A minha criatividade é burrice! É um penso para tapar a ferida da minha ignorância. Tal como aqueles que riem quando estão nervosos. Gosto de aprender, de abrir horizontes. Gosto de ficar a pensar naquilo que aprendi e perceber as portas que aquilo que me abriu, a maneira diferente de ver o Mundo. Não há nada como descobrir algo novo de maravilhoso, que me muda. No entanto, sou como os outros, sou como o resto do rebanho: eu sou um ignorante. E o que me dói é saber que a minha ignorância não advém de uma pequenez mental, das minhas capacidades de raciocínio, mas sim de uma enorme preguiça.
A preguiça que me destrói, porque evita que eu me vá construindo mais um pouco.
Não é preguiça de estar lá e aprender. É a preguiça de ir até lá. E às vezes chega a ser a preguiça de repetir para fazer bem. Eu sou daqueles que “sabe como se faz”, mas não “sabe fazer”. Cuidei que isto era um tipo de arte. Esta coisa de ficar o dia sem fazer nada, a pensar, a reflectir sobre o Mundo, as pessoas, a dar juízos a coisas que nunca serão eternas.
Pensei que era arte. Mas eu sou artista por outro motivo.
Eu sou artista precisamente por não fazer nada! Por pensar, vadiar mental e filosoficamente, tirar prazer das minhas músicas sempre repetidas, dos mesmos acordes que vou tocando na guitarra. Esse tempo de, aparentemente, não fazer nada deu-me para me conhecer melhor. Acho que faz parte da vida de uma pessoa ela ter de parar para pensar o que é e o que vem isto tudo a ser. Já tive conversas com as “engrenagens” da sociedade, com a morte, e agora estou a ter conversas com as drogas. No entanto, já me sinto perdido, completamente desfeito mentalmente. Sabem o que é ser derrotado aos 19 anos? Olhar para dentro de nós e ver resposta a todas as perguntas, mas não ver acções?
Eu sou muito criativo, e isso faz-me artista. Sou um artista que se senta, ou deita enquanto faz arte. Faço a arte para mim. De vez em quando partilho com os meus próximos, mas não vai mais além do que isso. E sabem porquê? Por causa da minha preguiça.
A minha criatividade… será que é burrice? Será que posso aproveitar melhor o tempo? Sem dúvida que sim. Mas, de momento, estou de férias… E se algum dia voltar de férias… antes de eu morrer fisicamente… talvez te surpreendas com o que vires, tal como eu me surpreendo todos os dias… porque me conheço muito bem. Não é charme, por favor, não me interpretes mal. Isto é um bocado de texto, daquele que pode fazer muito mais, mas escolhe por não fazer… por ser feliz assim.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
As paredes vão te apertar e depois nem para decorar texto podes ter perguiça. Encenador?? Cheira-me que são precisos actores como tu. Vá não te rias!!!
Bem podes crer.
Post a Comment