Hoje vi O Escolhido a picar bilhetes e a vendê-los a quem ainda não os tinha comprado. Era uma pessoa simpática, sorridente e bem-disposta. Interrompia a conversa com os viajantes para abrir as portas do comboio nas paragens que ia fazendo pelo caminho. Depois voltava ao tema em que estava, rodeando-se de desconhecidos, e, transformando-os magicamente em amigos efémeros. Não há nada de hipócrita em animar gente estranha e criar um laço - por mais pequeno que seja - com eles. Para quê deixar a solidão falar, quanta há tanta gente com quem comunicar?
Esta é a solidão de um Messias, nos tempos modernos, cuja Maquinaria o impede de criar raízes sólidas, encontrando a sua Terra nas paisagens que as vidraças do comboio alcançam. Vive, assim, em viagem constante, a trocar o buraco nas almas das pessoas por um furo pequenino num bocado de cartão. E tudo o que precisa é de um sorriso e um obliterador.
Não falemos dos pais do Messias que sempre o verão como o filho rebelde mal-sucedido. Falemos antes nas duzentas pessoas que estão neste comboio - que pode descarrilar a qualquer momento -, agora também preparadas espiritualmente para o Escuro e Desconhecido. E tudo por causa de uma pessoa que faz laços pequenos. Pequenos, mas bem feitos!
3 comments:
esse era um dos muitos...e não duvides que os da linha de sintra tocam na alma dos pretos que é uma maravilha =P vá falando a sério, não menosprezando de maneira alguma, este foi simples e de uma sensiblidade balbinesca...
Já agora...
Amo-te?
E se Jesus fosse uma mulher?
Gostei deste :)
Foste buscar a simplicidade de um revisor simpático e fizeste com que se torna-se num acto de humanidade extrema...
Bonito.
Beijinhos
Post a Comment