As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Friday 25 January 2008

Coisas em que penso quando estou na cozinha.

Há uma hora despertou-se em mim uma enorme vontade de comer. Sendo hora do pequeno-almoço e não querer ir à rua comer um pequeno-almoço a pagantes, deixei o album Atom Heart Mother a tocar e fui para a cozinhar fazer uns belos bifes com uma massa penne envolvida com um molho cor-de-rosa (de tomate cortado, natas e orégãos). Voltei, com o prato na mão, para o computador para fazer este post. (Já estou a comer e devo dizer que está daqui oh)

Quando estava a cozinhar, no meio dos três bicos acesos no fogão, duas frigideiras e uma panela, no "pôr molho aqui, pôr água ali, trocar de picos porque aquele está mais forte" ia causando um acidente. Por muito pouco não derrubei os bifes (uma vez, quando ainda estavam crus, outra acabadinhos de fritar) para o chão. Quase que ia virando a frigideira com aquele belo molho de vinagre para o chão. Como reflexo de qualquer pessoa, na altura fiz um malabarismo e salvei o meu manjar. Pergunto-me "o que teria acontecido, caso o malabarismo não tivesse resultado?". A resposta, como devem calcular é muito simples: "Ia ter que começar do início, tendo desperdiçado os bifes e o molho."

Quero agora chamar a atenção do leitor, enquanto faço aqui um parêntesis. Não vou começar a falar da pobreza que há no Mundo, na fome, nem nos mendigos. Se bem que podia! Mas hoje não quero ir por aí. Vejam então como é que eu vou dar a volta ao assunto/tema. (é nestes momentos que eu gosto de escrever! Quando escrevo o que me apetece e não o que é previsível ou melhor. Agarro nos olhinhos do caro leitor - como diria o meu compincha Almeida Garrett - e traria-lo em viagem comigo, para os sítios que eu quero ir, por onde quero ir)

Mas pensei o que teria acontecido, caso eu fosse uma criança. As crianças, por inexperiência e hiperactividade, têm tendência para causarem mais acidentes do que os adultos. Se eu fosse uma criança, o meu pai (ou a minha mãe) estaria por perto, encarregar-se-ia de me "alimentar" com duas ou três palmadas (do género: "isto é para o teu bem") que até podiam ser de chinelo [já que cinto foi só uma vez. Estou a lembrar-me agora da vez em que a minha avó veio atrás de mim com uma vassoura; já tinha 15 anos, agarrei na vassoura e partia-a ao meio na perna... (risos)]. Ficaria com medo, não do fogão (ou talvez sim, quem sabem?), mas de certeza da ameaça de mais "toma que isto é para o teu bem, um dia vais-me agradecer" ou castigos que vieram em anexo à mensagem de paz anteriormente dada pelo mesmo (pai, mãe ou ambos). Voltei a lembrar-me da palestra de um senhor em que dizia que as crianças são castradas de criatividade no seu processo de crescimento e aprendizagem pelos professores e pais. Que nós (sociedade) provemos o erro, dizendo "isto está mal", em vez das correcções do género "isto está bom, mas consegues fazer melhor se alterares isto". E é verdade!

Uma criança hiperactiva, um dia na aula ficou calma e atenta, já que estavam a fazer um desenho livre. A professora estranhou e perguntou à menina o que é que ela está a fazer (claramente com intenções de querer saber o que é que ela estava a planear - "Quando a esmola é demais, o pobre desconfia." - o que mostra desde já uma atitude de desaprovo) ao que a menina respondeu: "Estou a desenhar Deus.". A Professora incrédula disse: "Mas como?! Ninguém sabe como ele é!" a menina olha para cima e diz: "Mas vão saber agora." e continuou a desenhar.

Pergunto-me todos os dias se metade das palmadas que levei me viriam a fazer tanta falta. Porque, afinal de contas, eu continuo a fazer desastres. Hoje não! Mas quantas vezes já meti sal a mais, entornei ou queimei algo que depois tive de acabar por comer? Quanto mais uma criança que nada sabe da vida! Isto podia ter sido tudo evitado, porque afinal de contas eu não virei os bifes para o chão, mas gosto de desafios e fazer e reflectir sobre os diferentes rumos que a vida podia ter levado caso tivesse acontecido isto ou aquilo.

Eu não sei, mas quando o meu irmão não queria comer ou fazia birra, foi às galhetas que entrou na linha. A bela da galheta. Um nome bem português e uma coisa típica que mais assusta, pela forma subtil como são dadas, do que propriamente pela dor que causam.

3 comments:

Anonymous said...

Olá, grande escritor! Posso sugerir que, da próxima vez, se dêem nomes aos bois, para não parecer que foi uma quando foi outra a avó, como no caso da vassoura aos 15 anos?
Parabéns pelo texto.
Pedro Rian, Joinville

Balbino said...

Com certeza! É uma coisa que prometo ter em atenção. Mas, neste caso, não consigo encontrar obstáculo na leitura do texto. Ou é por eu ser o autor, ou então não sei...

Pedro Rian, Joinville é muito longe daqui... Conheço um magistrado e sua dama que moram por aí. =) Volte sempre.

Anonymous said...

podes crer que se eu estivesse ai e tivesses tombado os bifes e o molho levavas umas galhetas bem mandadas!