Pude ver o meu irmão e o meu pai através da vidraça do café. Entrei, eles levantaram-se para me darem dois beijinhos cada um, o Caio estava a comer um gelado Maltesers e o meu pai a beber uma bica com uma macieira. Sentei-me na mesa.
Mandei vir um pastel de nata e um Sumol de Maracujá. Na televisão estava a dar um programa qualquer na SIC - acho que era o "Hip Hop'arque" - e lá estava o Carlos Cunha vestido de colegial, com as suas palhaçadas. As pessoas nas outras mesas, olhavam para cima, para a TV e sorriam. O empregado de mesa, filho do dono, abria umas Sagres a olhar para cima, também... e rindo. Desajeitados e lentos, mais umas 4 crianças a correr, a brincar com carrinhos e uma mãe fisicamente atraente, mas bruta como a tradicional portuguesa. Observava aquilo tudo e dizia "o meu povo é assim? É este caos?"...
Posso não me identificar com aquela gente e achar que aquilo é a miséria do nosso país. Posso achá-los tão inferiores comparativamente àquilo que temos para dar e mostrar ao Mundo. Mas... mas todos nós nos calámos para ver o casal de ingleses de entrar... as quatro mesas activas, incluindo a nossa, se calaram... Olhei para os senhores ingleses, enquanto comia o pastel de nata e pensei para comigo: "Não... estes é que são a miséria." E de facto eram... A miséria do Mundo, onde se tratam com muito cuidado com medo de serem processados ou ofenderem alguém, porque não é polite, my dear. Sem aquelas cores berrantes e xícaras de chá tradicionais inglesas, engoliram o seu café numa caneca vulgar. Olharam para a prateleira dos bolos e não pediram nada. Mesmo que o meu pastel de nata ainda estivesse lá, sei perfeitamente que lá continuaria.
Já não comia um pastel de nata há mais de 6 meses... e fui descobri-lo no mesmo lugar aonde me redescobri.
Eu sou Português!
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1 comment:
Se fosses português pedias um licor beirão e um pratinho de tremoços, ou uma amendoa amarga, ou um cutysark e uma mousse pra misturar com o wiskey. =P
Agora ninguém te para até me desmotivas a mim a escrever...=)
Amo-te.
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