. No nosso caso, na maioria autores de blogues, até é uma coisa comum; a diferença é que não estão impressas em folhas, nem à disposição do povo nas lojas, aquilo que escrevemos. Há pessoas que escrevem sobre as coisas mais absurdas da forma mais ridícula. E piores são aqueles que compram. Piores ainda os que lêem e recomendam. Se essas pessoas conseguem publicar um livro, o que é que nos leva a pensar que não poderemos nós lançar o nosso? Falo certamente de todos aqueles que votaram, que calculo que sejam na sua maioria as pessoas com quem me dou aqui neste espaço. E como sou uma pessoa selectiva, só comento e só me dou com quem gosto. Se eu gosto, acredito que haverão outras pessoas que gostem do que vocês escrevem!
Quanto a mim, eu tenho uma disciplina chamada Writing For Performance, na qual escrevi a peça de 10 minutos Yes, I Believe So e onde estou a escrever agora outra, desta vez com a duração entre 60 e 90 minutos. Graças ao questionário que aqui se fez, arranjei motivação para enviar estas duas para o Royal Court Theatre e concorrer com ela, pode ser que a ponham em palco.
Obrigado por votarem.
Sintam-se livres para arranjarem mais temas para mais questionários.
"Não. Mas já que falas nisso..."
"Sim, já estou a escrever."
"Sim, mas não estou a ver isso realizar-se."
"Não, não seria capaz."
Esta questão surgiu basicamente quando comecei a ver que alguns dos maiores escritores de sempre começaram a escrever por esta altura, pelos 19 anos. Não me considero um grande escritor, mas considero gente como Almada de Negreiros - escreveu o "Manifesto Anti-Dantas" com esta idade - uma grande fonte de inspiração. Resolvi fazer a pergunta para saber o que se passa com as pessoas à minha volta - pelo menos as pessoas que se dispõem a votar.
Antes de avançar com a habitual análise, fico contente por ter 25 votantes, um número consideravelmente sólido que não me dá margem para uma conclusão precipitada. (devo confessar que votei três vezes!)
Vamos começar pelos derrotados, os que "Não, não seria capaz.". A pior barreira/censura é a que nós próprios nos impomos. Se não conseguem, mas têm um pingo de motivação, teriam votado no "Sim, mas não estou a ver isso realizar-se.", como a maioria - e eu (3 vezes). No entanto, têm todo o direito de não ser do vosso interesse. Nem toda a gente tem de fazer o mesmo, nem toda a gente vive para os aplausos que vêm de uma escuridão de cadeiras. Tal como eu, que não atino com a matemática aplicada, nem quero atinar. Criei essa barreira e só a derrubo, se for uma questão de vida ou morte. Ninguém disse que escrever um livro era obrigatório.
Muito resumidamente, somos uma cambada de preguiçosos ou medrosos. Apenas duas pessoas deram resposta positiva "Sim, já estou a escrever.". Temos pessoal como eu e certamente a Águia Branca que já pensámos, mas que não anda para a frente, nem para trás. Aqueles que nunca pensaram nisso, se não pensaram, de certeza que não é por causa da pergunta nem deste post que vão começar a escrever. Mas deviam... Tal como eu devia. Escrever um livro não é uma grande empresa. No nosso caso, na maioria autores de blogues, até é uma coisa comum; a diferença é que não estão impressas em folhas, nem à disposição do povo nas lojas, aquilo que escrevemos. Há pessoas que escrevem sobre as coisas mais absurdas da forma mais ridícula. E piores são aqueles que compram. Piores ainda os que lêem e recomendam. Se essas pessoas conseguem publicar um livro, o que é que nos leva a pensar que não poderemos nós lançar o nosso? Falo certamente de todos aqueles que votaram, que calculo que sejam na sua maioria as pessoas com quem me dou aqui neste espaço. E como sou uma pessoa selectiva, só comento e só me dou com quem gosto. Se eu gosto, acredito que haverão outras pessoas que gostem do que vocês escrevem!
Quanto a mim, eu tenho uma disciplina chamada Writing For Performance, na qual escrevi a peça de 10 minutos Yes, I Believe So e onde estou a escrever agora outra, desta vez com a duração entre 60 e 90 minutos. Graças ao questionário que aqui se fez, arranjei motivação para enviar estas duas para o Royal Court Theatre e concorrer com ela, pode ser que a ponham em palco.
Obrigado por votarem.
Sintam-se livres para arranjarem mais temas para mais questionários.
O sonho
Virei-me para o lado, molhado, deixando o banho para quando acordasse... e adormeci.
Estava contigo e mais uma miúda. Naturalmente que nós estavamos a fazer amor, como é normal. A outra olhava e ficava a olhar. Mas como os homens nunca estão satisfeitos, olhei para a outra e perguntei-te se te importavas caso ela se juntasse a nós. Tu hesitaste, mas aceitaste. Hesitaste contra-argumentando que eu não podia dar prazer a uma e a outra ao mesmo tempo, mas eis que senti crescer-me mais um pénis, que ficou do mesmo tamanho do outro, lado-a-lado e aquilo deu resultado. Isto foi tudo levado na emoção de uma erecção e de querer mais e mais. São os momentos em que esquecemos quem somos, o que estamos cá a fazer, em que nos podem tirar todo o dinheiro do banco, fazer assinar todos os contractos sem os ler, são os momentos em que rasgamos a única que temos para vestir. E também são os momentos em que não controlamos o que podemos ter e pedimos mais, mais, mais e mais, queremos mais mulheres, mais emoção, mais ejaculações, mais orgasmos e muito mais fortes. São os momentos que só tu, Raquel, me dá e que eu te retribuo tão injustamente.
Depois de ter feito amor com as tuas ao mesmo tempo, a outra desapareceu do meu sonho e nunca mais apareceu - coisa que não acontece contigo; continuas a ser algo que quero manter por perto, mesmo depois de me vir. Ao andar pela rua, conversando de mãos dadas, tu nada arrependida do que tinhamos feito - eu, um pouco - disseste-me que havia uma criança com uma doença letal que tinha de ser salva. Era uma urgência que só eu poderia fazer, levar o antídoto à criança. Mas isso implicaria termo-nos de afastar por algum tempo. Na fonte, sentados a conversar, deste-me o medicamento num frasco de vidro e os bilhetes para um espectáculo. Para me confortares e pores as coisas em pratos limpos, disseste-me que caso eu realmente não tinha sentido nada pela outra rapariga, acabaria por voltar com os nossos dois bilhetes, pois não entrarias sozinha, e fizeste-me levar os dois.
Fui a correr com os bilhetes e o medicamento e bati à janela de uma casa. Olhei para dentro e vi um pequeno grupo de homens com aventais a conversar num ambiente pesado e íntimo. Percebi logo que eram maçons. Bati à janela outra vez e eles trataram de tentar esconder os aventais e outros adereços, livros, etc... Perguntaram-me o que eu queria, pela janela. Disse-lhes que tinha o medicamento para salvar a criança. Eles pediram-me o medicamento e eu mostrei-lhes. Pediram-me que eu lhes dar o medicamento, que eles tratariam do resto. Eu recusei e disse que eu trataria daquilo sozinho, que só precisava de saber aonde estava a criança. Ainda lhes disse que era obrigação como pedreiros do temp(l)o dizerem-me aonde ela se encontrava. Roubaram-me o antídoto. Atirei-me para dentro da casa, através da janela, e usei o Taekwondo (coisa que não pratico há uns bons meses). Consegui roubar o antídoto de volta de um deles, mas os outros dois continuavam a bater-me. Saltei para a janela e fugi, deixando-os para trás.
Continuei a andar pela rua e à procura da casa onde a criança estava. Encontrei uma casa e pessoas nos seus carros em manobras. Olhei para o primeiro carro, ao andar em direcção à casa e vi uma mulher com um sorriso de esperança (aquele sorriso de quem está quase a chorar, mas continua a sorrir). Percebi que aquela era a mãe da criança e que estava perto. Corri para a casa e à entrada fui dar com algumas crianças. Nisto a mãe chegou por trás de mim levando duas miudinhos no colo. Fui ter com ela: "Está aqui." Ela perguntou-me: "O que é isto?" Respondi: "Dá isto ao miúdo." Ela sorriu mais ainda e deu a uma das crianças. A criança bebeu a garrafinha toda. Momento de suspensão... a mãe perguntou ao miúdo: "Estás a sentir-te melhor?" O menino respondeu que sim e a voz dele começou a mudar, enquanto falava, tornando-se numa voz normal de criança, tal como a cor da sua pele. Muito felizes ficaram e agradeceram-me.
Saí a correr à procura de algo que não sabia o que era. No final da rua, encontrei-te triste, sentada à beira da estrada. Lembrei-me aí que tinha de te levar ao espectáculo e que tu tinhas ficado à minha espera. Disse: "Aí estás tu!" Tu respondeste: "Desculpa, amor, estou um bocado constipada." e levantaste-te. Pus as mãos nos bolsos e vi os bilhetes... em pedaços. Devia ter sido na luta com os maçons corrompidos. Vi que a tua voz estava anasalada e senti-me culpado. Não sei se estavas assim, por teres ficado muito tempo à minha espera, ou se foi acaso. Só sei que ainda estavas lá, e sempre ficaste lá, confiante de que ia voltar. Quando te tinha visto ali sentada, o teu olhar era vazio e sem esperança. Ficaste triste e feia, vazio, à espera para morrer, ou à minha espera... Os bilhetes em pedaços ainda davam para nós entrarmos. O teu olhar endureceu-me o coração. Nunca pensei que alguém acreditaria tanto em mim, mais do que eu próprio que tinha saído da casa do menino curado sem saber aonde ir, apesar de saber que tinha de ir. Dei uns passos em frente lembrando-me do que passei para chegar a ti e imaginando o que passaste enquanto eu a ti não chegava, Raquel. Abracei-te... e comecei a chorar... devagarinho... baixinho... pequenino... e deixava as gotas pingar da minha cara para o teu ombro.
As cordas vocais ficaram tensas e o ar saia da minha boca... saia tenso... foi assim, que acordei, a fazer força com o diafragma para expulsar o ar enquanto tentava gemer. No entanto, não estava a deitar nenhum som, apenas ar. E os olhos estavam secos. Ali estava eu, deitado, abraço ao edredon no meu casulo habitual. E eu sonhava com a mulher mais bonita do Mundo. Quantas noites mais terei de ficar a abraçar o edredon, em vez de do teu corpo, tal como já foi durante imensas noites e quero que seja para sempre?
Hoje, 8 de Janeiro de 2008 às 17:40, voltei a prometer-me que para sempre seria teu. Que jamais ficarias constipada, e eu com dúvidas, mas que tu poderias ter as tuas dúvidas e eu constipado eternamente à tua espera.
Se ninguém me perceber, que olhem bem nos teus olhos verdes, no teu sorriso e que veja tudo aquilo que só a mim me dás e que eu nunca pensei receber de ninguém. Raquel.
Estava contigo e mais uma miúda. Naturalmente que nós estavamos a fazer amor, como é normal. A outra olhava e ficava a olhar. Mas como os homens nunca estão satisfeitos, olhei para a outra e perguntei-te se te importavas caso ela se juntasse a nós. Tu hesitaste, mas aceitaste. Hesitaste contra-argumentando que eu não podia dar prazer a uma e a outra ao mesmo tempo, mas eis que senti crescer-me mais um pénis, que ficou do mesmo tamanho do outro, lado-a-lado e aquilo deu resultado. Isto foi tudo levado na emoção de uma erecção e de querer mais e mais. São os momentos em que esquecemos quem somos, o que estamos cá a fazer, em que nos podem tirar todo o dinheiro do banco, fazer assinar todos os contractos sem os ler, são os momentos em que rasgamos a única que temos para vestir. E também são os momentos em que não controlamos o que podemos ter e pedimos mais, mais, mais e mais, queremos mais mulheres, mais emoção, mais ejaculações, mais orgasmos e muito mais fortes. São os momentos que só tu, Raquel, me dá e que eu te retribuo tão injustamente.
Depois de ter feito amor com as tuas ao mesmo tempo, a outra desapareceu do meu sonho e nunca mais apareceu - coisa que não acontece contigo; continuas a ser algo que quero manter por perto, mesmo depois de me vir. Ao andar pela rua, conversando de mãos dadas, tu nada arrependida do que tinhamos feito - eu, um pouco - disseste-me que havia uma criança com uma doença letal que tinha de ser salva. Era uma urgência que só eu poderia fazer, levar o antídoto à criança. Mas isso implicaria termo-nos de afastar por algum tempo. Na fonte, sentados a conversar, deste-me o medicamento num frasco de vidro e os bilhetes para um espectáculo. Para me confortares e pores as coisas em pratos limpos, disseste-me que caso eu realmente não tinha sentido nada pela outra rapariga, acabaria por voltar com os nossos dois bilhetes, pois não entrarias sozinha, e fizeste-me levar os dois.
Fui a correr com os bilhetes e o medicamento e bati à janela de uma casa. Olhei para dentro e vi um pequeno grupo de homens com aventais a conversar num ambiente pesado e íntimo. Percebi logo que eram maçons. Bati à janela outra vez e eles trataram de tentar esconder os aventais e outros adereços, livros, etc... Perguntaram-me o que eu queria, pela janela. Disse-lhes que tinha o medicamento para salvar a criança. Eles pediram-me o medicamento e eu mostrei-lhes. Pediram-me que eu lhes dar o medicamento, que eles tratariam do resto. Eu recusei e disse que eu trataria daquilo sozinho, que só precisava de saber aonde estava a criança. Ainda lhes disse que era obrigação como pedreiros do temp(l)o dizerem-me aonde ela se encontrava. Roubaram-me o antídoto. Atirei-me para dentro da casa, através da janela, e usei o Taekwondo (coisa que não pratico há uns bons meses). Consegui roubar o antídoto de volta de um deles, mas os outros dois continuavam a bater-me. Saltei para a janela e fugi, deixando-os para trás.
Continuei a andar pela rua e à procura da casa onde a criança estava. Encontrei uma casa e pessoas nos seus carros em manobras. Olhei para o primeiro carro, ao andar em direcção à casa e vi uma mulher com um sorriso de esperança (aquele sorriso de quem está quase a chorar, mas continua a sorrir). Percebi que aquela era a mãe da criança e que estava perto. Corri para a casa e à entrada fui dar com algumas crianças. Nisto a mãe chegou por trás de mim levando duas miudinhos no colo. Fui ter com ela: "Está aqui." Ela perguntou-me: "O que é isto?" Respondi: "Dá isto ao miúdo." Ela sorriu mais ainda e deu a uma das crianças. A criança bebeu a garrafinha toda. Momento de suspensão... a mãe perguntou ao miúdo: "Estás a sentir-te melhor?" O menino respondeu que sim e a voz dele começou a mudar, enquanto falava, tornando-se numa voz normal de criança, tal como a cor da sua pele. Muito felizes ficaram e agradeceram-me.
Saí a correr à procura de algo que não sabia o que era. No final da rua, encontrei-te triste, sentada à beira da estrada. Lembrei-me aí que tinha de te levar ao espectáculo e que tu tinhas ficado à minha espera. Disse: "Aí estás tu!" Tu respondeste: "Desculpa, amor, estou um bocado constipada." e levantaste-te. Pus as mãos nos bolsos e vi os bilhetes... em pedaços. Devia ter sido na luta com os maçons corrompidos. Vi que a tua voz estava anasalada e senti-me culpado. Não sei se estavas assim, por teres ficado muito tempo à minha espera, ou se foi acaso. Só sei que ainda estavas lá, e sempre ficaste lá, confiante de que ia voltar. Quando te tinha visto ali sentada, o teu olhar era vazio e sem esperança. Ficaste triste e feia, vazio, à espera para morrer, ou à minha espera... Os bilhetes em pedaços ainda davam para nós entrarmos. O teu olhar endureceu-me o coração. Nunca pensei que alguém acreditaria tanto em mim, mais do que eu próprio que tinha saído da casa do menino curado sem saber aonde ir, apesar de saber que tinha de ir. Dei uns passos em frente lembrando-me do que passei para chegar a ti e imaginando o que passaste enquanto eu a ti não chegava, Raquel. Abracei-te... e comecei a chorar... devagarinho... baixinho... pequenino... e deixava as gotas pingar da minha cara para o teu ombro.
As cordas vocais ficaram tensas e o ar saia da minha boca... saia tenso... foi assim, que acordei, a fazer força com o diafragma para expulsar o ar enquanto tentava gemer. No entanto, não estava a deitar nenhum som, apenas ar. E os olhos estavam secos. Ali estava eu, deitado, abraço ao edredon no meu casulo habitual. E eu sonhava com a mulher mais bonita do Mundo. Quantas noites mais terei de ficar a abraçar o edredon, em vez de do teu corpo, tal como já foi durante imensas noites e quero que seja para sempre?
Hoje, 8 de Janeiro de 2008 às 17:40, voltei a prometer-me que para sempre seria teu. Que jamais ficarias constipada, e eu com dúvidas, mas que tu poderias ter as tuas dúvidas e eu constipado eternamente à tua espera.
Se ninguém me perceber, que olhem bem nos teus olhos verdes, no teu sorriso e que veja tudo aquilo que só a mim me dás e que eu nunca pensei receber de ninguém. Raquel.
17:20 - 17:40 de 8 de Janeiro de 2008
Tinha-me virado para o lado, porque continuavam a ligar-me; quer o gajo do restaurante chinês ao qual ontem disse que ia à entrevista, quer o meu pai (que afinal só queria dizer-me para das os 64 parabéns à mãe dele, e falar mal da minha), quer o um número privado (que devia ser o meu avô do Brasil a querer saber tudo, tudo, tudo, tudinho como é que correu o espectáculo ontem, se recebi o e-mail dele ontem, porque é que não respondi, se já arranjei emprego, perspectivas futuras de empregos, se estive com o meu irmão, como é que ele está, que tal o meu pai, se estamos mais próximos, etc...). Isto tudo para além da mensagem da Laura a perguntar aonde eu estava, que devia estar no Spires Theatre a arrumar aquilo às 12h, e que já tinha feito quase tudo sozinha. Se já tinha feito quase tudo, porque é que me veio com aquela mensagem?? Além disso o Paul disse-me o mesmo e respondi-lhe que já tinha tirado o que era meu. Se ele não me fez mais nenhuma observação, naturalmente era só para cada um tirar o que é seu. Esperei que uma das chamadas acabasse e pus no modo "...zZ7Zz...", porque assim nem sequer tremia, enquanto no "SHUTdaFUCKup" ainda tremia - e isso é o suficiente para pertubar o meu sono. Eu não telefono às pessoas a partir das 22:00, que é quando me sinto realmente acordado e pronto para trabalhar, porque é que me ligam todos nas "minhas manhãs"? Porque é que todos me querem chatear com pormenores de anos, como é que correu, aonde estás? O que é que isso interessa? Serão respostas universais? Credo! Então, não fiz mais nada: virei-me para o outro lado e pela última chamada não atendida era cerca de 17:11.
No quentinho da cama e na erecção de quem está meio a dormir, comecei por masturbar-me a pensar em ti, Raquel, mas logo me vinham outras pessoas à cabeça, homens inclusivé, tirando-me o excitamento. Mas com um pouco de concentração consigo atingir o clímax do prazer (ainda que não seja sempre da mesma força), e isso é o suficiente para me deixar na cama com a barriga e o edredon molhados, ofegante e relaxado, descontraído. Entregue à minha intimidade, em momentos exactamente igual à intimidade de tantos outros, crio a minha parede de descanso, paz ou escura solidão, tal como tantos outros. E adormeci... e eu, que sonho todas as noites, como toda a gente, raramente me lembro dos sonhos, raramente posso dizer-te "também sonhei contigo". Quero aproveitar este momento para descrever o que se passou enquanto eu tinha os olhos fechados, a minha respiração constante mas profunda, nos tormentos e sofrimento de quem quer dormir, mas não consegue. Costumo lembrar-me de imagens, momentos, e principalmente de sensações (como aquela que salto de prédios em prédios do género Parkour - já fazia isto com 6 anos, antes desta modalidade estar na moda - equilibrando-me enquanto ia flutuando e fazendo sprints, ao fugir de homens escuros), mas muitas poucas foram as vezes em que me lembro de ter sonhado aquilo que podia ser uma curta-metragem ou um poema.
Para condensar a ideia e o texto que está agora a ser lido, vou descrever o sonho no post seguinte.
No quentinho da cama e na erecção de quem está meio a dormir, comecei por masturbar-me a pensar em ti, Raquel, mas logo me vinham outras pessoas à cabeça, homens inclusivé, tirando-me o excitamento. Mas com um pouco de concentração consigo atingir o clímax do prazer (ainda que não seja sempre da mesma força), e isso é o suficiente para me deixar na cama com a barriga e o edredon molhados, ofegante e relaxado, descontraído. Entregue à minha intimidade, em momentos exactamente igual à intimidade de tantos outros, crio a minha parede de descanso, paz ou escura solidão, tal como tantos outros. E adormeci... e eu, que sonho todas as noites, como toda a gente, raramente me lembro dos sonhos, raramente posso dizer-te "também sonhei contigo". Quero aproveitar este momento para descrever o que se passou enquanto eu tinha os olhos fechados, a minha respiração constante mas profunda, nos tormentos e sofrimento de quem quer dormir, mas não consegue. Costumo lembrar-me de imagens, momentos, e principalmente de sensações (como aquela que salto de prédios em prédios do género Parkour - já fazia isto com 6 anos, antes desta modalidade estar na moda - equilibrando-me enquanto ia flutuando e fazendo sprints, ao fugir de homens escuros), mas muitas poucas foram as vezes em que me lembro de ter sonhado aquilo que podia ser uma curta-metragem ou um poema.
Para condensar a ideia e o texto que está agora a ser lido, vou descrever o sonho no post seguinte.
Textos Soltos - "A quem me ama"
Eu gosto de ti.
- Sabes que sim -
Tu gostas de mim.
- Eu sei -
Eu gosto dele.
- Isto não sabias! -
E são três 'gostares' diferentes.
Precupo-me contigo, é verdade.
Mas... Fugia contigo?
Com certeza te digo que não.
Queres sentir-me como eu o sinto a ele.
Mas... não sabes que é assim.
Queres-me tua. Dizes-te meu.
Sempre.
E a minha vontade?
E se eu não te quiser meu?
E se eu nunca for tua?
Nunca.
Fui dele.
Ontem. Hoje.
Continuarei a ser.
É natural.
Sempre foi.
Não julgues incendiar-me
É ele que o faz.
Não me queiras.
Não sou capaz.
Águia Branca
- Sabes que sim -
Tu gostas de mim.
- Eu sei -
Eu gosto dele.
- Isto não sabias! -
E são três 'gostares' diferentes.
Precupo-me contigo, é verdade.
Mas... Fugia contigo?
Com certeza te digo que não.
Queres sentir-me como eu o sinto a ele.
Mas... não sabes que é assim.
Queres-me tua. Dizes-te meu.
Sempre.
E a minha vontade?
E se eu não te quiser meu?
E se eu nunca for tua?
Nunca.
Fui dele.
Ontem. Hoje.
Continuarei a ser.
É natural.
Sempre foi.
Não julgues incendiar-me
É ele que o faz.
Não me queiras.
Não sou capaz.
Águia Branca
Saturday, 2 February 2008
Health and Safety
Daqui a uns anos - não muitos - haverá o controle nas palavras que dissermos. Tudo o que dissermos terá um modo, uma programação pré-definida de acordo com o que já foi inventado. Os grandes escritores irão ter um programa em que bastará falar, que na recepção do som, transforma-se em letras aquilo que foi dito. Tal como a carne crua em pedaços que entra na máquina e sai em carne picadinha.
Será assim, na nossa comunicação, nas nossas relações humanas, até nos nossos pensamentos. As pessoas não terão voz própria. Será tudo transmitido para um pequeno aparelho que reproduzirá o som standard, de acordo com as intenções e a legislação de bem falar. Assim, a mesma voz ecoará nas ruas, em vários pontos, saindo de várias pessoas, mas falado de coisas diferentes, nos volumes permitidos pela lei e sobre os temas permitidos. Só se falará daquilo que se pode pensar.
Mas haverá uma falha.
Nascerá alguém que irá fugir para as cinzas da Europa destruída. Vai arranjar o pequeno aparelho do pescoço e vai começar a emitir sons... como um animal... "hhhaaaa uhhhhh mmaaaaa huhhhhh". Aprenderá a desenhar as letras, nas terras do chão... encontrará outros com sons diferentes.
Os anos passarão e formarão uma sociedade. Montarão uma escola e escreverão um livro com novas experiências, novos sons, com um novo alfabeto. Um livro para derrubar o grande regime. Conseguirão voltar à civilização, infiltrando-se e espalhando cópias desses livros por baixo das almofadas dos cidadãos civilizados.
Será assim, na nossa comunicação, nas nossas relações humanas, até nos nossos pensamentos. As pessoas não terão voz própria. Será tudo transmitido para um pequeno aparelho que reproduzirá o som standard, de acordo com as intenções e a legislação de bem falar. Assim, a mesma voz ecoará nas ruas, em vários pontos, saindo de várias pessoas, mas falado de coisas diferentes, nos volumes permitidos pela lei e sobre os temas permitidos. Só se falará daquilo que se pode pensar.
Mas haverá uma falha.
Nascerá alguém que irá fugir para as cinzas da Europa destruída. Vai arranjar o pequeno aparelho do pescoço e vai começar a emitir sons... como um animal... "hhhaaaa uhhhhh mmaaaaa huhhhhh". Aprenderá a desenhar as letras, nas terras do chão... encontrará outros com sons diferentes.
Os anos passarão e formarão uma sociedade. Montarão uma escola e escreverão um livro com novas experiências, novos sons, com um novo alfabeto. Um livro para derrubar o grande regime. Conseguirão voltar à civilização, infiltrando-se e espalhando cópias desses livros por baixo das almofadas dos cidadãos civilizados.
Uma grande maioria não irá reparar que tem um livro por baixo da almofada.
E a minoria que pode mudar o mundo... vai... vai tentar ler... e não vai conseguir.
O teu lado espiritual
O teu texto é ainda mais fodido que o meu.
Esta merda vamos acabar a escrever letras à toa.
Códigos, oh caralho.
És tu a fritar.................
Com a mania que és livre, oh caralho.
MAS NÃO ÉS!
AHAHAHA
E os caralhos dos putos e das velhas feias como O JUDAS!
PODEM BEIJAR-ME O CÚ!
AHAHAHA
A PIÇA!
Não há liberdade!
A liberdade condiciona aquilo que tu queres ser.
A liberdade é a flor que nasce e morre dentro da tua estufa.
A liberdade é a mãe deixar a criança no lixo e ir-se embora.
A mim não me ludibrificam nem lubrificam, nem o caralho que os foda!
A mim, venho-me para os passarinhos de boca aberta à espera da minhoca da pássara-mãe.
A Televisão também a fodo na saída SCART!
Fodo toda a gente!
Eu quero é amor à minha volta.
Filhos da puta.
Vou sexá-los a todos.
Vou tirar a virgindade dessas entidades puras! Vou espetar-lhe uma puta de uma caralhada fora dos cânones.
Estão fodidos!
Vou fazer perguntar-se como é que foram parar tão baixo.
Como é que se deixaram comprar!
Como já se compra tudo por preços tão pequenos, tens de trabalhar a vida inteira para teres o que queres!
Eu não trabalho para ninguém.
Eu sou a puta da peça fodida no relógio e ninguém sabe qual é...
ESTE RELÓGIO VAI P'Ó CARALHO!
Vais ter de comprar outro, bebé!
AHAHAHA
E ainda me masturbo a pensar nisso tudo.
Ainda me excito com a queda desses cabrões.
Ainda meto as mãos nas calças e o dedo no cú a pensar nas contas bancárias que vai congelar, no governo que vai cair, nos programas que vão morrer, nos ídolos que se vão suicidar por MEDO!
Têm é medo!
Bem podem fugir. Mas não hão-de escapar.
E não sou eu quem os vai foder.
É o GREEN RIPPER!!
A mim não me vês, GRANDE IRMÃ.
Eu sou o rato que passa junto dos cabos, no estuque das paredes...
Sou eu quem rói a merda dessas ligações! É a minha imagem que aparece na TV quando estás a tentar ver o teu programa preferido e não consegues!
Eu sou o infinito!
Aliás, eu sou o menos infinito!
Falta o de morange.
*morango.
Teclado de merda.
Já nem exprimir-me com modos posso.
Filho da puta.
Censura até a escrever.
Não trabalho para a comunidade.
Todos vão padecer, todos vão ser tomados pelas areias do tempo.
As minhas ideias é que vão permanecer!
E não são os meus escritos, nem as minhas emoções!
Mas sim as minhas ideias!
Essas ideias que se vão propagar pelo infinito. Vou ser o ditado que ninguém sabe a origem.
Pensas tu...
Sou o esqueleto aqui dentro.
Sou a carne agarrada aos ossos que protegem o cérebro e o coração...
Mas nem isso me consegue proteger!
NAda! Não há como esconder, não há matéria.
Não vai ser o meu próprio ADN, não vai ser o meu próprio corpo a censurar aquilo que tem de ser dito!
O VENTO NÃO VAI PARAR!
AS JANELAS VÃO CONTINUAR A BATER!
E se as fecharem, vai haver alguém lá fora a partir os vidros com uma perna.
E irás admirar-te quando descobrires que essa pessoa foi o menino do jornal.
AHAHAHAH
Estás a ser consumido!
Estás a ser notícia do jornal.......................... Estás no jornal da tua cidade, estão todos a saber o que se passa contigo.
Ninguém para te acudir... E bem podes dizer que és espiado por todos, seu louco, ninguém te vai ouvir.
Porque és fraco... como todos os outros... não ouviste a minha oração.
Não perdeste tempo no espelho a descobrir-te.
Não vales nada, nem o teu próprio corpo. Só vales a tua pele...
E agora o leite está derramado e estás a lamber o chão, desgraçado
Mas não se trata do leite. Porque isso não é leite. ISSO É O SÉMEN DA SOCIEDADE.:
Que tu bebes para procriar mais iguais a ti.
És o ADN mais básico, és dois átomos.
Jamais serás três. Seria demasiado para ti..
Aqueles que têm três são aqueles que se mexem acima de ti, aqueles que ejaculam para a tua boca, para o teu útero estomacal.
Eu eu?
E eu??
Quantos é que eu tenho?
Não tenho! Eu não sou feito de átomos!
AHAHA
A mim não me apanhas..............
Sou o menos infinito.
Sou o virus infiltrado.
Sou a tua consciência...
Sou o teu lado negro... espiritual.
Esta merda vamos acabar a escrever letras à toa.
Códigos, oh caralho.
És tu a fritar.................
Com a mania que és livre, oh caralho.
MAS NÃO ÉS!
AHAHAHA
E os caralhos dos putos e das velhas feias como O JUDAS!
PODEM BEIJAR-ME O CÚ!
AHAHAHA
A PIÇA!
Não há liberdade!
A liberdade condiciona aquilo que tu queres ser.
A liberdade é a flor que nasce e morre dentro da tua estufa.
A liberdade é a mãe deixar a criança no lixo e ir-se embora.
A mim não me ludibrificam nem lubrificam, nem o caralho que os foda!
A mim, venho-me para os passarinhos de boca aberta à espera da minhoca da pássara-mãe.
A Televisão também a fodo na saída SCART!
Fodo toda a gente!
Eu quero é amor à minha volta.
Filhos da puta.
Vou sexá-los a todos.
Vou tirar a virgindade dessas entidades puras! Vou espetar-lhe uma puta de uma caralhada fora dos cânones.
Estão fodidos!
Vou fazer perguntar-se como é que foram parar tão baixo.
Como é que se deixaram comprar!
Como já se compra tudo por preços tão pequenos, tens de trabalhar a vida inteira para teres o que queres!
Eu não trabalho para ninguém.
Eu sou a puta da peça fodida no relógio e ninguém sabe qual é...
ESTE RELÓGIO VAI P'Ó CARALHO!
Vais ter de comprar outro, bebé!
AHAHAHA
E ainda me masturbo a pensar nisso tudo.
Ainda me excito com a queda desses cabrões.
Ainda meto as mãos nas calças e o dedo no cú a pensar nas contas bancárias que vai congelar, no governo que vai cair, nos programas que vão morrer, nos ídolos que se vão suicidar por MEDO!
Têm é medo!
Bem podem fugir. Mas não hão-de escapar.
E não sou eu quem os vai foder.
É o GREEN RIPPER!!
A mim não me vês, GRANDE IRMÃ.
Eu sou o rato que passa junto dos cabos, no estuque das paredes...
Sou eu quem rói a merda dessas ligações! É a minha imagem que aparece na TV quando estás a tentar ver o teu programa preferido e não consegues!
Eu sou o infinito!
Aliás, eu sou o menos infinito!
Falta o de morange.
*morango.
Teclado de merda.
Já nem exprimir-me com modos posso.
Filho da puta.
Censura até a escrever.
Não trabalho para a comunidade.
Todos vão padecer, todos vão ser tomados pelas areias do tempo.
As minhas ideias é que vão permanecer!
E não são os meus escritos, nem as minhas emoções!
Mas sim as minhas ideias!
Essas ideias que se vão propagar pelo infinito. Vou ser o ditado que ninguém sabe a origem.
Pensas tu...
Sou o esqueleto aqui dentro.
Sou a carne agarrada aos ossos que protegem o cérebro e o coração...
Mas nem isso me consegue proteger!
NAda! Não há como esconder, não há matéria.
Não vai ser o meu próprio ADN, não vai ser o meu próprio corpo a censurar aquilo que tem de ser dito!
O VENTO NÃO VAI PARAR!
AS JANELAS VÃO CONTINUAR A BATER!
E se as fecharem, vai haver alguém lá fora a partir os vidros com uma perna.
E irás admirar-te quando descobrires que essa pessoa foi o menino do jornal.
AHAHAHAH
Estás a ser consumido!
Estás a ser notícia do jornal.......................... Estás no jornal da tua cidade, estão todos a saber o que se passa contigo.
Ninguém para te acudir... E bem podes dizer que és espiado por todos, seu louco, ninguém te vai ouvir.
Porque és fraco... como todos os outros... não ouviste a minha oração.
Não perdeste tempo no espelho a descobrir-te.
Não vales nada, nem o teu próprio corpo. Só vales a tua pele...
E agora o leite está derramado e estás a lamber o chão, desgraçado
Mas não se trata do leite. Porque isso não é leite. ISSO É O SÉMEN DA SOCIEDADE.:
Que tu bebes para procriar mais iguais a ti.
És o ADN mais básico, és dois átomos.
Jamais serás três. Seria demasiado para ti..
Aqueles que têm três são aqueles que se mexem acima de ti, aqueles que ejaculam para a tua boca, para o teu útero estomacal.
Eu eu?
E eu??
Quantos é que eu tenho?
Não tenho! Eu não sou feito de átomos!
AHAHA
A mim não me apanhas..............
Sou o menos infinito.
Sou o virus infiltrado.
Sou a tua consciência...
Sou o teu lado negro... espiritual.
A tua missão
Uh... foi... sim... uh... acho que foi quando percebi que estava a doer-me a cabeça... quero dizer... foi aí que começou a doer-me a cabeça... não sei bem porquê e fiquei curioso. Acho que acontece a todos aqueles que estão a ser incomodados por algo, mas não sabem bem porquê. As dores de cabeça são o de menos. Isso é acontece por eu não ser o Deus da minha própria religião... talvez o mártir... o messias... e também o crente. Mas o que me estava a incomodar não era decerto as dores que eu sinto, mas as dores que tu sentes. Aprecio a diferença que existe entre nós, entre os vivos e os mortos, entre aqueles que pensam para além da vida e vivem em paz, descansam em paz... aprecio e as maiores sensações que recebo são das tuas experiências, do teu sofrimento... principalmente... do teu sofrimento... hmm... sim.
Ora experimenta olhar para as paredes sólidas que te rodeiam... parte-as... hmm... quebra-as... não estão lá... são materias... matérias. Essas paredes não... não podem fazer nada... foste tu que as construiste, és tu quem as pode derrubar... se alcançares, hmm, isso, vais perceber que não existe nada artificial - que é tudo natureza. Não faz sentido falar da sociedade, da vida, de trabalho... isso é... esquece. Estás muito tenso. Estás muito material, tens de fazer com o espírito.
Experimenta agora olhar para o teu corpo... despe-te todo em frente ao espelho... toca-te... sente o tecido da tua pele... faz o que te digo... vais perceber... vai, toca-te no pescoço... nas costas... nas pernas... desliza as mãos pelo peito... olha para os teus olhos... se tiveres atenção, vais perceber que essa pele... hmm... esse corpo que tu tens aí despido... foi-te dado muito recentemente... sim... ainda há pouco tinhas mãozinhas no lugar de mãos, tinhas o cabelo de outra maneira, menos pêlos corpos... o teu corpo mudou... mas... ainda não acabei... o teu corpo não mudou todo... ele vai continuar a mudar... vais ter ainda mais pêlos... menos cabelos... mais pele, mais gasta... e mesmo quando morreres, ele vai continuar a mudar até desaparecer por completo. E todos se esquecerão de ti... hmm... e... aqueles que não se esquecerem de ti... vão morrer logo a seguir a ti... e vão acabar como tu, nada... Tu que, hmm, te olhas no espelho, percebes agora que nunca exististe, nunca existiu... que já morreste... e se fizeste isto que eu te disse... se... percebeste agora... aceitaste o que se pode chamar destino... se não tiveres medo, se te entregares... ao desconhecido... garanto-te que as tuas dores de cabeça pararão... tal como as minhas também. Esta é a nova religião.
Ora experimenta olhar para as paredes sólidas que te rodeiam... parte-as... hmm... quebra-as... não estão lá... são materias... matérias. Essas paredes não... não podem fazer nada... foste tu que as construiste, és tu quem as pode derrubar... se alcançares, hmm, isso, vais perceber que não existe nada artificial - que é tudo natureza. Não faz sentido falar da sociedade, da vida, de trabalho... isso é... esquece. Estás muito tenso. Estás muito material, tens de fazer com o espírito.
Experimenta agora olhar para o teu corpo... despe-te todo em frente ao espelho... toca-te... sente o tecido da tua pele... faz o que te digo... vais perceber... vai, toca-te no pescoço... nas costas... nas pernas... desliza as mãos pelo peito... olha para os teus olhos... se tiveres atenção, vais perceber que essa pele... hmm... esse corpo que tu tens aí despido... foi-te dado muito recentemente... sim... ainda há pouco tinhas mãozinhas no lugar de mãos, tinhas o cabelo de outra maneira, menos pêlos corpos... o teu corpo mudou... mas... ainda não acabei... o teu corpo não mudou todo... ele vai continuar a mudar... vais ter ainda mais pêlos... menos cabelos... mais pele, mais gasta... e mesmo quando morreres, ele vai continuar a mudar até desaparecer por completo. E todos se esquecerão de ti... hmm... e... aqueles que não se esquecerem de ti... vão morrer logo a seguir a ti... e vão acabar como tu, nada... Tu que, hmm, te olhas no espelho, percebes agora que nunca exististe, nunca existiu... que já morreste... e se fizeste isto que eu te disse... se... percebeste agora... aceitaste o que se pode chamar destino... se não tiveres medo, se te entregares... ao desconhecido... garanto-te que as tuas dores de cabeça pararão... tal como as minhas também. Esta é a nova religião.
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