É tão bom chorar.
Espalhados por todo Mundo, humildes e pobres, lutam por uma vida melhor. Este é o povo português que um dia deu novos mundos ao mundo, e que criou pontes que jamais cairão. Marinheiros chorados pelas suas mulheres, chorados pela pátria, de todos os Reis que tivémos, aqueles que nos amavam e aqueles que nos trairam.
Sempre tivémos este cantinho, deste continente que sempre esteve em Guerra. Já por cá passaram muitos impérios, desde aqueles que diziam que nós "não nos governamos, nem nos deixamos governar" àqueles que pensam que isto faz parte do país vizinho, ou que ficamos no Norte da África. E nós que já fomos a África inteira, tivémos o Mapa Cor-de-rosa, tivémos o Oriente, as Américas, tivémos as terras e os mares... Os mares, principalmente.
Hoje em dia, temos um povo que esquece a sua língua, que assina acordos, temos doutores e senhores do dinheiro que governam as nossas terras... que as desgovernam. Podemos ter perdido o nosso vinho do Porto, os nossos almoços de Domingos, os nossos passeios nos parques pelos passeios pelas lojas de luzes que nunca fundem, e, estamos quase a perder a nossa língua... Mas, jamais perderemos as vozes do povo, as "saudades" ainda que em forma de sehnsucht ou missing, poderão tentar traduzir isto do que é ser português - e até nos podem apagar a palavra, por completo. Podem-nos tirar o poder de expressão... Podemos ser completamente anulados.
E, lá numa casa escura, às horas altas da noite proibida, continuará uma mulher a cantar com a mão direita apoiada nos guitarristas sentados. Porque é isto o que somos. Levem as terras, as famílias, a tradição, a pátria, mas não tirarão os sons que saem das gargantas dessas pessoas que já nasceram castigadas. Porque o Fado nasceu de uma prostituta... Porque o nosso povo nunca foi nobre por fora... Mas que jamais será pobre por dentro.
Se choro, é porque é bom chorar. E só aqueles que nasceram e falaram como eu é que poderão perceber... porque isto são as ruínas mouras de Lisboa, são os longos campos secos do Alentejo, as praias e os figos do Algarve, os vales e florestas do Norte... Isto é o meu país. O meu país que é de todos.
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