Chego cansado de mais um dia. Ao entrar em casa o calor e o cheiro fazem-me sentir aonde estou, e automaticamente relaxo. Deixo-me relaxar, neste sítio aonde ninguém me vê, aonde não preciso de fazer caras ou falar com ninguém. Deito-me na cama a ouvir uma música que me faz sentir numa pluma, dançando nas brisas que entram pela janela que deixei aberta. Nisto, um corpo frágil, quente e com pêlo perfumado e carinhoso vem molhar-me a cara com a sua língua.
O meu cão, sempre fiel, vem quando o chamo, vai quando o mando embora, sente quando eu sinto e nunca deixa de me ser fiel. É um escravo das minhas vontades. É o mesmo cão que me raspa na porta quando esta está trancada, é o mesmo que dorme aos meus pés se a porta ficou aberta. Lambe-me o nariz e os lábios, não num acto de vandalismo, mas com carinho e amor na sua maneira natural de ser.
Dou-lhe pancada quando me suja a casa, grito-lhe quando me rói os móveis e persigo-o quando se esconde. Talvez não o leve a passear as vezes que ele precisa, talvez não tem os brinquedos de que precisa, e talvez tem medo. Mas não tem consciência. Eu tenho consciência. Eu devia ter mais cuidado com a como me expresso àquele animal que só me entende através da minha respiração acelerada ou fraca.
Apesar de tudo, ele vem sempre ter comigo nos momentos de silêncio - e muitas vezes arrependido, para me pedir desculpas por aquilo que eu o obriguei a fazer.
Meu pequeno cão, que sacodes essa cauda quando ouves o meu nome, que me olhas com esse olhar de quem me ama realmente, vem! Vem ao dono! Vem ao dono que te ama e que só te quer fazer feliz!
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2 comments:
custumo ler os teus textos com uma cadela a aqecer-me o colo e que sente saudaditas tuas! Bora casa-los? Ou este é mais um dos teus devaneios? =) Adoro-te
que prodígio da escrita! continua Balbino.
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