Virei-me para o lado, molhado, deixando o banho para quando acordasse... e adormeci.
Estava contigo e mais uma miúda. Naturalmente que nós estavamos a fazer amor, como é normal. A outra olhava e ficava a olhar. Mas como os homens nunca estão satisfeitos, olhei para a outra e perguntei-te se te importavas caso ela se juntasse a nós. Tu hesitaste, mas aceitaste. Hesitaste contra-argumentando que eu não podia dar prazer a uma e a outra ao mesmo tempo, mas eis que senti crescer-me mais um pénis, que ficou do mesmo tamanho do outro, lado-a-lado e aquilo deu resultado. Isto foi tudo levado na emoção de uma erecção e de querer mais e mais. São os momentos em que esquecemos quem somos, o que estamos cá a fazer, em que nos podem tirar todo o dinheiro do banco, fazer assinar todos os contractos sem os ler, são os momentos em que rasgamos a única que temos para vestir. E também são os momentos em que não controlamos o que podemos ter e pedimos mais, mais, mais e mais, queremos mais mulheres, mais emoção, mais ejaculações, mais orgasmos e muito mais fortes. São os momentos que só tu, Raquel, me dá e que eu te retribuo tão injustamente.
Depois de ter feito amor com as tuas ao mesmo tempo, a outra desapareceu do meu sonho e nunca mais apareceu - coisa que não acontece contigo; continuas a ser algo que quero manter por perto, mesmo depois de me vir. Ao andar pela rua, conversando de mãos dadas, tu nada arrependida do que tinhamos feito - eu, um pouco - disseste-me que havia uma criança com uma doença letal que tinha de ser salva. Era uma urgência que só eu poderia fazer, levar o antídoto à criança. Mas isso implicaria termo-nos de afastar por algum tempo. Na fonte, sentados a conversar, deste-me o medicamento num frasco de vidro e os bilhetes para um espectáculo. Para me confortares e pores as coisas em pratos limpos, disseste-me que caso eu realmente não tinha sentido nada pela outra rapariga, acabaria por voltar com os nossos dois bilhetes, pois não entrarias sozinha, e fizeste-me levar os dois.
Fui a correr com os bilhetes e o medicamento e bati à janela de uma casa. Olhei para dentro e vi um pequeno grupo de homens com aventais a conversar num ambiente pesado e íntimo. Percebi logo que eram maçons. Bati à janela outra vez e eles trataram de tentar esconder os aventais e outros adereços, livros, etc... Perguntaram-me o que eu queria, pela janela. Disse-lhes que tinha o medicamento para salvar a criança. Eles pediram-me o medicamento e eu mostrei-lhes. Pediram-me que eu lhes dar o medicamento, que eles tratariam do resto. Eu recusei e disse que eu trataria daquilo sozinho, que só precisava de saber aonde estava a criança. Ainda lhes disse que era obrigação como pedreiros do temp(l)o dizerem-me aonde ela se encontrava. Roubaram-me o antídoto. Atirei-me para dentro da casa, através da janela, e usei o Taekwondo (coisa que não pratico há uns bons meses). Consegui roubar o antídoto de volta de um deles, mas os outros dois continuavam a bater-me. Saltei para a janela e fugi, deixando-os para trás.
Continuei a andar pela rua e à procura da casa onde a criança estava. Encontrei uma casa e pessoas nos seus carros em manobras. Olhei para o primeiro carro, ao andar em direcção à casa e vi uma mulher com um sorriso de esperança (aquele sorriso de quem está quase a chorar, mas continua a sorrir). Percebi que aquela era a mãe da criança e que estava perto. Corri para a casa e à entrada fui dar com algumas crianças. Nisto a mãe chegou por trás de mim levando duas miudinhos no colo. Fui ter com ela: "Está aqui." Ela perguntou-me: "O que é isto?" Respondi: "Dá isto ao miúdo." Ela sorriu mais ainda e deu a uma das crianças. A criança bebeu a garrafinha toda. Momento de suspensão... a mãe perguntou ao miúdo: "Estás a sentir-te melhor?" O menino respondeu que sim e a voz dele começou a mudar, enquanto falava, tornando-se numa voz normal de criança, tal como a cor da sua pele. Muito felizes ficaram e agradeceram-me.
Saí a correr à procura de algo que não sabia o que era. No final da rua, encontrei-te triste, sentada à beira da estrada. Lembrei-me aí que tinha de te levar ao espectáculo e que tu tinhas ficado à minha espera. Disse: "Aí estás tu!" Tu respondeste: "Desculpa, amor, estou um bocado constipada." e levantaste-te. Pus as mãos nos bolsos e vi os bilhetes... em pedaços. Devia ter sido na luta com os maçons corrompidos. Vi que a tua voz estava anasalada e senti-me culpado. Não sei se estavas assim, por teres ficado muito tempo à minha espera, ou se foi acaso. Só sei que ainda estavas lá, e sempre ficaste lá, confiante de que ia voltar. Quando te tinha visto ali sentada, o teu olhar era vazio e sem esperança. Ficaste triste e feia, vazio, à espera para morrer, ou à minha espera... Os bilhetes em pedaços ainda davam para nós entrarmos. O teu olhar endureceu-me o coração. Nunca pensei que alguém acreditaria tanto em mim, mais do que eu próprio que tinha saído da casa do menino curado sem saber aonde ir, apesar de saber que tinha de ir. Dei uns passos em frente lembrando-me do que passei para chegar a ti e imaginando o que passaste enquanto eu a ti não chegava, Raquel. Abracei-te... e comecei a chorar... devagarinho... baixinho... pequenino... e deixava as gotas pingar da minha cara para o teu ombro.
As cordas vocais ficaram tensas e o ar saia da minha boca... saia tenso... foi assim, que acordei, a fazer força com o diafragma para expulsar o ar enquanto tentava gemer. No entanto, não estava a deitar nenhum som, apenas ar. E os olhos estavam secos. Ali estava eu, deitado, abraço ao edredon no meu casulo habitual. E eu sonhava com a mulher mais bonita do Mundo. Quantas noites mais terei de ficar a abraçar o edredon, em vez de do teu corpo, tal como já foi durante imensas noites e quero que seja para sempre?
Hoje, 8 de Janeiro de 2008 às 17:40, voltei a prometer-me que para sempre seria teu. Que jamais ficarias constipada, e eu com dúvidas, mas que tu poderias ter as tuas dúvidas e eu constipado eternamente à tua espera.
Se ninguém me perceber, que olhem bem nos teus olhos verdes, no teu sorriso e que veja tudo aquilo que só a mim me dás e que eu nunca pensei receber de ninguém. Raquel.
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