As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Saturday, 16 February 2008

Que lavo primeiro?

Que lavo primeiro; o corpo ou o cabelo?

Elogios feitos de ar e de linhas.
De que me vale os exemplos do Mundo, de que me vale o Mundo, de que me vale a vida, a força, o amor, a esperança, os objectivos, se eu não estou feliz?
De que valem as palmadas nas costas, se eu as vejo mas não as sinto?

Nos duches longos e quentes, posso observar as gotas de água no meu ombro. O vapor domina a casa-de-banho e assim fico entregue à minha intimidade, ao meu mundo.
E é nestas alturas em que se faz uma das perguntas mais difíceis: Que lavo primeiro; o corpo ou o cabelo? Hoje, mais uma vez, decidi lavar primeiro o cabelo - já que assim dá tempo para actuar, enquanto lavo o corpo calmamente.

Lavo bem o meu pénis mais que sujo de solidão, a minha barriga cada vez mais peluda. Os meus ombros com gotas únicas que têm uma missão apenas na sua vida: pousarem uma vez no meu ombro. Olho para os meus ombros, e peito da perspectiva dos meus olhos... Vejo as gotas. E sinto o calor, sensações... Quente... conforto... e uma certa paz. Uma paz que me pode trazer de volta em pé. Sei que essa paz é única. Olho para a casa-de-banho que não é minha e vejo que sou fraco e pequeno, que há pessoas em melhores situações que a minha. Mas quando olho para as gotas, penso naqueles que nem isto têm... Que são muito mais do que aqueles que têm tanto ou mais do que eu. Mas tantos... um número que nunca mais acaba e que jamais parece estabilizar ou diminuir. Tanta pobresa no Mundo! Tanta, tanta! Tantas caras tristes, tantas crianças que jamais chegarão a adultos, tantos bebés que jamais chegarão a crianças... e eu ali, a desperdiçar água, gotas e mais gotas que podiam ser o ombro dessa gente.

E a pergunta, neste momento, complica-se:
Que lavo primeiro: o corpo, o cabelo ou as lágrimas?

E como sou impotente e sinto-me fraco, mergulho a cara apontada para o céu, de baixo do chuveiro, lavando tudo ao mesmo tempo. Tudo e ao mesmo tempo nada.

6 comments:

Teresa Raquel said...

Se é verdade é certo. Se é verdadeiro é bonito. Se é a verdade dessa solidão emocionas-me como nunca.

Que coragem, aquela que desejo tanto conhecer.

a cada dia que passa te amo mais.

Teresa Raquel said...

Amo-te?

Balbino said...

Amas!

Amas com o limite da tua alma. E se algum dia, parares de me amar, é por já teres esgotado tudo. E nunca ninguém mais terá o que eu tive. Nem o que tu tiveste. E seremos pessoas amargas e infelizes. Passarei a vida por baixo do chuveiro!

Anonymous said...

Shampo ou sabonete? Talvez a maior duvida do ser humano...

alfabeta said...

Bebe bastante água quando chorares, para não desidratares :)


Brincadeira, eu gosto de levar tudo a brincar, mas agora falando a sério, arrebita rapaz, a vida é boa demais, tudo tem solução, menos a morte, lembra-te sempre que há pessoas que davam tudo para estar no teu lugar.

Passas fome?
Dormes numa barraca sem higiene nenhuma?
Tens alguma doença incurável?

Então arrebita, imagina-te nas condições em que muitas pessoas vivem e pensa se não és uma pessoa com muita sorte!?

Anonymous said...

parabéns pelo blog!