As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Friday 2 January 2009

O baile

Coisas ganham vida à luz do Sol. Brilham e começam a mexer-se devagarinho. Com movimentos cuidadosos vão-se libertando da quietude da noite, iniciando uma descoberta daqueles corpos estranhos (seus e dos outros). Em pouco tempo, já mais à vontade, os seres começam a dançar uns com os outros, como se a vida fosse um baile, dando música ao dia e ritmo ao Mundo que lentamente gira, rodopia e enrola.

Vemos a Verdade envergonhadamente pedir a próxima dança ao Medo. Atrás deles, já em passos confiantes, se mistura a Felicidade com a Paz criando um bichinho na barriga dos outros. O Chocolate dança calmamente abraçado à Mulher que lhe morde o pescoço e conta-lhe segredos ao ouvido. A Fé mexe-se - se é que aquilo se pode chamar "dançar" - com a Pedra, que é bruta mas protectora. As Baleias dançam com os Tubarões e os Golfinhos, todos muito pequenininhos, ainda muito bebés, num aquário com uma paisagem maravilhosa que se afoga em tanta água. O Homem dança com um Pássaro cheio de penas coloridas e com asas que, se fossem estendidas, podiam aconchegar todos naquele salão.

O Perfeccionismo não tinha par, como de costume. No entanto, do outro lado da sala, também como de costume, os outros eram observados pelos olhos da Solidão. O Perfeccionismo ganhou coragem para pedir esta dança à Solidão e, esta, ganhou coragem para aceitar. Todos dançaram e todos dançam. O chão ficou colorido, como se todos se estivessem a derreter de suor naquela dança que parece não ter fim. Os músicos sujaram os seus pés com tanta cor surpresos, enquanto tocavam em direcção ao chão que parecia querer inundar o baile. Quando levantaram os olhos, viram os seus convidados completamente mudados: era como se aquila música estivesse a levar toda a gente a um ponto de confissão, de libertação, aonde todos mostravam a sua verdadeira cor. Estranhamente todos agora estavam da mesma cor. Ouviu-se uma voz que perguntava que cor era aquela. Do outro lado ouviu-se: "Esta é a cor do Amor".

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