Fui comprar bebidas. Por causa das promoções nos produtos de casa-de-banho acabei por comprar géis de banho para seis meses. É incrível como na minha lenta escolha de produtos passa tanta gente por mim, incluindo a mulher do peluche e pessoas que começo a ver mais do que uma vez. Vejo um trabalhador cuja cara não me é estranha e fico a olhar para ele. Ele retribui o olhar, mas como não lhe falo, ele segue o seu caminho. Não, não o conhecia. Só vim ao Morrisons umas duas vezes, mas podia ser que o conhecesse de outro lado qualquer, enfim. Cá estou eu nos gelados, mas sei que não posso pôr nada no carrinho, senão derrete. No entanto, dá para ir escolhendo. Faço a escolha dos gelados que vou levar antes de ir para a caixa e sigo para as carnes. Preciso de carnes, como é que vou fazer bolonhesa sem carnes? As carnes estão caras, mas têm de ser... E ponho-as no carrinho.
Continuo a andar e vejo uma menina que está às escondidas da mãe, surpreendendo-a atrás do final dos corredores com um "psssssssssssss" de quem está a matar uma infestação de insectos. A mãe não está nada contente e repreende-a... em português! São brasileiros. Que giro. Olho a mãe nos olhos e ela pode ter pensado que eu a entendia ou que a filha estava mesmo a chamar atenção e sentir que eu estava a repreendê-la pelo comportamento da menor. Isto tudo são sempre pensamentos rápidos e curtos que, por tanta informação visual, nunca chegamos a exprimir sons, apenas contacto visual. É a vida silenciosa no barulho do supermercado.
Ao virar do corredor quase que vou de encontro com um homem forte, olhos claros, cabelo curto claro, bem constituído com aquelas feições na cara que só as mães de Leste conseguem. Dirigiu-se para a cerveja - era polaco. Riu-me para mim mesmo, acabei de fazer um juízo sobre a nacionalidade de alguém pelo que veio comprar ao supermercado e pela constituição física. Apesar de ser contra esses juízos, este bateu certo, este como tantos outros. A seguir vejo outra mulher, que pela fisicalidade, também era de Leste, mas não ia às cervejas, esta mulher ia aos frigoríficos comprar daquelas comidas congeladas - eu sei o quanto esse povo trabalha e o quão mais fácil é comer essas comidas pré-feitas. Se ela tivesse a comprar comidas estranhas, podia dizer que gosta da sua comida tradicional e caseira. Se comprasse o mesmo que eu, diria que era uma glutona e que ia acabar a rebolar pelo supermercado fora. Apercebo-me que, independentemente do que ela comprasse, ia vou ter sempre alguma coisa a dizer. Estou a começar a sentir-me ser consumido pelas ideias partidárias da sociedade. Agora vejo duas negras obesas, balançado os seus corpos, neste mercado que é tão diferente em preço e produtos relacionadamente com os mercados ao ar livre do povo de Angola. Elas falam criolo. Mas quem sou eu para julgar estas pessoas, se eu próprio também estou a ser julgado, quer por ser estrangeiro, quer por ter um piercing, quer por ter uma pronúncia, quer mesmo por ser estudante, como no outro dia vi o aviso na entrada de uma loja "Não mais que dois estudantes de cada vez".
Sei que vou ter de mandar vir um Taxi, porque os sacos vão estar pesados, por isso vou já preparando o taxi na lista do telemóvel. Esqueci-me completamente! Com isto tudo, não vou conseguir cozinhar hoje, por isso tenho de comprar algo rápido: pizza ou lasagna - pizza! E mais mozzarella.
Vou para a caixa pago as cinquenta uma libras sem soltar um pio, e percebo que as compras não cabem no carrinho, agora que estão dentro de sacos. Faço uma pilha e levo cuidadosamente lá para fora. O taxi aparece e ensino o paquistanês condutor a dizer "obrigado", enquanto que ele me corrigiu no pouco que sei de urdu. Naturalmente agora já se esqueceu do "obrigado", mas pelo menos ficou mais elucidado em relação à duvida que me expos: "é possível eu comprar um passaporte português... sabes... à candonga". Eu não o desencoragei, porque a lei desses idiotas é tão fraca como eles e é possível, é, até em termos legais - já que os ingleses fazem-se de difíceis.
Digam lá agora que não é um docinho?
Continuo a andar e vejo uma menina que está às escondidas da mãe, surpreendendo-a atrás do final dos corredores com um "psssssssssssss" de quem está a matar uma infestação de insectos. A mãe não está nada contente e repreende-a... em português! São brasileiros. Que giro. Olho a mãe nos olhos e ela pode ter pensado que eu a entendia ou que a filha estava mesmo a chamar atenção e sentir que eu estava a repreendê-la pelo comportamento da menor. Isto tudo são sempre pensamentos rápidos e curtos que, por tanta informação visual, nunca chegamos a exprimir sons, apenas contacto visual. É a vida silenciosa no barulho do supermercado.
Ao virar do corredor quase que vou de encontro com um homem forte, olhos claros, cabelo curto claro, bem constituído com aquelas feições na cara que só as mães de Leste conseguem. Dirigiu-se para a cerveja - era polaco. Riu-me para mim mesmo, acabei de fazer um juízo sobre a nacionalidade de alguém pelo que veio comprar ao supermercado e pela constituição física. Apesar de ser contra esses juízos, este bateu certo, este como tantos outros. A seguir vejo outra mulher, que pela fisicalidade, também era de Leste, mas não ia às cervejas, esta mulher ia aos frigoríficos comprar daquelas comidas congeladas - eu sei o quanto esse povo trabalha e o quão mais fácil é comer essas comidas pré-feitas. Se ela tivesse a comprar comidas estranhas, podia dizer que gosta da sua comida tradicional e caseira. Se comprasse o mesmo que eu, diria que era uma glutona e que ia acabar a rebolar pelo supermercado fora. Apercebo-me que, independentemente do que ela comprasse, ia vou ter sempre alguma coisa a dizer. Estou a começar a sentir-me ser consumido pelas ideias partidárias da sociedade. Agora vejo duas negras obesas, balançado os seus corpos, neste mercado que é tão diferente em preço e produtos relacionadamente com os mercados ao ar livre do povo de Angola. Elas falam criolo. Mas quem sou eu para julgar estas pessoas, se eu próprio também estou a ser julgado, quer por ser estrangeiro, quer por ter um piercing, quer por ter uma pronúncia, quer mesmo por ser estudante, como no outro dia vi o aviso na entrada de uma loja "Não mais que dois estudantes de cada vez".
Sei que vou ter de mandar vir um Taxi, porque os sacos vão estar pesados, por isso vou já preparando o taxi na lista do telemóvel. Esqueci-me completamente! Com isto tudo, não vou conseguir cozinhar hoje, por isso tenho de comprar algo rápido: pizza ou lasagna - pizza! E mais mozzarella.
Vou para a caixa pago as cinquenta uma libras sem soltar um pio, e percebo que as compras não cabem no carrinho, agora que estão dentro de sacos. Faço uma pilha e levo cuidadosamente lá para fora. O taxi aparece e ensino o paquistanês condutor a dizer "obrigado", enquanto que ele me corrigiu no pouco que sei de urdu. Naturalmente agora já se esqueceu do "obrigado", mas pelo menos ficou mais elucidado em relação à duvida que me expos: "é possível eu comprar um passaporte português... sabes... à candonga". Eu não o desencoragei, porque a lei desses idiotas é tão fraca como eles e é possível, é, até em termos legais - já que os ingleses fazem-se de difíceis.
Digam lá agora que não é um docinho?
3 comments:
Desperdiças dinheiro que é uma coisinha parva... Não é defeito, é feitio... Serás sempre um vagabundo! =P =P
heh ri-me com isto.
da descrição do supermercado, à pizza e ao vibrar da escova.
Como eu adorei este post!
Acontece-me sempre fazer um filme dentro da minha cabeça quando leio histórias. E não é que até imaginei o peluche? =)
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