As cócegas podem fazer rir, mas também podem irritar muita gente.

"Seja bem-vindo quem vier por bem!" e "se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

Recomendação Sonora

Wednesday, 17 December 2008

Natal em Dedben - Parte Três



Morrisons, um supermercado do tamanho do Jumbo de Cascais com os preços do LIDL da Torre.

Entro, vou logo à secção de CDs abandonados pelas promoções três por cinco libras. Encontro um CD de blues e digo para mim "sim, senhor!" e atiro-me à procura de mais um que aparece como vozes do soul, o que é interessante, porque não sei o que é soul e estou mesmo numa de comprar coisas novas que me cativem. Nisto, ando louco à procura de um terceiro CD para que a promoção faça efeito. É nestas alturas que aparece o lixo todo: exitos de bandas sonoras de filmes (na contracapa Eminem, 8 mile era a primeira da lista), guitarristas velhos e escanzelados na capa a promover uma carreira que só existiu na cabeça deles. Finalmente encontro um CD do Elvis ao vivo. Bacano! Também nunca ouvi bem o Elvis e pelo preço não há desculpas. Acabamos sempre for ver a contracapa e procurar o nome das músicas, porque já que ele é famoso, haverá de certeza uma ou outro que já tenhamos ouvido falar (ou mesmo ouvido) - Hound Dog, é só uma música mas serve perfeitamente - afinal de contas foi assim que comecei a ouvir The Doors: num CD que comprei no supermercado, porque já tinha ouvido uma canção qualquer do género Riders On The Storm (quando cheguei ao carro, pus o CD a tocar e fiquei apaixonado; amor ao primeiro som). Já com os três CDs na mão começo a pensar que é a melhor altura para ir embora, mas depois há sempre aquele remorso de vasculhar a pilha de CDs até ao fim para confirmar que não ficou nada de lendário para trás. E ia ficando: um CD duplo de músicas de Ennio Morricone pelo mesmo preço, ainda dentro da promoção de três por cinco libras. Como devem calcular as vozes do soul ficaram a cantar para o Eminem no cesto dos esquecidos.
Fica aqui um cheirinho do Ennio.



Vou buscar um carrinho e fico à procura da carteira com a moeda na mão. Acontece-me sempre, eu já nem sei se isto é normal ou se é... de súbito passa uma mulher que deslumbra. O mais deslumbrante dela é o peluche que leva no carrinho, o que me leva a pensar que é mãe. Mas que mãe tão elegante. Fico logo nervoso nestas situações, mas consigo esconder. Não consigo é ficar indiferente. Quando dei por mim, estava na secção dos vegetais (eu a comprar fruta e ervas, está bem!) a empurrar o meu carrinho na direcção dela. Por ela passa um velho que olha-a de esguelha. Quando ele vira o olhar, encontra os meus olhos que viram ele a cometer pecado com os olhos. Ele olha-me ameaçador e segue o seu caminho. No silêncio das trocas de olhares surgem-me na cabeça os mais loucos diálogos. Mas tento voltar às minhas compras, tentando-me abstrair do resto, e de certeza que não é na secção dos verdes, porque as únicas frutas que eu consumo estão algures nas minhas bebidas, ainda que seja em corantes, e a erva... é a mesma que a maior parte dos estudantes universitários, principalmente nos Conservatórios de Teatro por esse Mundo fora.

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