Contorcia-se na cama... gemia baixinho para não acordar os pássaros... as pobres criaturas que cantam o dia todo para dar alegria ao Mundo... a mulher abafava o choro na sua caminha de palhas... na sua cabana pequenina de palha... deitava lágrimas que já caiam secas ao tocar nas bochechas do rosto. A sua solidão, aparentemente inexplicável, era uma coisa que lhe abraçava todas as noites sem ninguém saber. O que poderia uma mulher pobre querer? Um filho... era tudo o que ela queria...
Nas correntes de vento veio uma lenda. A lenda assobiava que a Lua de Prata poderia concretizar os desejos das mulheres de bom coração, de intensões puras. A mulher levantou-se a correr em direcção ao monte mais alto. E ali estava ela, descalça, pobre, com um vestido usado e rasgado de tecido branco, num monte que a aproximava do Céu a afastava da Terra. Virando os olhos e a alma à nobre Lua de Prata deixou-se ali ficar, no vento da noite. A Lua de Prata desceu de entre as nuvens e abraçou a pobre mulher pobre e só. Abraçou-a. O abraço que não tem medida, nem razão; o abraço que todo ele é paz e amor. Assim, a mulher ficou grávida. Ele percebeu que estava grávida. A Lua de Prata olhou para ela e sorriu, afastando-se, deixando a mulher acompanhada com o pequeno bebé.
Passaram-se os nove meses. A criança nasceu naquela cabana de palha... o vento envolvia e protegia aquele lar de qualquer invasor. Protegida pela Mãe Natureza e vigiada pela Lua de Prata, a criança nasceu. A mãe alegre e exausta, abraçou a criança que tinha no peito. Tinha agora o que sempre ansiara. Já não havia motivo para infelicidade, já não estava só.
A criança não chorou, não gemeu, não se mexeu. E a mãe também não.
1 comment:
uma alegoria linda.
=)Um beijo enorme
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