As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Monday, 4 February 2008

17:20 - 17:40 de 8 de Janeiro de 2008

Tinha-me virado para o lado, porque continuavam a ligar-me; quer o gajo do restaurante chinês ao qual ontem disse que ia à entrevista, quer o meu pai (que afinal só queria dizer-me para das os 64 parabéns à mãe dele, e falar mal da minha), quer o um número privado (que devia ser o meu avô do Brasil a querer saber tudo, tudo, tudo, tudinho como é que correu o espectáculo ontem, se recebi o e-mail dele ontem, porque é que não respondi, se já arranjei emprego, perspectivas futuras de empregos, se estive com o meu irmão, como é que ele está, que tal o meu pai, se estamos mais próximos, etc...). Isto tudo para além da mensagem da Laura a perguntar aonde eu estava, que devia estar no Spires Theatre a arrumar aquilo às 12h, e que já tinha feito quase tudo sozinha. Se já tinha feito quase tudo, porque é que me veio com aquela mensagem?? Além disso o Paul disse-me o mesmo e respondi-lhe que já tinha tirado o que era meu. Se ele não me fez mais nenhuma observação, naturalmente era só para cada um tirar o que é seu. Esperei que uma das chamadas acabasse e pus no modo "...zZ7Zz...", porque assim nem sequer tremia, enquanto no "SHUTdaFUCKup" ainda tremia - e isso é o suficiente para pertubar o meu sono. Eu não telefono às pessoas a partir das 22:00, que é quando me sinto realmente acordado e pronto para trabalhar, porque é que me ligam todos nas "minhas manhãs"? Porque é que todos me querem chatear com pormenores de anos, como é que correu, aonde estás? O que é que isso interessa? Serão respostas universais? Credo! Então, não fiz mais nada: virei-me para o outro lado e pela última chamada não atendida era cerca de 17:11.

No quentinho da cama e na erecção de quem está meio a dormir, comecei por masturbar-me a pensar em ti, Raquel, mas logo me vinham outras pessoas à cabeça, homens inclusivé, tirando-me o excitamento. Mas com um pouco de concentração consigo atingir o clímax do prazer (ainda que não seja sempre da mesma força), e isso é o suficiente para me deixar na cama com a barriga e o edredon molhados, ofegante e relaxado, descontraído. Entregue à minha intimidade, em momentos exactamente igual à intimidade de tantos outros, crio a minha parede de descanso, paz ou escura solidão, tal como tantos outros. E adormeci... e eu, que sonho todas as noites, como toda a gente, raramente me lembro dos sonhos, raramente posso dizer-te "também sonhei contigo". Quero aproveitar este momento para descrever o que se passou enquanto eu tinha os olhos fechados, a minha respiração constante mas profunda, nos tormentos e sofrimento de quem quer dormir, mas não consegue. Costumo lembrar-me de imagens, momentos, e principalmente de sensações (como aquela que salto de prédios em prédios do género Parkour - já fazia isto com 6 anos, antes desta modalidade estar na moda - equilibrando-me enquanto ia flutuando e fazendo sprints, ao fugir de homens escuros), mas muitas poucas foram as vezes em que me lembro de ter sonhado aquilo que podia ser uma curta-metragem ou um poema.

Para condensar a ideia e o texto que está agora a ser lido, vou descrever o sonho no post seguinte.

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