A melhor coisa que uma pessoa pode receber é amor, sexo, carinho. É o saciar da fome que todos têm. Não é mau nem feio pagar com a carne do corpo por um serviço. Por uma pessoa receber a amizade de outra, o carinho e atenção, sente-se muitas vezes com vontade de pagar com algo que lhe é ouro, e que muito pouca gente - o corpo. O corpo é aquela raridade de tecido que a mulher sonha, fa-la sentir calor, desejo e carinho. Faz o seu útero dizer-lhe que é mulher e que quer ser mãe. A mulher quer ser mãe, quer dar Mundos ao Mundo - e só ela tem esse poder. Vive no seu negativismo atraindo tudo o que é positivo e gosta de se expandir - o homem.
Num acto artístico, uma mulher gorda lê uma história a um grupo de amigos. Os seus lábios transformam-se em sabor, as suas pernas carnudas em tecido suave, tal como o seu peito e ventre se transformam em cheiro. As hormonas desse grupo de rapazes que a ouvem fazem-nos deambular num transe de desejo e vagueamento. Antes de acabarem de ouvir a história - que para todos os efeitos está a ser consumida pelo ritmo da respiração de todos, que agora parece desesperá-los - sabem eles muito bem qual seria a melhor forma de retribuir tais sentimentos... libertar. As raparigas que ouvem a história notam o comportamento irregular dos rapazes, que só é ignorado por esta gorda que lê, concentrada em concentrar. As raparigas começam a sentir-se mulheres, deixando com que a respiração acelere também, deixando-se hipnotizar pelos corpos transpirados que olham fixamente para a gorda, fazendo-as sentir desprezadas e ateando ainda mais os desejos que agora começam a ter.
As raparigas começam a desapertar as blusas, enquanto que os seus úteros vão libertando pequenas gotas de vontade. Os rapazes, por sua vez, ficam com os lábios secos e sentem a zona pélvica a mudar a maneira como estão sentados. Como num quadro a altas temperaturas que começa a escorrer a tinta, este grupo de jovens começa a decompor-se, derretendo nas suas cadeiras, enquanto a mulher gorda vai lendo submersa de forma poética aquilo que tem à sua frente. Se o tempo não existisse, estes corpos teriam sido transformados em verdadeiros bonecos de plasticina para plasticina, para água, para matéria, para ar, para um gaz com reacções químicas com tendências a explodir.
A mulher acabou de ler e pousou o livro. A nuvem hipnótica desapareceu subitamente e as pessoas recomposeram-se. A mulher gorda recebe o seu salário em dinheiro. E os jovens não dizem nada do que sentiram, porque neste mundo não é assim que se paga.
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4 comments:
Essas metáforas tão "Raquelescas" modéstia à parte. Mas é isso... amei. VIGOROSO!
PORNO! Tou a gozar :D muito envolvente... boa!!
carnal.
Muito erótico mesmo!
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