Na cama aonde podemos ser gordos e feios. Na cama confessamos. Na cama descansamos depois de nos termos cansado. Na cama aonde nascem os velhos e aonde morrem os bebés. Numa cama de casal, de solteiro, de hospital, de madeira, de verga entre duas árvores pendurada. Na cama aonde vivemos o sonho da vida com os olhos abertos antes de os voltarmos a fechar.
"Voltar"? Ninguém tem a certeza se é regressar ou outra coisa qualquer.
Na cama branca de porcelana aonde a água nos sobe até ao pescoço e nos baptizamos em banho de imersão. Na cama de grades para os pequenos não cairem. Na cama enorme, quentinha e protegida dos pesadelos, entre o pai e a mãe. Na cama ainda mais quente da avó. Na cama onde lemos os livros que nos massajam a cabeça até finalmente adormecermos. Na cama que nos seduz para ficar mais um bocadinho, que não vale a pena pousar o pé no quarto frio nem no Mundo lá fora. Tão distante da cama.
Voltamos sempre à cama, mais tarde ou mais cedo, no cheiro e na suavidade que a caracteriza tão diferente do resto. Voltamos à cama, porque é de lá que vimos e a mais nenhum lado temos de ir.
Por estas razões e mais outras é que sei que as pessoas só se conhecem quando são abertos os seus corpos, os seus horizontes, comunhando os seus corpos religiosos na horizontal.
A evolução enganou-se, o Homem e a Mulher não foram feitos para andar em pé. Quero ser um lagarto.
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1 comment:
Por estas razões e mais outras é que sei que as pessoas só se conhecem quando são abertos os seus corpos, os seus horizontes, comunhando os seus corpos religiosos na horizontal.
bonito pá. gostei deste ensaio do leito.
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