As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Saturday, 16 February 2008

Tempos de chuva

Há alturas em que o corpo está demasiado cansado para continuar. Fartos de nos deitarmos na cama, que descansar é um penar que nunca mais acaba. Ficamos, assim, entregues à nossa doença de sentir num mundo sem sensações.

Cada vez que tossimos perdemos mais um pouco de energia que ainda tínhamos guardado. A pele que recebe agora sinais de tempo frio vai ficando cada vez mais clarinha até à cor em que as nossas mães e avós chamariam de "pálida". O friozinho dos dedos dos pés vai acabando por dominando os pés no seu todo. O corpo passa a ser mais um peso, a armadura passa a ser mais um peso, o elmo passa a ser mais um peso, assim como todas as armas e tudo o mais que trouxémos para conquistar. É nestas alturas que o corpo fica mais pesado e tudo o que temos vira-se contra nós, afogando-nos no amor-próprio de uma juventude quase vencida... quase...

Deixamos cair as armas no chão, despimos a armadura e tudo mais no meio do campo de batalha. Caimos de joelhos e mãos no chão, enquanto respiramos para recuperar. Queremos recuperar, mas demoramos o tempo que for necessário, enquanto no céu acima de nós flutuam lanças e espadas em todas as direcções. Tentamos recuperar. Mas será que é isso que queremos, recuperar? Já nem isso sabemos... Sabia tão bem podermos descansar, podermos descansar finalmente. Entregamos o nosso corpo à mala outrora suja e agora tão macia e relaxante.

Depois de algum tempo, levantamo-nos e seguimos em frente sem armas, em paz, à procura de sermos encontrados. Seguimos em frente desarmado na batalha. E se nos cairem lágrimas no nosso caminho, haverá sempre alguém mais forte a dizer que as lágrimas não são razão nem solução. Queremos abraçar todas as cores do Mundo, mas o Mundo é incolor. O único povo que tem cores somos nós, nós é que podemos mudar o Mundo. Mas este povo está tão cansado, tão velho. Jamais vencido, mas muito fraco.

E a maior solidão do Mundo é não ter ninguém e só encontrar a Paz e o conforto num texto escrito na primeira pessoa do plural. São coisas que fazemos para nos sentirmos menos sozinhos. Cada vez menos sozinhos. Sozinhos... sós... tristes... vencidos... eu.

Amo quem quer seja que leu isto. Amo com toda a minha alma, porque pode ser que tenha sentido a solidão que me assombra e que... e que... não consigo... desculpem-me... estou demasiado... PURO........................ amo-vos! Entrego-vos o meu coração... é tudo o que me resta.

1 comment:

M. said...

i can relate to that. vejo-me aqui, e é assustador.
disseste-me que não conseguias sentir o que eu escrevia, que era demasiado pessoal, quando no fundo, a solidão e uma queda de joelhos é esse peso de estarmos sozinhos e desarmados num campo de batalha que não parece ter fim.

repito: consigo sentir.